Amigo da cozinha,
uma de minhas mais apreciadas iguarias da cozinha brasileira é a farofa de ovo. Farofeiro de primeira linha, descobri, ainda criança, pelas bandas de Sete Lagoas, o sabor crocante de uma boa farinha do cerrado com aquele ovo caipira amarelinho e frito na cebola picadinha e dourada.
Em nossa receita de hoje – aliás, são duas –, nós privilegiamos a cidade de Bocaiuva, de onde chegam semanalmente “carregamentos” de farinha da melhor qualidade, e urucum pilado para a casa da d. Marta. O norte de Minas é referencia quando se fala em farinhas e polvilhos, assim como algumas outras regiões do Brasil como o Norte e Nordeste, e acredite, também Santa Catarina, que produz deliciosas farinhas brancas.
Mas, segundo a família Dornas, os atributos como a textura “bem fina e pura”, além da cor branca e do paladar, fazem da farinha de Bocaiuva a “melhor que existe”, como afirmam sem titubear. A Marta ainda completa: “Tem o gosto da própria mandioca”.
Não contesto, pois a amiga e vizinha, por várias vezes, durante anos, atendeu aos apelos de minha gula ao preparar generosas porções da melhor farofa do mundo – esta opinião é minha. Quando subia a serra para casa, ao fim do trabalho, a lembrança de seu paladar apertava minha fome, e eu, sem maiores cerimônias, ligava fazendo a encomenda.
Bocaiuva, terra da Marta, ainda nos proporciona nesta edição outra receita histórica da família, cujo cozinheiro mais ilustre, o chef Humberto Machado, nos brinda com o pirão de galinha, também preparado com a deliciosa iguaria da terra, da maneira que aprendeu com a avó. O jovem e inquieto chef hoje é proprietário de duas casas de grande sucesso na capital, e que deverão oferecer suas receitas do terroir nos cardápios do Butiquim da Esquina e do Celtic, em BH, nas versões com e sem pimenta.
Bom apetite!