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Arquitetas de BH mostram tendências da Euroluce, feira de Milão

Profissionais mineiras destacam inovações em LED, bem-estar e sustentabilidade apresentadas na principal feira de iluminação do mundo


postado em 23/06/2025 08:51 / atualizado em 23/06/2025 09:24

"O vidro está em tudo, com diferentes usos, formas, texturas e cores", diz a arquiteta Paola Duarte (foto: Vibia Flat/Divulgação)
Você presta atenção na sua luz? E, por luz, falamos não de algo etéreo e intocável, mas, sim, técnico e palpável. Este ano, a Euroluce, feira bienal focada no universo da iluminação, trouxe ao Salão Internacional do Móvel de Milão as singularidades desse tema. Em um pavilhão de 32.400 metros quadrados, foi possível descobrir as novidades e inovações mostradas por 306 expositores de todo o mundo. 

O LED continua mostrando seu poder, inovando a forma de iluminar ambientes. Os denominados Light-Emitting Diodes, semicondutores que transformam a energia elétrica em luz, já garantiam mais sustentabilidade ao processo e, agora, permitem também mais design. Cada vez menores, eles foram vistos não só em projetos luminotécnicos, mas também na decoração. Isso significa que a revolução chegou quando o assunto é a criatividade no desenho das luminárias, pois permitem que profissionais criem a peça perfeita. “A marca Flos, por exemplo, lançou várias luminárias decorativas com uma estética de obra de arte. Isso foi possível graças ao  LED, que apresenta alto rendimento e ocupa pouco espaço", explica a arquiteta Naty Vasconcelos. 

Essa revolução do LED faz com que não haja a separação entre projeto luminotécnico - feito por um especialista, de forma prática e técnica - e a iluminação decorativa, que costumava entrar em cena com o intuito de embelezar o ambiente. “Então, antigamente, o que a gente via era um projeto de iluminação cheio de embutidos no teto. Hoje em dia, não é mais necessário. Conseguimos otimizar o desenho usando menos luminárias, porém, mais eficientes. Temos, assim, mais formas de projetar a luz, além da downlight, que vai do teto para o piso", completa Naty. 

E, com tanta tecnologia e possibilidades de projetar e dimerizar a luz, é impossível dissociá-la de um projeto de automação. “A automação da iluminação ganha força com sistemas que se ajustam às necessidades dos usuários. Por simples toques ou diferentes comandos é possível regular cor e intensidade, criando atmosferas personalizadas e otimizando a eficiência energética", explica a arquiteta Betânia Nascimento. 

A seguir, você confere os highlights da feira pelos olhos das arquitetas Naty Vasconcelos, Betânia Nascimento, Paola Duarte, Renata Basques e Rafaela Mertens. 

Vidro e materiais naturais como protagonistas

“O vidro está em tudo, com diferentes usos, formas, texturas e cores. Marcas como Foscarini, Flos, Vibia, Ingo Maurer e até os estúdios mais artesanais usaram o vidro canelado. Destaca-se também o uso de materiais naturais como fibras, cordas náuticas, couro e pedras naturais e uma novidade europeia: a pedra vulcânica. Há um apelo muito grande pela integração da sustentabilidade. O Studio David Pompa trouxe isso muito em evidência em toda coleção, inclusive com vidros recicláveis e luminárias produzidas a partir de fósseis”.

Paola Duarte, arquiteta

Bem-estar como tendência

%u201CO grande diferencial, a meu ver, foi não haver mais essa separação entre luz técnica e decorativa, graças à evolução dos LEDs, que se tornaram menores e mais eficientes%u201D, explica a arquiteta Naty Vasconcelos. (foto: Federico Torra/Divulgação)
%u201CO grande diferencial, a meu ver, foi não haver mais essa separação entre luz técnica e decorativa, graças à evolução dos LEDs, que se tornaram menores e mais eficientes%u201D, explica a arquiteta Naty Vasconcelos. (foto: Federico Torra/Divulgação)
“O grande diferencial, a meu ver, foi não haver mais essa separação entre luz técnica e decorativa, graças à evolução dos LEDs, que se tornaram menores e mais eficientes. A luz de um abajur, por exemplo, considerada decorativa, agora faz parte do projeto luminotécnico. A Flos ilustra bem esta tendência. Ela lançou várias luminárias com uma estética de obra de arte, mas dentro dela foram colocadas peças técnicas de alto rendimento, para que o usuário possa ter, na mesma peça, no mesmo investimento, tanto o aspecto decorativo quanto técnico. 

Outra tendência diz respeito ao nosso bem-estar. Já entendemos o impacto da claridade natural e suas variações ao longo do dia no nosso ciclo circadiano. Já a artificial tem a mesma intensidade e cor sempre. Se você está no seu escritório e acende uma luminária, a luz é a mesma sempre, tanto de manhã, à tarde ou à noite, sendo que o ideal é ela seguir o fluxo mais próximo do que acontece com o ciclo natural. De manhã, mais amarelada, meio-dia, mais branca, e, no final do dia, mais amarelada novamente. A Vibia lançou uma luminária que é uma falsa janela que vai variando de cor de acordo com o horário do dia. A dimerização não vai ser só sobre intensidade, vai ser também sobre a cor da luz.”

Naty Vasconcelos, arquiteta

Obra de arte e naturalidade

%u201CAs luminárias deixaram de ser meros objetos utilitários para se tornarem protagonistas da cena arquitetônica. Com peças esculturais ou até minimalistas%u201D, observa a arquiteta Betânia Nascimento (foto: Vibia_Puck Wallart/Divulgação)
%u201CAs luminárias deixaram de ser meros objetos utilitários para se tornarem protagonistas da cena arquitetônica. Com peças esculturais ou até minimalistas%u201D, observa a arquiteta Betânia Nascimento (foto: Vibia_Puck Wallart/Divulgação)
“A luz se transforma em elemento arquitetônico dinâmico, funcional e decorativo. Essa foi a premissa percebida na Euroluce 2025. Durante minha visita, ficou evidente que as luminárias deixaram de ser meros objetos utilitários para se tornarem protagonistas da cena arquitetônica. Com peças esculturais ou até minimalistas, a luz abraça todo o ambiente, estando cada vez menos presente nos tetos e se espalhando por todo o espaço em modelos decorativos de piso, bancada, parede. Objetos de desejo e arte que também iluminam.

A interação entre a luz e a sombra foi explorada de maneira fascinante. O balé entre o que se ilumina e o que se oculta define a estética de um ambiente, acrescentando as mais diversas percepções e personalidade ao espaço. A procura por soluções fidedignas à iluminação natural continuou a ganhar força, ampliando a conexão entre o interior e o exterior que o ser humano busca com maior intensidade nos últimos anos, promovendo ambientes mais saudáveis”.

Betânia Nascimento, arquiteta

Sustentabilidade e personalização

%u201CFiquei impressionada, não só com a tecnologia, a inovação e o design, mas com a preocupação com a sustentabilidade%u201D, disse a arquiteta Renata Basques. (foto: Divulgação)
%u201CFiquei impressionada, não só com a tecnologia, a inovação e o design, mas com a preocupação com a sustentabilidade%u201D, disse a arquiteta Renata Basques. (foto: Divulgação)
“Este ano, fiquei impressionada, não só com a tecnologia, a inovação e o design, mas com a preocupação com a sustentabilidade. Um bom exemplo foi dado pela Foscarini, que utilizou a lava reciclada, material resultado de um processo inovador, patenteado pela marca. Os designers Andrea Trimarchi e Simone Farresin, da Formafantasma, também se preocupam, há algum tempo, com a sustentabilidade. Os LEDS e OLEDS estão cada vez mais tecnológicos e eles lançaram a Super Wire, pela Flos. Uma luminária linda com tecnologia de LED perfeita.

Outra percepção: a necessidade de personalizar, dar a sua cara ao produto. A Flos também lançou a MAAP com Erwan Bourollec. Você pode colocar os ímãs onde quiser e mudar a cara da luminária, sempre com LED e sempre com essa característica de personalizar. Vários lugares ao longo de Milão mostravam soluções com as quais você coloca a peça onde quiser, como as da From Lightning, que você define a altura, o local etc. Por fim, eu fiquei muito feliz com a clara preocupação com a sustentabilidade e tudo que estamos fazendo para melhorar a crise climática no nosso mundo”. 

Renata Basques, arquiteta

Menos forma, mais atmosfera

%u201CEm se tratando de tendências vistas em Milão, a delicadeza do design se mantém para que a luz seja a protagonista%u201D, explica a arquiteta Rafaela Mertens. (foto: Divulgação)
%u201CEm se tratando de tendências vistas em Milão, a delicadeza do design se mantém para que a luz seja a protagonista%u201D, explica a arquiteta Rafaela Mertens. (foto: Divulgação)
“O que mais me encantou no quesito iluminação foram os lançamentos de Davide Groppi. Sempre admirei como ele projeta luminárias tão pequenas e quase invisíveis, mas tão potentes. E, nos lançamentos deste ano, ele ainda conseguiu se superar. Em se tratando de tendências vistas em Milão, a delicadeza do design se mantém para que a luz seja a protagonista. A proposta é olhar para a luz e não saber de onde ela vem, apenas sentir seu aconchego e seu efeito.

Na luminária Vis-à-Vis, por exemplo, o metacrilato extremamente fino, translúcido e incolor esconde a tecnologia e torna a luz difusa e extremamente acolhedora. Além da delicadeza, outra forte tendência é de peças recarregáveis, com baterias com cada vez maior autonomia, permitindo, além de tudo, serem posicionadas livremente, como é o caso também da Vis-à-Vis.

%u201CEm outros modelos %u2013 como as esferas e estruturas lineares transparentes suspensas %u2013 os fios praticamente somem, e o que flutua no espaço é só a luz%u201D, diz Rafaela Mertens. (foto: Divulgação)
%u201CEm outros modelos %u2013 como as esferas e estruturas lineares transparentes suspensas %u2013 os fios praticamente somem, e o que flutua no espaço é só a luz%u201D, diz Rafaela Mertens. (foto: Divulgação)
Em outros modelos — como as esferas e estruturas lineares transparentes suspensas — os fios praticamente somem, e o que flutua no espaço é só a luz. Essa leveza extrema traduz uma tendência que me tocou muito: menos forma, mais atmosfera.”

Rafaela Mertens, Arca Arquitetos

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