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Estado de Minas

Sonhos de multidão


postado em 09/04/2012 11:44

O engenheiro André Gabriel, da LET'S: um dos pioneiros no sistema crowdfunding(foto: Euguênio Gurgel, Divulgação)
O engenheiro André Gabriel, da LET'S: um dos pioneiros no sistema crowdfunding (foto: Euguênio Gurgel, Divulgação)

Já dizia o cantor e compositor Raul Seixas: “Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade”. Esse é o conceito por trás do crowdfunding, uma forma de captação de recursos que vem dando o que falar no mundo e que dá seus primeiros passos no Brasil. Em linhas gerais, como indica o nome (crowd significa multidão), trata-se de um modelo que busca a colaboração financeira coletiva de pessoas que sequer se conhecem, mas têm em comum o objetivo de tornar realidade uma ideia.

 

Para isso, as empresas de crowdfunding usam uma plataforma tecnológica, por meio de sites que precisam, acima de tudo, ser muito seguros e confiáveis. O desenvolvedor vende sua criação à multidão e diz quanto precisa captar. Os interessados fazem doações em troca de recompensas oferecidas pelo dono da ideia – se o projeto é de um DVD, os apoiadores podem ter seus nomes nos créditos, por exemplo.

 

Em Belo Horizonte, mora um desses pioneiros no sistema. André Gabriel é engenheiro formado pela UFMG, com MBA pelo Ibmec em gestão de negócios e finanças. Trabalhou em projetos da Gerdau nos Estados Unidos, na Petrobras e no Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG). Mas sempre quis fazer alguma coisa no terceiro setor.  Foi aí que conheceu o crowdfunding e resolveu implantar a ideia. Criou a LET’S, a primeira empresa que adota o modelo no Brasil com foco nas questões sociais. “É um pouco mais difícil, já que basicamente trabalhamos com empresas, que não aderem de imediato a novidades”, diz Gabriel.

 

De qualquer modo, o site da LET’S, que faz parte da incubadora de empresas de tecnologia Fumsoft, já despertou o interesse de instituições como a Apae Brasil, o Instituto Mario Penna, o Fundo Cristão para Crianças, entre outras. Gabriel, do LET’S, lembra que isso só é possível se o site reunir duas características: confiança e transparência. “As pessoas têm de saber que vão ajudar projetos sérios”, afirma. A inspiração vem do economista Muhammad Yunus, que, graças ao seu Banco do Povo, ganhou em 2006 o Nobel da Paz com a eficiente ideia de que é possível ajudar as pessoas e lucrar com isso.

 

No mundo, o site mais conhecido de crowdfunding é o Kickstarter. No Brasil, o mais famoso é o Queremos, criado por cariocas que queriam trazer ao país alguns shows de suas bandas favoritas.

 

 

 

A gigante vem aí, mas...

 

Uma boa e uma má notícia. A boa: está finalmente confirmado que a pioneira Amazon, referência em comércio eletrônico no mundo, chega oficialmente ao Brasil em setembro. Trará empregos, divisas e, sobretudo, mais concorrência, o que é sempre bom para o consumidor. Mas a má notícia é que, pelo menos em seus passos iniciais, a Amazon venderá no país apenas objetos de pequeno porte, como CDs, DVDs e livros. Será que dá certo? CDs e DVDs até a mais lunática das pessoas já sabe que sofrem muito com a pirataria no Brasil – quem duvidar que dê uma olhada ao lado. A chance de avistar uma barraquinha vendendo as cópias é grande… Quanto aos livros, a Associação Brasileira de Direitas Reprográficos (ABDR) estima que mais de 50 mil links com livros piratas já foram tirados do ar no país desde 2009. E, claro, há pelo menos o dobro deles ainda na rede. Esperta que é, a Amazon sabe que não pode depender exclusivamente desses produtos se quiser dar certo por aqui. A salvação para ela pode estar no Kindle, seu leitor de livros digitais, que pode chegar por R$ 199. Se for isso mesmo, a Amazon vai dar trabalho para a concorrência…

 

 

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