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Estado de Minas

Biografias Mineiras


postado em 28/08/2012 11:49

A morte de Murilo Badaró privou Minas e o Brasil de uma série de biografias de mineiros notáveis, que vinha enriquecendo a bibliografia do estado, exaltando seus valores e lançando exemplos que, nos tempos em que vivemos, ganham grande dimensão. Milton Campos, José Maria Alckmin, Gustavo Capanema e Bilac Pinto foram estudados pelo saudoso intelectual – e grande homem público – que engrandeceu a Academia Mineira com sua gestão marcada pelo caráter e compromissos honrados.

 

Faltam, por exemplo, maiores estudos sobre Pedro Aleixo, jurista, político, figura humana singular que exerceu sobre sua geração uma influência positiva pela postura de homem correto, coerente e cordial, e que foi, na família e na fé, uma figura representativa do mineiro. A obra é pequena diante de sua grandeza. A vocação de famílias como Andradas, Bias Fortes, Pinheiro da Silva, que atravessam gerações, é pobre também em sua bibliografia. José Aparecido de Oliveira foi uma personalidade  multifacetada de político, intelectual e ativista cultural, e merece estudo mais completo. Nas próximas semanas, sairá um apanhado de depoimentos coordenados por Petrônio Gonçalves que vai mostrar o tamanho da personalidade do homem que incluiu Conceição do Mato Dentro no mapa mundi.

 

Parte desse débito poderia ser resgatado por um projeto do governador Antonio Anastasia, que é afeito ao estudo e valoriza a história. Bastava mandar fazer a coleção das biografias dos governadores de Minas. A lista de espera de registros em todas as áreas se faz notar. A Feira do Livro de Paraty foi dedicada a Carlos Drummond de Andrade, que merece maiores estudos. Na  engenharia, podemos citar os fundadores de empresas como Mendes Júnior, Andrade Gutierrez, Cowan, Convap e Barbosa Melo, assim como Américo Gianetti , Celso Melo Azevedo, Lucas Lopes.

 

No setor bancário, a referência mineira ainda se mantém em grandes organizações. Seus fundadores foram homens de sensibilidade, bom senso, prudência e dinamismo. Vicente Araújo, no Mercantil; Walter Moreira Sales, que herdou do pai a Casa Bancária e a transformou em um grande banco; Manoel Ferreira Guimarães no BMG – este tem um bom trabalho editado faz anos; Clemente Faria; Magalhães Pinto, que modernizou e democratizou o sistema bancário. E há outros que foram referência na inovação. João Nascimento Pires, do Mineiro do Oeste, e Theophilo de Azeredo Santos, na representação dos bancos, ao dar dimensão à Febraban, hoje tão discreta.

 

Na representação empresarial, uma injustiça não manter vivos os exemplos de patriotismo e dignidade de João Pinheiro Filho e Fábio Araújo Mora, na indústria; Nilton Veloso, no comércio; e Evaristo de Paula, Jonas Barcelos, Mário Franco e Gabriel Bernardes, na agricultura. Os mais jovens, que entram com entusiasmo e ambição justificada na vida pública, cultural ou empresarial, precisam conhecer exemplos que mostram não ser incompatível a vitória com formas éticas tanto no campo pessoal quanto no empresarial – e até no sindical.

 

A crise moral e política que o Brasil vive deve fazer de Minas, como no passado, uma referência para garantir o futuro. Assim foi em 1889, com a Inconfidência; em 1822, com a Independência; na estabilidade do segundo reinado; na República, quando Minas se fez presente com notáveis como Afonso Pena, Arthur Bernardes e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.

 

E ainda com o Estado Novo, de Francisco Campos e Negrão de Lima; a redemocratização, com o Manifesto dos Mineiros, entre outros, de Virgílio Melo Franco; o desenvolvimento de JK; a garantia da ordem e do progresso com Magalhães Pinto e Olímpio Mourão Filho; o retorno à democracia, com Tancredo Neves; a pacificação, com Itamar Franco. E, hoje, entre os que não estão identificados com os rumos dos acontecimentos, as esperanças se voltam para Aécio Neves. Aos 50 anos, já foi deputado, presidente da Câmara, governador, é senador, filho de deputado e neto, pelos dois lados, de políticos.

 

É inconcebível que não se ofereça aos mineiros – e aos brasileiros – a história dos que vêm construindo o Brasil com a visão, a postura e a retidão dos homens formados nas montanhas mineiras.

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