Em setembro de 2011, a empresária Barbara Mattos Couto Gatti, de 33 anos, viveu um momento especial: seu casamento. O cenário era deslumbrante: a cerimônia foi realizada na capela do condomínio Retiro das Pedras, no município de Brumadinho, circundada pela serra da Moeda. Para sacramentar a ocasião, a tradicional entrega das alianças foi feita em grande estilo. Ao som da canção Leãozinho, de Caetano Veloso, a pequena Nina – cão da raça schnauzer, de 8 anos – foi quem levou o símbolo da união ao altar. “Foi uma forma de eternizar a passagem dela em minha vida, já que sabemos que o tempo dos animais é bem menor do que o nosso. Jamais vou me esquecer do momento em que a vi entrando na igreja”, diz Barbara.
A presença dos animais de estimação em momentos únicos como o casamento é cada vez mais comum. Os proprietários fazem questão de compartilhar suas conquistas com aqueles que mais amam, entre eles os pets, que já são tidos como membros da família. Atentas à nova tendência, as empresárias Myriam Letícia Kalvan e Bel Ornelas, do blog Casando com Amor, orientam suas clientes: “A demanda das noivas que nos procuram sobre este tema é crescente. Por isso, tentamos sanar todas as dúvidas para que se preparem da melhor forma possível e evitem imprevistos”, diz Myriam. Mais do que a vontade dos donos, é preciso respeitar os limites dos animais, tendo a consciência de que, por mais treinados que sejam, eles podem surpreender. “Por isso, é importante conhecer bem o bicho, saber qual o seu temperamento, observar sua linha de comportamento, especialmente diante de um número maior de pessoas e fora do seu ambiente doméstico. Fora isso, não vejo motivo algum para que não participem; é um desejo natural dos que amam os animais”, diz Júlio César Cambraia Veado, professor da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
As possíveis surpresas não assustaram a veterinária Marcela Carvalho Ortiz, de 31 anos, que se casou no início deste mês. Mas nem tudo foram flores. Até conseguir autorização para que sua pequinês Paris fosse a porta-aliança na cerimônia, realizada dentro de uma igreja, Marcela percorreu um longo caminho. Durante um ano e meio, percorreu igrejas e capelas da capital. “Recebi várias respostas negativas, mas não desisti. Se Jesus nasceu em uma manjedoura, cercado de animais, qual o problema de um ser tão especial para mim participar do meu casamento?”, questiona. Sua persistência deu certo, tanto que o casamento foi celebrado na capela do Colégio Pio XII. Todos os detalhes foram pensados para que a Paris não se assustasse. “E, de qualquer forma, tivemos uma daminha de honra para acompanhá-la”, diz.
Mesmo quem não teve a mesma sorte de Marcela, de conseguir uma igreja, não desistiu – e deu aquele jeitinho para que os seus cães não faltassem à cerimônia. Foi assim com a professora universitária Renata Giacomin Menezes, de 28 anos. Após ter autorização negada para que o labrador Pretinho e o mestiço Barth entrassem na igreja, encontrou uma solução. “Decidi que seriam eles que me conduziriam até a porta da igreja. Jamais deixaria que os meus grandes companheiros ficassem fora de um momento tão importante em minha vida.”
A veterinária Andressa de Marco, 28 anos, também compartilhava o desejo de ter a buldogue Guga e a rottweiler Tayla em seu casamento, realizado em 2011. Chegou a mandar fazer roupinhas para as duas na mesma costureira que fez o seu vestido de noiva. Sem conseguir permissão da igreja que escolheu, imaginou que fossem utilizadas apenas para a sessão de fotos do seu álbum. Mas foi surpreendida: “Logo após a valsa, na festa do meu casamento, minha família entrou com as duas no salão, onde permaneceram por quase uma hora. Foi o melhor presente de casamento que eu poderia ter recebido”.
Para que um animal possa fazer parte de casamento realizadas em igrejas, o pároco responsável precisa dar autorização. Muitos não veem problemas. “Seguindo os ensinamentos de São Francisco de Assis, que chamava de irmãos a todos os elementos da natureza, em especial os animais, considero que, respeitando os limites do bom senso, a presença deles só fortalece os vínculos existentes em toda a criação divina”, afirma o padre André Luiz, responsável pela celebração do casamento de Marcela.
Juntos até o altar
Saiba o que fazer para ter o pet no seu casamento
- Defina primeiro qual papel o seu animal de estimação vai desempenhar na cerimônia. Ele pode, por exemplo, entrar sozinho levando as alianças ou ser apenas o acompanhante das damas e pajens
- A partir daí, comece a treiná-lo para que tudo corra bem. É importante ambientá-lo com o local da cerimônia e músicas que serão utilizadas na ocasião
- Leve sempre em conta o temperamento do seu animal e observe se ele se comporta bem na presença de muitas pessoas
- Jamais se esqueça de encarregar alguém para cuidar do seu bichinho durante a cerimônia e esteja sempre atento às suas necessidades básicas
- Prepare-se para possíveis imprevistos. Afinal, animais são como as crianças em cerimônias de casamento: impossíveis de serem controlados totalmente
- Caso não consiga autorização em igrejas, pense em outras possibilidades, como sítios, chácaras ou capelas
- Outras maneiras de eles participarem é na festa do casamento e fazendo parte do álbum de fotos dos noivos