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Estado de Minas EDUCAçãO | ESCOLAS

Seu filho está na escola certa?

Decidir em qual instituição matricular os filhos é sempre difícil. Para ajudar os pais, levantamos informações sobre 15 das principais escolas de BH e ouvimos especialistas


postado em 05/11/2013 14:10 / atualizado em 13/11/2013 16:04

Vitória Machado, de 12 anos, aluna da Fundação Torino:
Vitória Machado, de 12 anos, aluna da Fundação Torino: "Nós temos avaliações surpresa. Então, temos de estar sempre preparados, sempre estudando" (foto: Cláudio Cunha)

Chegou a hora de meu filho iniciar o fundamental. E agora? Qual a escola mais indicada para ele? Deixo-o onde ele fez a educação infantil ou troco de escola? Na hora de iniciar a preparação para o vestibular, no ensino médio, a mesma dúvida também aparece. A escola onde já está matriculado permitirá que ele entre para uma universidade sem maiores transtornos? Ou essa preparação não é tão importante quanto a busca por conteúdos diferentes daqueles que são cobrados pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)? Essas são apenas algumas perguntas que atormentam os pais no momento de definir em que escola seus filhos estudarão no próximo ano. As dúvidas costumam ser muitas. Mesmo porque há escolas para todos os gostos: grandes ou pequenas, religiosas ou laicas, tradicionais ou alternativas.

João Bragança, aluno do Loyola, e a mãe, Flávia Mansur, que decidiu trocar o filho de escola no ano passado:
João Bragança, aluno do Loyola, e a mãe, Flávia Mansur, que decidiu trocar o filho de escola no ano passado: "Nós achávamos que ele precisava estudar em uma escola maior, que pudesse lhe trazer mais autonomia", diz Flávia (foto: Cláudio Cunha)
 
Para o economista Claudio de Moura Castro, especialista em educação, assessor do Sistema Positivo de Ensino e articulista de Encontro, a definição da escola em que o filho vai estudar deve levar em conta se a matrícula é para o ensino médio ou fundamental. Se for para o nível médio, um critério que, segundo ele, está acima de qualquer outro é o da posição da escola no ranking do Enem, que hoje é adotado, integralmente ou em parte, como porta de entrada para todas as instituições federais de ensino.

Frei Jacir, diretor do Santo Antônio, uma das mais tradicionais instituições católicas da capital:
Frei Jacir, diretor do Santo Antônio, uma das mais tradicionais instituições católicas da capital: "Temos alunos judeus, evangélicos e, em pesquisa recente, alguns se declararam muçulmanos. Isso não é problema algum" (foto: Samuel Gê)
 
"Não vamos nos iludir. O Enem é um filtro absolutamente definitivo", diz Moura Castro. Ele explica que, se uma escola está entre as dez ou 15 primeiras no ranking do Enem, não há grandes diferenças em jogo. Porém, a partir daí, a perda de qualidade torna-se cada vez maior. "Nas escolas que são melhores, os alunos são melhores; quando os alunos são melhores, os professores também são e, além disso, os alunos também aprendem mais uns com os outros", diz. Ele aponta como outros diferenciais o modelo pedagógico e a forma como se dá o contato – mais aberto ou fechado – com os pais. 



"A escolha da escola é um trabalho ao  qual  os pais  devem dedicar algum tempo, ir a campo e observar as instituições, desde o início", diz a psicóloga e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ângela Maria Vieira. É o mesmo conselho que dá Claudio de Moura Castro. Ele sugere que os pais visitem a escola e conversem com professores e alunos. "Por exemplo, você vai à escola e pede para falar com o diretor; eles dizem que o diretor está muito ocupado. Isso mostra um pouco como a escola vai tratar depois o aluno", diz ele.

(foto: Fotos: Pedro Nicoli)
(foto: Fotos: Pedro Nicoli)

(foto: Fotos: Pedro Nicoli)
(foto: Fotos: Pedro Nicoli)
 
Linha pedagógica, infraestrutura, abertura à presença dos pais e até proximidade de casa. São muitos os fatores que podem definir se a criança se adaptará bem ao espaço escolar e se a família concordará não só com o ensino, mas com o papel da escola na construção dos valores morais do estudante. A psicopedagoga Carla Senna lembra que nem todos esses fatores aparecem de forma concomitante e satisfatória. Para ela, o mais importante é que se levem em consideração o preparo dos profissionais que vão receber a criança, a segurança do ambiente físico e os tipos de atividades de aprendizagem planejadas e desenvolvidas para cada idade.

(foto: Fotos: Thiago Mammed)
(foto: Fotos: Thiago Mammed)

(foto: Fotos: Gustavo Roscoe/Divulgação)
(foto: Fotos: Gustavo Roscoe/Divulgação)

A esses questionamentos, Marcus Vinícius Leite, diretor didático brasileiro da Fundação Torino, acrescenta a importância de os pais terem conhecimento do projeto pedagógico da escola. "Não vai existir nunca a escola perfeita, mas ela pode ser perfeita para uma criança. Há crianças que não se dão bem em determinado projeto pedagógico, mas que se adaptam a outro. É a família que deve estar atenta a isso", afirma.

(foto: Fotos: Samuel Gê)
(foto: Fotos: Samuel Gê)

(foto: Fotos: Samuel Gê)
(foto: Fotos: Samuel Gê)
 
Entre as escolas visitadas por Encontro, não há, segundo Claudio de Moura Castro, grandes diferenças em relação ao projeto pedagógico. Ele cita apenas quatro exceções: Fundação Torino, Escola Americana, Escola Técnica de Formação Gerencial do Sebrae e Colégio Logosófico, o único que, segundo ele, tem uma orientação filosófica, moral e ética mais forte. As duas primeiras – Escola Americana e Fundação Torino -caracterizam-se, de acordo com Claudio de Moura Castro, por um modelo pedagógico mais aberto, no qual o aluno tem maior autonomia. Já a escola do Sebrae, definida por ele como uma boa instituição de ensino, tem foco no empreendedorismo. As demais, de acordo com Moura Castro, seguem o modelo tradicional, que ele define como de "linha-dura".

(foto: Cláudio Cunha)
(foto: Cláudio Cunha)

(foto: Fotos: Samuel Gê)
(foto: Fotos: Samuel Gê)

Porém, mesmo não havendo grandes diferenças de uma instituição de ensino para outra, trocar de escola pode ser uma solução quando questões de natureza pessoal pesam. Foi o caso de João Mansur, hoje aluno do 4º ano do Colégio Loyola. Até 2012, ele estudava em outra escola, mas, como tinha primos e amigos que estudavam no Loyola, queria mudar para essa escola. A decisão de transferi-lo partiu também de sua mãe, a arquiteta Flávia Mansur, que via o filho muito protegido no ambiente escolar anterior. "Por ser filho único, o João já é muito protegido. Assim, a escola ainda virava uma extensão de casa. Nós achávamos que ele precisava estudar em uma escola maior, que pudesse trazer mais autonomia a ele", explica.

(foto: Fotos: Samuel Gê)
(foto: Fotos: Samuel Gê)

(foto: Fotos: Roberto Rocha)
(foto: Fotos: Roberto Rocha)

Vitória Machado, de 12 anos, é aluna da 2ª média (equivalente ao 7º ano) na Fundação Torino. Para ela, é importante que a escola tenha um sistema avaliativo que permita um aprendizado integral. "Na Fundação, temos avaliações surpresa. Então, precisamos estar sempre preparados, sempre estudando. E é muito comum haver arguição oral, que é algo importante, porque os professores nos ensinam a falar sem ter vergonha, a nos expressar bem", conta a estudante. Por isso, Vitória acredita que está na escola certa, já que tem grande interesse por línguas e outras culturas. Ela fala italiano e inglês, está aprendendo espanhol, já fez intercâmbio e pretende fazer outro no próximo ano.

(foto: Fotos: Gláucia Rodrigues)
(foto: Fotos: Gláucia Rodrigues)

(foto: Fotos: Samuel Gê)
(foto: Fotos: Samuel Gê)
 
Escolas mais tradicionais, como Bernoulli, Santo Antônio e Santo Agostinho (respectivamente primeiro, segundo e terceiro lugares no ranking do Enem de 2011, entre as escolas de Belo Horizonte), tem como uma das principais metas preparar o aluno para o vestibular. Essas instituições destacam-se pelos bons resultados nos processos seletivos para o ensino superior. Já a Fundação Torino traz um discurso pedagógico diferenciado. "Pensamos no desenvolvimento integral, na formação humana e cultural. Acreditamos que o vestibular é uma consequência, não o nosso foco", explica Marcus Vinícius, um dos diretores da Fundação Torino.

(foto: Fotos: Leo Araújo)
(foto: Fotos: Leo Araújo)

(foto: Fotos: Gláucia Rodrigues)
(foto: Fotos: Gláucia Rodrigues)
 
Quando os pais fazem questão que os filhos tenham uma formação religiosa na escola, também não faltam opções. É católico o colégio mais antigo da cidade, o Santa Maria, no Floresta, com 110 anos completados em 2013. Mesmo em outras escolas católicas, como o Santo Antônio, se o aluno tem uma opção religiosa que não o catolicismo, não há impedimento para que ele se matricule, como garante frei Jacir, diretor geral e pedagógico da instituição: "Somos um colégio católico franciscano. Temos aulas de religião, mas temos alunos judeus, evangélicos e, em pesquisa recente, alguns se declararam muçulmanos. Isso não é problema algum", diz ele.

(foto: Fotos: Geraldo Goulart)
(foto: Fotos: Geraldo Goulart)

Há quem discorde quanto a um suposto peso da religião no projeto pedagógico das principais escolas de Belo Horizonte, mesmo as pertencentes à Igreja Católica, que são em maior número, ou a outras religiões. "No Brasil, essa questão morreu", afirma Claudio de Moura Castro. Segundo ele, o ensino religioso que é dado nesses colégios pouco representa. "Quando é dado, é muito pouco convincente", diz. 
 
A presença ou não do ensino religioso na grade curricular é apenas uma das variáveis que os pais devem avaliar para definir a melhor escola para seus filhos. Para ajudar nesse momento de decisão, Encontro organizou um guia com algumas das principais escolas de Belo Horizonte. Procuramos destacar os principais atributos e características apontados pelos especialistas como norteadores da escolha. 

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