
A diferença é que, dessa vez, a ação veio como um contra-ataque do exército de Mark Zuckerberg, fundador e presidente-executivo do Facebook, àqueles que profetizavam o fim de seu império. A rede, que completou recentemente 10 anos, não tinha até então, tantos motivos para comemorar. Em janeiro, um levantamento da consultoria iStrategy revelou que o site estava perdendo espaço entre o público jovem. Segundo a pesquisa, mais de 3 milhões de adolescentes americanos haviam deixado o Facebook nos últimos 3 anos – ou seja, nos Estados Unidos, 1 milhão de jovens, em média, estão deixando a rede todos os anos.
Junto a isso, estudiosos da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, trouxeram polêmica ao cenário das mídias sociais. Utilizando-se de modelos usados para calcular o ciclo de vida de epidemias, os pesquisadores constataram que, até 2017, o Facebook perderia 80% de seus usuários. Ao comparar a rede a uma doença, o estudo afirmava que, passada a fase de "contaminação", as pessoas "infectadas" iniciariam um processo para se tornarem imunes. Loucura ou não, a projeção apocalíptica chamou a atenção da mídia e instaurou um debate sobre qual seria o futuro do site. Estaria o Facebook atravessando uma fase de saturação ou atingindo sua maturidade?


O "basta" para Bruno Rocha veio muito antes. Há dois anos, ele optou por abrir uma conta, porém permaneceu ativo por apenas 3 meses. "Entrei por pressão. Minha esposa e amigos falavam que era legal. Mas não vi utilidade", afirma o engenheiro de 29 anos. Bruno preferiu outras ferramentas, como o Twitter e o LinkedIn – rede de contatos profissionais – que, segundo ele, atendem melhor aos seus interesses.

A mestranda em antropologia Bárbara Altivo, de 23 anos, compartilha do mesmo pensamento. "É incômoda a maneira como as pessoas expõe assuntos pessoais. Há um narcisismo, um culto de si próprio nessas redes, principalmente pela juventude. Além disso, pessoas que eram minhas amigas no Facebook não me cumprimentavam quando me viam na rua. Comecei a questionar esse tipo de relação." A conta, desativada há um ano, abriu espaço para que ela descobrisse novas formas de vivenciar a internet, direcionando o uso para blogs e sites cujos conteúdos lhe parecem mais interessantes. Com o pé atrás, Bárbara vai mais além e questiona a segurança das informações que são disponibilizadas na rede. "Vivemos hoje em um mundo extremamente conectado. Em situações de crise e espionagem, o Facebook é uma fonte de informações". Em meados do ano passado, o jornal londrino The Guardian revelou que o acervo da rede teria sido usado para investigações pela Agência Nacional de Segurança (NSA) americana.

Para aqueles que estavam na torcida pelo declínio do Facebook, o pesquisador em mídias sociais e doutorando em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ruleandson do Carmo adianta que a rede está longe de ter seus dias contados. "Rede social também é uma questão de status. Quando surge uma novidade, vira modismo, e passa a ser brega manter-se na versão anterior". Algo semelhante aconteceu com o Orkut, outra rede de relacionamentos. "Criado praticamente junto ao Facebook, em janeiro de 2004, o Orkut fez sucesso primeiro no país. Chegou a ser o site mais acessado pelo brasileiro, à frente até mesmo do Google. Era um fenômeno!" Com a ascensão do Facebook, hoje praticamente caiu no esquecimento. Segundo o pesquisador, a internet é muito dinâmica, sendo difícil prever até quando um site permanecerá popular.
Embora seja possível detectar sinais de desgaste em usuários do Facebook, Ruleandson afirma que interpretá-los como o colapso da maior rede social do mundo não condiz com a realidade. "Vejo que algumas pessoas se cansaram de tanta exposição, jovens que estão incomodados com a presença da família e de adultos na rede e que optam por sair. Mas o Facebook fez algo inédito, conseguindo reunir vários serviços na mesma plataforma e, até então, não surgiu nenhum site que o tenha impactado", conclui. E, pelo visto, a equipe de Mark Zuckerberg está disposta a agir ao menor sinal de ameaça. What’s up, Zuck?
Embora seja possível detectar sinais de desgaste em usuários do Facebook, Ruleandson afirma que interpretá-los como o colapso da maior rede social do mundo não condiz com a realidade. "Vejo que algumas pessoas se cansaram de tanta exposição, jovens que estão incomodados com a presença da família e de adultos na rede e que optam por sair. Mas o Facebook fez algo inédito, conseguindo reunir vários serviços na mesma plataforma e, até então, não surgiu nenhum site que o tenha impactado", conclui. E, pelo visto, a equipe de Mark Zuckerberg está disposta a agir ao menor sinal de ameaça. What’s up, Zuck?
