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Estado de Minas CAPA | FUTEBOL

O time que se reinventou

A saída de Ronaldinho Gaúcho gerou incertezas na equipe. Mas a chegada de Levir Culpi e a velha raça alvinegra foram decisivas para que o Galo mantivesse a trajetória vitoriosa


postado em 05/12/2014 14:55 / atualizado em 05/12/2014 16:01

Os heróis na conquista inédita da Copa do Brasil: time conseguiu virar jogos considerados impossíveis, como contra o Corinthians e o Flamengo, e bateu o arquirrival Cruzeiro na final(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Os heróis na conquista inédita da Copa do Brasil: time conseguiu virar jogos considerados impossíveis, como contra o Corinthians e o Flamengo, e bateu o arquirrival Cruzeiro na final (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Em 28 de julho, quando o Atlético anunciou a rescisão do contrato de Ronaldinho Gaúcho, a pergunta do torcedor alvinegro era se haveria vida após a saída do ídolo, responsável por conduzir o clube a duas taças continentais inéditas: a Copa Libertadores em 2013 e a Recopa Sul-Americana neste ano, ambas vencidas com aquela dose de sofrimento que o atleticano conhece bem. Agora, a pergunta está respondida. Não só houve vida, como a rotina de vitórias foi mantida – e ampliada – no fim do mês passado com o título inédito da Copa do Brasil, conquistado sobre o arquirrival Cruzeiro, na primeira vez em que o clássico mineiro decidiu um campeonato nacional.

Se 2013 foi o ano da libertação do Galo, a temporada 2014 foi da ratificação das glórias, provando que o Atlético se firmou de volta no patamar de cima do futebol brasileiro.

Mais do que sobreviver sem Ronaldinho Gaúcho, o Atlético conseguiu um feito que parecia impossível, quando Paulo Autuori foi demitido em abril, após eliminação nas quartas de final da Copa Libertadores: reinventar-se ao longo da temporada. Nos 23 primeiros jogos do ano com Autuori, o Galo venceu 11, empatou nove, perdeu três e deixou escapar o título estadual para o Cruzeiro, em dois empates sem gols. Além disso, os jogadores pareciam se arrastar em campo e Ronaldinho já não apresentava nem lampejos de genialidade.

Diego Tardelli, destaque do elenco atleticano: movimentação constante, decisivo em todos os jogos e gol na última(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Diego Tardelli, destaque do elenco atleticano: movimentação constante, decisivo em todos os jogos e gol na última (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
A chegada de Levir Culpi, de volta ao país após sete anos no Japão, recolocou a equipe nos trilhos. Com respaldo da diretoria, o paranaense de 61 anos não teve medo de bater de frente com medalhões do grupo – como o próprio Gaúcho, Diego Tardelli e Jô –, além de abrir espaço para jovens como Jemerson e Carlos, titulares na decisão da Copa do Brasil. De quebra, ainda revelou o talento de Dodô. Aos poucos, o Galo driblou adversidades, como lesões do capitão Réver e afastamento de Jô, Emerson Conceição e André por indisciplina, e recuperou o brio.

"O título da Copa do Brasil foi resultado do espírito de superação e amadurecimento profissional", explica o goleiro Victor, um dos líderes do grupo. "O Cruzeiro pode ter elenco qualificado, mas mais coração que o Atlético não tem", disse o ídolo ainda no gramado do Mineirão, com a taça prateada em mãos.

Para o torcedor que achava que a conta com o cardiologista já estava paga após campanha da Libertadores, o Atlético voltou a abusar da dramaticidade para chegar ao título da Copa do Brasil. Depois de passar pelo Palmeiras, com dois triunfos, o Atlético fez o raio cair no mesmo lugar duas vezes, diante do Corinthians e do Flamengo. Nas duas ocasiões, o Galo perdeu por 2 a 0 fora de casa e precisou tirar a diferença no Mineirão. Em ambas, sofreu gol primeiro no Mineirão – mas conseguiu fazer 4 a 1 com gols depois dos 40 minutos do segundo tempo. Edcarlos, de cabeça, eliminou o Corinthians. Luan, que fez gols em todas as fases decisivas do torneio, empurrou para as redes do rubro-negro, expurgando um demônio histórico do currículo alvinegro.

Faltava a cereja do bolo. Às 23h58 de 26 de novembro de 2014, ao apito final do árbitro Luis Flávio de Oliveira, enfim, o Galo quebrava mais um tabu ao conquistar um título nacional 43 anos depois do Campeonato Brasileiro de 1971. Para chegar a seu segundo troféu, o alvinegro teve de superar equipes que, juntas, somam nada menos que 34 taças de Brasileiro e Copa do Brasil. Autor do gol do título, Diego Tardelli, que já balançou as redes do Cruzeiro nove vezes vestindo a camisa do Galo, não fez cerimônias ao eleger seu troféu preferido. "Trocaria todos os títulos por este. A sensação é melhor que na Libertadores. Ganhar do Cruzeiro é gostoso demais."


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