

Atualmente, o mercado é mais conhecido pelas gráficas, que somam 65, distribuídas em dois andares. Há também lojas de uniformes, embalagens, consertos de roupas, sebos, barbearia e lanchonetes. As bancas de hortifrúti estão no térreo. Entretanto, mais de 80 espaços estão com as portas fechadas, de acordo com Antônio Gabriel de Castro Filho, superintendente do mercado e diretor da Rege, empresa proprietária de 70% das lojas.
Em meio à ociosidade, há comerciantes que não se rendem ao clima de abandono do lugar. José Evangelista de Avila tem 69 anos, dos quais 30 dedicados à lanchonete no primeiro andar. "Criei meus quatro filhos com a ajuda desse negócio. Não saio daqui por nada", diz. Já Antônio Baião, de 67 anos, mais conhecido como Toninho Baião, aluga outra pequena loja onde comercializa vinis. Ele considera que o mercado merecia estar mais bem cuidado. "A iluminação é ruim e o visual não atrai tantas pessoas. Tem gente que entra e fica assustada. Sai correndo, achando que vai ter algum problema, mas aqui é seguro", afirma.

"É difícil abater o artista brasileiro. Levamos na raça mesmo", diz Tarcísio de Campos Ribeiro, artista plástico e diretor do Mercado das Borboletas, sobre as dificuldades de tocar o projeto. De acordo com ele, o prédio sofre por não ter sido acabado e adequado às normais de engenharia atuais. "Estamos fazendo isso agora. Já gastamos cerca de R$ 20 mil", diz.
No fim de junho, comerciantes, moradores do entorno e visitantes viram reacender nova chama da esperança de ver o lugar, enfim, transformado. Com o nome de Apropria Mercado Novo, o projeto prevê ocupar o lado direito do terceiro piso, uma área de 4 mil metros quadrados, com o conceito de economia criativa. A intenção é atrair grupos de empreendedores especialmente da área cultural. Os interessados deverão arcar apenas com os custos do projeto de arquitetura e o valor do aluguel. O superintendente Antônio Gabriel, entusiasmado com a iniciativa, espera começar as obras o quanto antes. "Vamos acabar de vez com a ideia de que aqui nada funciona", afirma. Este seria o pontapé para que todo o mercado seja revitalizado.

Para Vitor Diniz, presidente da Associação dos Moradores e Amigos da Área Central, agora, é preciso, sobretudo, encontrar a vocação do Mercado Novo. "As funções dele foram mudando ao longo dos anos. Hoje, atende empresários, por causa das gráficas e lojas de embalagens, por exemplo", afirma. As iniciativas de ocupação, para ele, são bem-vindas. "Os moradores da região e da cidade reconhecem o lugar como importante patrimônio, mas é preciso que circule por lá coisas positivas, melhorando o aspecto interno e externo. O entorno precisa disso", afirma. Fica a torcida para que o Mercado seja, de fato, novo.