
Em vez disso, a mãe decidiu buscar ajuda para o filho. O tratamento multidisciplinar, realizado com o auxílio de psicólogo, neurologista e psiquiatra, foi fundamental para dar qualidade de vida a Lorenzo e a sua família. Em pouco tempo o menino já conseguia se concentrar para fazer cruzadinhas e montar quebra-cabeças. "Hoje ele tem 18 anos e, sem dúvida, é outra pessoa." A irmã, Maria Eduarda, de 10 anos, herdou o mesmo problema. Contudo, já experiente, Renata soube exatamente como agir. "Uma das formas de controlar a ansiedade é praticando atividades físicas, por isso fazemos caminhadas regulares", diz.
Apesar de comuns, as neuroses e psicoses infantis nem sempre são de fácil identificação. Diretamente ligadas ao desenvolvimento, influenciam na capacidade de comunicação e sociabilização da criança. "Por isso, é fundamental que os pais fiquem atentos para entender o que, de fato, está ocorrendo. E já nos primeiros sinais, busquem ajuda profissional", orienta a psicóloga Saskia Andrade de Vasconcelos. Segundo a Academia Americana de Pediatria, 20% dos meninos e meninas abaixo dos 14 anos apresentam alguma dificuldade de neurodesenvolvimento. Para detectar o problema, é necessário aguardar que a habilidade seja adquirida. "Podemos observar certos padrões, como o uso de gestos por volta dos 9 meses de idade e pronúncia das primeiras palavras com 1 ano, entre outros. Quando não ocorrem naturalmente, é sinal de que algo está errado", explica a neuropediatra Cláudia Machado Siqueira, professora da UFMG.

De fato, por trás do comportamento perturbador, agitado ou inadequado em relação ao padrão, podem estar traumas e medos que precisam ser trabalhados. É o que afirma a psicanalista e professora Ana Lydia Santiago, autora do livro O que Esse Menino Tem?, que aborda o fracasso escolar e o risco da segregação. "Muitas vezes, o aluno que não se interessa pelos estudos é focado em outra atividade, como brincadeiras e jogos. É preciso interpretar os conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções imaginárias de uma criança, para saber quais motivos a levam a agir de tal maneira", diz. Segundo ela, a proposta é incluir o aluno com o que ele tem de mais singular, e não separá-lo dos demais. "O diagnóstico correto é fundamental para fugir da generalização", afirma. "Seja o problema um distúrbio, fobia, deficiência ou transtorno, é preciso descobrir qual a sua causa primária para tratá-lo e evitar traumas futuros."
