
Não se trata de algo novo. Segundo o cirurgião plástico Rodrigo Lopes, a técnica foi descrita em 1980 e é mundialmente consolidada no meio científico, apesar de não muito difundida no Brasil. "O interesse das brasileiras deu-se a partir da influência da mídia, da busca por padrões de beleza estabelecidos e pela globalização das redes sociais", afirma ele. "Muitas celebridades internacionais e nacionais optaram por sua realização para obter um contorno facial que projetasse um padrão de beleza descrito desde o Antigo Egito." De acordo com Lopes, a propagação das selfies e suas variantes está diretamente ligada ao aumento dos procedimentos estéticos faciais, sejam cirúrgicos ou não.

Estrelas como Kim Kardashian, Megan Fox, Victoria Beckham e, principalmente, Angelina Jolie teriam passado pelo procedimento e ajudaram a torná-lo mais conhecido. No Brasil, uma das referências do efeito que se busca com a bichectomia é a apresentadora do Jornal Nacional, Renata Vasconcellos. Até o cantor fluminense Claucirlei de Souza, conhecido como Buchecha, se rendeu à operação - e deve estar atrás de um novo apelido. O ex-modelo Flávio Mendonça, de 38 anos, atualmente corretor de imóveis nos Estados Unidos, também passou pelo procedimento. Incomodado com a bochecha, que frequentemente mordia enquanto estava comendo, ele descobriu na internet a possível solução para o seu problema. Quando lhe disseram que era uma intervenção pequena, ficou animado. "Achei interessante exatamente porque mudava pouco e tenho receio de cirurgias que podem modificar muito os traços", afirma. "E não tenho o preconceito de achar que essas técnicas atendem apenas as mulheres." Flávio ficou bastante satisfeito com o rosto mais fino.

Mas, em que contexto convencionou-se que bochechas menores são mais bonitas? Segundo Patrícia Leite, o padrão de beleza varia nos continentes: "Cada povo, influenciado por suas culturas, busca determinadas características faciais, mais ou menos pronunciadas". Para ela, nas latinas a busca é pelo realce de elementos estéticos que denotem força, atuação, coragem e sensualidade, o que vai ao encontro de um comportamento tipicamente masculino. A ideia é mostrar a mulher atuante e influente, que compete com o homem de igual para igual no mercado. "Essa busca da sensualidade no ‘masculino’ reflete, ainda, um comportamento mais libertino, livre e ousado", diz a médica.

Izabel Kulkamp, de 24 anos, está desfilando os resultados. "Depois da gestação, minhas bochechas não diminuíram e meu rosto estava mais arredondado", conta. Ela tinha conquistado boa forma depois do parto, mas as bochechas a incomodavam. Foi quando o cirurgião lhe apresentou o procedimento e ela topou na hora. A cirurgia foi em fevereiro deste ano e conquistou a mulher do jogador de futebol Giovanni Augusto, ex-Atlético Mineiro (atualmente no Corinthians). "Foi uma realização. Eu me sinto sexy e magra. Quem já me conhecia percebe que mudei algo, mas não identificam de imediato. É algo sutil, de resultado delicado", diz.
