
O Santa Lúcia apareceu antes que o vizinho. Seus primórdios datam de 1928, quando os primeiros loteamentos foram aprovados. Ele só começou a tomar forma, contudo, a partir de 1940. A empresa Bairro Santa Lúcia Ltda. havia comprado os terrenos para iniciar a comercialização. As vendas foram um sucesso, mas a ocupação não acompanhou. "Aqui era só terra e poucos achavam que ia dar em alguma coisa", lembra o escrivão Ramiro de Oliveira, de 72 anos, que mora há 45 na região. De acordo com ele, os primeiros lotes colocados à venda tinham o mínimo de 480 metros quadrados.

Dos dois bairros, o Santa Lúcia é o que responde pela grande maioria dos projetos imobiliários, já que lá é permitida verticalização, desde que os apartamentos tenham o mínimo de 180 metros quadrados. Além disso, o coeficiente de aproveitamento (CA) do terreno é 1. Isso significa que num terreno de mil metros quadrados é permitido construir até uma vez a sua área. Atualmente, em alguns bairros é permitido construir até 2,7 vezes a metragem do terreno. "Essa restrição é ótima, pois mantém o adensamento controlado, o que ajuda a consolidar a boa qualidade de vida na região", diz Breno Donato, vice-presidente das corretoras de imóveis da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG). De acordo com o especialista, em média, o valor do metro quadrado é de 9 mil a 10 mil reais.

A PHV Engenharia, aliás, continua de olho no bairro. Já são pelo menos 15 edificações com a marca da construtora. Atualmente, a empresa está trabalhando em vários projetos. Um deles é de um prédio que vai oferecer apartamentos de 500 metros quadrados, ainda em fase de aprovação. Este ano, será inaugurado o edifício comercial Beethoven, na rua Denver, com oito pavimentos. "Trata-se de uma região com grande potencial para escritórios e lojas", diz Mário Cunha, diretor comercial e financeiro da PHV.

No início da manhã, a bem cuidada e arborizada avenida Bento Simão, paralela à Consul Antônio Cadar, é parcialmente fechada para os adeptos da caminhada. "E as mulheres mais bonitas estão lá", afirma Rogério. Para ele, o bairro guarda traços interioranos. "Aqui, o melhor são as pessoas." Não é raro escutar moradores dizerem "passa lá em casa para um cafezinho". O comércio é completo, ou melhor, faltam bancos. No Santa Lúcia ou no São Bento não há agência bancárias. Mas os moradores não ligam muito para isso, já que o principal capital da região é o humano.
