
A franjinha irregular usada pela atriz francesa Audrey Tatto no filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain inspirou a estudante Elisa Renault de Vilhena na composição do seu corte. Há dois anos ela desistiu de um cabelão quase na cintura, encheu-se de coragem e enfrentou as tesouras, aderindo a um charmoso corte que a fez lembrar a personagem do filme. "Ficou tão bom que nunca mais deixei meu cabelo crescer. O modelo curto é mais clássico e ao mesmo tempo moderno, tem muitas possibilidades."

"Recentemente, os cortes curtos de celebridades como as atrizes americanas Jeniffer Lawrence e Scarlett Johanson e a brasileira Isabella Santoni ficaram entre os mais pedidos nos salões", observa Charbel Chelala, hairstylist na Charbel Visage, no bairro de Lourdes. Ele que chegou a estudar medicina em Beirute, no Líbano, mas há 26 anos se rendeu à carreira, diz que, embora as celebridades sejam fonte de inspiração, o estilo brasileiro é próprio. "A nossa moda respeita as diferenças e propõe um conceito, e não um padrão a ser totalmente copiado."

Há 23 anos no setor, a cabeleireira Ana Paula Assis sempre cria variações do estilo no salão Tif’s do Vila da Serra, do qual é também sócia-proprietária. Segundo ela, a mineira, por uma questão de estilo, gosta bastante do chamado long bob, um corte chanel abaixo do maxilar e acima dos ombros. Ana Paula, no entanto, percebe que os pixies estão crescendo entre mulheres cada vez mais jovens. "Fico surpresa, meninas muito novas e até crianças estão pedindo os modelos bem curtinhos." Questionada se qualquer rosto ou fio pode aderir aos curtos, Ana Paula diz que sim. No entanto, alerta que é muito importante um conhecimento de visagismo (arte de criar uma imagem pessoal, de acordo com as características físicas de cada rosto) para que o cabeleireiro acerte no corte. Fernanda Braga, cabeleireira no Espaço Dornelas, no Bairro Mangabeiras, também considera que independentemente do estilo, vale experimentar. Esse é o caso de quem tem o rosto redondo e o efeito pode ser surpreendente. "O curto dá um contorno mais definido a esse rosto, suavizando as linhas." Ela percebe ainda que o movimento pixie vem sendo liderado por meninas cada vez mais jovens. "A geração entre 14 e 20 anos surpreende, com disposição para mudanças radicais", diz Fernanda. Muitas têm trocado o estilo cabelão pelo Joãozinho. "A nuca mais rente e a franja assimétrica da atriz Cláudia Abreu foi um fenômeno."

Marília Coutinho, cabeleireira e proprietária do Salão Clip Imagem, no Mangabeiras, diz que os cabelos curtos sempre foram revolucionários e são atemporais. "No início do século XX, era usado como comodidade para as mulheres que se inseriram no mercado de trabalho e foi adotado pela [estilista Coco] Chanel com estilo e vigor." Ela ressalta que os cuidados não podem ser deixados de lado. "O cabelo mais curto requer bons finalizadores como pomadas, mousses e protetores térmicos." Cabeleireira e proprietária do salão Jacques Janine, no Santo Agostinho, Flávia Menicucci dá algumas dicas importantes. "A cor é um item que ajuda a realçar o corte curto. Quem é loura, por exemplo, pode experimentar um platinado." Para Flávia, tentar modelos diferentes e experimentar é uma atitude inovadora. "As pessoas não devem adotar um mesmo estilo para sempre. Independentemente do tipo de rosto, todas podem arriscar", diz.