

O resultado é preocupante. Já são quase mil pessoas na fila de espera, que chegam a aguardar até cinco anos por uma vaga. Os pacientes em tratamento podem ficar no centro por apenas dois anos, quando automaticamente recebem alta para dar lugar a outra pessoa. Após esse período, entram novamente na fila. "Temos notícias de crianças que já haviam saído da cadeira de rodas, por exemplo, e após a alta regrediram completamente. Outras, quando chegamos a entrar em contato, já faleceram", lamenta o subtenente.

Enquanto o reforço não chega, quem está em tratamento comemora. Há um ano a estudante Márcia Natalina das Graças acompanha o filho Gustavo Henrique das Graças Brun, de 8 anos, portador de síndrome de Down, à terapia. "A primeira superação dele foi conseguir subir no cavalo. Fora isso, melhorou muito o seu comportamento, pois era bem agitado", diz Márcia. A terapeuta ocupacional Bárbara Franca Carvalho explica que o tratamento é tanto físico quanto sensorial e emocional. Isso porque o andar do cavalo transfere mais de 2,5 mil estímulos para quem o monta, e o contato com o animal desperta a autoconfiança e a autoestima do paciente. "É uma melhora conjunta que promove socialização e integração", diz. A fisioterapeuta Juliana Starling reforça a importância da terapia para a coordenação motora. "Ocorrem o fortalecimento muscular, ajuste postural, controle de tronco e cervical, equilíbrio, entre outros benefícios." Apesar das dificuldades, o Centro de Equoterapia do Cercat tem motivos para celebrar. Desde sua criação, já foram realizados cerca de 68 mil atendimentos gratuitos, que salvaram vidas.