
Ele abriu a imobiliária na região há 10 anos, período que viu a valorização dos imóveis dar um salto. O bairro, de classe média, é eclético e tem opções residenciais para bolsos variados. Há apartamentos com preços que vão de 200 mil a 2,5 milhões de reais. "Os moradores daqui são os filhos da zona sul", diz Bráulio, que já está no quarto imóvel no Buritis, um apartamento com vista privilegiada para a Serra do Curral. "Quando as pessoas resolvem se mudar, geralmente fazem a opção dentro do próprio bairro", afirma.
Os recém-casados ainda representam a maioria dos moradores do Buritis, mas a região tem hoje também muitos idosos. Os terrenos disponíveis para venda praticamente não existem mais. "As famílias cresceram e foram sendo criados serviços para atender às demandas. Temos de tudo aqui", diz Braúlio. No total são mais de 500 lojas e serviços, como faculdades, supermercados, médicos, drogarias, escolas, bares, restaurantes, salões de beleza, academias e bancos.

Desde agosto de 2017, a avenida Henrique Badaró Portugal fica fechada aos domingos, das 8h às 13h, e muitos moradores passaram a fazer caminhadas, andar de bicicleta e skate por lá. A prefeitura costuma colocar cama elástica e de bolinha no local, abrindo mais opções de lazer para a garotada. Os três filhos do casal foram batizados na igreja do bairro, a Santa Clara de Assis.
"Quando viemos morar aqui faltava a igreja, mas agora já tem", afirma a dentista Ana Paula Dantas Amaral Andrade, que mora há sete anos no Buritis com o marido, Adalberto Gomes Andrade, e os filhos, Adalberto Dantas Amaral Andrade, de 9 anos, e Ana Eliza Dantas Amaral Andrade, de 3. Adalberto corre todos os fins de semana na pista da Henrique Badaró. Ana Paula gosta de frequentar com a família as festas promovidas nas ruas, como feira de gastronomia, festa junina e o carnaval.
Na parte de restaurantes, o casal afirma que está bem servido, com variedades como massa, comida japonesa, hamburgueria e espetinhos, sendo que muitos têm espaço para crianças. Ana Eliza e Adalberto estudam no Coleguium e muitos amigos moram na vizinhança. O consultório de Ana Paula fica a um quarteirão e meio da sua casa, sendo que 90% dos seus clientes são do próprio bairro. "Se um dia eu me mudar, vai ser por aqui mesmo. É mais fácil, fico mais perto de casa e da família", diz Ana Paula. Por meio do grupo no Facebook Meu Bairro Buritis, que tem mais de 45 mil integrantes, ela conta que troca ideias com outros moradores sobre eventos, trânsito, serviços e segurança na região. Adalberto é empresário do ramo de comércio exterior e seu escritório é em Lourdes. "Mas estou olhando para mudar para o Buritis", diz. Os maiores problemas do bairro, segundo ele, são o trânsito e a sinalização dos semáforos. "A estrutura é difícil. Na avenida Professor Mário Werneck, por exemplo, é difícil parar o carro nas proximidades dos bares e restaurantes", afirma.

O casal não reclama de segurança. "Nunca tivemos problemas", diz Myriam. Aos domingos, costumam receber os dois filhos e os quatro netos para almoçar. "Aqui é um bairro alegre, com muitas crianças", afirma Myriam. "Só não fazemos mais caminhadas porque tem muito morro", afirma o arquiteto. Barulho também não é problema. "Escutamos mais é a divulgação dos vendedores de pamonha e amolador de faca", brinca Décio. A gata Luna é novata na casa, mas já está bem adaptada e corta mensalmente as unhas no pet shop na vizinhança.
A história da psicanalista Patrícia Santiago com o Buritis nasceu depois de ter sido assaltada na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Seus documentos foram encontrados na entrada do bairro. "Vim buscar e acabei conhecendo a região", diz Patrícia. De lá não saiu e é onde mora há 23 anos com o marido, o administrador de empresas Paulo Sérgio Gomide, e os filhos Lucas, de 25 e Rodrigo, de 22.

Patrícia também vai caminhando para o seu consultório. "Aqui temos tudo, diversidade de serviços, salão de beleza, restaurante e shopping", diz. Por meio do grupo de WhatsApp Juntos pelo Buritis, que conta com mais de 150 pessoas, a Polícia Militar, a Polícia Civil e os moradores trocam informações sobre a segurança no bairro e redondezas. "Somos os olheiros. Já teve caso de pessoa que foi assaltada e dez minutos depois mostraram fotos no grupo dos bandidos sendo presos", diz Paulo. O trânsito, segundo ele, é o que mais incomoda os moradores. "Aqui não tem muitas vias de acesso, o que dificulta o tráfego. Mas eu fujo do horário de pico", diz. Isso nas poucas vezes que costuma sair do bairro. Desde que passaram pela porta de entrada do Buritis, onde Patrícia encontrou seus documentos roubados, eles não querem mais sair de lá. Um episódio de susto, mas que mudou para melhor a história de vida e moradia da família.