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Estado de Minas

Edifício JK está próximo de tornar-se patrimônio cultural

Conjunto residencial projetado por Oscar Niemeyer, na década de 1950, é um dos ícones urbanos da capital mineira


postado em 20/06/2018 14:30 / atualizado em 20/06/2018 14:33

Conjunto JK: Oscar Niemeyer ousou desenhar unidades habitacionais para atender famílias de perfis distintos(foto: Violeta Andrada/Encontro)
Conjunto JK: Oscar Niemeyer ousou desenhar unidades habitacionais para atender famílias de perfis distintos (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Na década de 1950 começou a brotar no Santo Agostinho, ao lado da praça Raul Soares, um complexo residencial que se tornaria um dos ícones da capital mineira: o Conjunto Governador Juscelino Kubitschek. A obra foi anunciada em 1952 pelo então governador do estado, JK (1902-1976), como saída para a crise de moradias que atingia a classe média na época. Ao final da obra, depois de duas décadas, os quase 1,1 mil apartamentos distribuídos nos blocos A (horizontal) e B (vertical) começaram a ser ocupados. A concepção dos prédios, entretanto, está longe de ser comparada a de um empreendimento imobiliário comum: a começar pelo fato de que foi o célebre arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) quem o projetou. Não por acaso, neste ano, o conjunto residencial deve ter ratificado o seu tombamento pelo patrimônio cultural do município.

Para a professora da Escola de Arquitetura da UFMG Celina Borges, o edifício exala relevância histórica e cultural para Belo Horizonte. "Ele foi concebido para atender a diferentes tamanhos de famílias e classes sociais. Foi um avanço no modelo de habitação da época", diz. As formas de ocupação do conjunto e o seu tamanho motivam a comparação com uma cidade. "É, de fato, uma minicidade", diz a arquiteta e urbanista. Atualmente, abriga cerca de 5 mil moradores.

São duas portarias, uma pela rua Timbiras e outra pela Guajajaras. Mas o JK atual é um pouco diferente do idealizado ainda no começo da década de 1950. O pré-projeto previa, por exemplo, uma passarela ligando os blocos – atravessando a rua Guajajaras –, além de hotel, museu de arte contemporânea, teatro e boate. A magnitude da obra, entretanto, gerou uma excessiva demora na entrega do conjunto, que só foi finalizado na década de 1970, bem diferente da ideia inicial.

Mesmo após a conclusão, o JK enfrentaria outra turbulência relacionada à administração e a invasões. A despeito dos períodos problemáticos, a professora Celina Borges afirma que o Conjunto JK deve ser ratificado como patrimônio imaterial da cidade, entre outros motivos, pela relação afetuosa com os belo-horizontinos. "Quando o avistam de longe, as pessoas sentem orgulho. É o mesmo que aconteceu com o edifício Copan, na cidade de São Paulo, hoje uma espécie de museu arquitetônico", compara Celina. O prédio paulista também foi projetado por Niemeyer, mas com a colaboração de Carlos Alberto Cerqueira Lemos.

De longe e de outros bairros também é possível avistar o relógio digital que fica na cobertura da torre B, do complexo JK. Mas o equipamento que há décadas marca o tempo e a temperatura na cidade foi excluído do processo de tombamento. A decisão foi anunciada, neste ano, pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural. Assim, mesmo com a preservação dos prédios ratificada, o relógio pode ser retirado. Com ou sem relógio, no entanto, esse gigante já faz parte do horizonte do Santo Agostinho e da cidade.

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