
Essa mudança na proposta de alimentação veio depois de pesquisas e revisões da literatura mostrarem que não há vantagens em comer em intervalos pequenos, nem em relação à manutenção do metabolismo acelerado nem na manutenção da quantidade de massa magra no corpo. "Antigamente, acreditava-se que jejum promoveria queda da musculatura, que o emagrecimento seria à custa de perda muscular", afirma o médico nutrólogo e ortomolecular Luiz Jabbur. "Estudos mais recentes mostram que isso não acontece. O jejum promove principalmente quebra de gordura." Ainda não há pesquisas de longo prazo com a prática ou consenso em relação a demais benefícios, mas alguns estudos e especialistas apontam para sua contribuição também na prevenção de doenças crônicas, com a redução de marcadores de inflamação e controle da pressão arterial.

De acordo com o médico nutrólogo e ortomolecular Rodrigo Abreu, a estratégia alimentar pode ser bem flexível e adaptada ao estilo de vida de cada paciente. Alguns dos mais comuns são 16 horas de jejum por 8 horas de alimentação ou 24 horas de jejum - ambos feitos, normalmente, duas vezes na semana. "Sempre é aconselhado começar com 12 horas, e só depois ir estendendo até o período que for confortável para o paciente", alerta.

O anestesista Marinho Safar, de 34 anos, pratica jejum intermitente há um ano, por sugestão de seu médico. O objetivo era perda de massa gorda e, atualmente, manutenção do peso. Marinho fica 16 horas de jejum, entre o jantar e o almoço do dia seguinte, e diz que se adaptou bem à proposta e pretende mantê-la. Segundo ele, o início foi difícil, mas progressivamente foi se acostumando. "Ao contrário do que se imagina, quando vou comer após o jejum, não tenho vontade de ingerir nada pesado. Por isso, não como massa, doces, nada disso durante a semana", afirma.

Esta também é uma ressalva do endocrinologista Rodrigo Lamounier. "A quantidade que precisamos comer no dia a dia é pequena, e é difícil lidar com essa realidade. A maioria das dietas mais restritivas se mostra pouco eficiente no longo prazo, especialmente para quem é obeso", afirma. "O efeito de novidade é importante no tratamento, e a motivação pode gerar resultado em curto prazo. Uma pessoa em início de processo de perda de peso, se se sentir confortável com o jejum intermitente, pode fazer. Mas não é uma panaceia", alerta.
A unanimidade entre os especialistas é que o jejum intermitente deve sempre ser feito com acompanhamento de perto por parte de profissional da saúde. Além disso, não é recomendado para algumas pessoas, como grávidas, crianças, idosos, diabéticos que usam medicamentos hipoglicemiantes, entre outros. Verificar com o médico se o seu perfil se encaixa é imprescindível.