
A falta de investimento em campanhas públicas de castração gratuita é um dos principais motivos da superpopulação de pets. Em Minas Gerais, mesmo após a publicação da Lei Estadual 21.970, de 2016, que determina que os municípios mineiros são responsáveis por garantir o controle ético da população de animais de rua, por meio de medidas socioeducativas e castração em massa, na prática, poucas cidades cumprem a obrigação. Na capital mineira, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) dispõe de algumas unidades de esterilização gratuita nos bairros Caiçara, Salgado Filho, São Bernardo e região do Barreiro. Apesar da oferta do serviço, inúmeros animais só são castrados com o apoio de organizações não governamentais (ONGs), entre elas, a Associação Bichos Gerais. Desde 2001, a instituição faz mutirões de castração gratuita em comunidades carentes e em animais resgatados por protetores, realiza castração a baixo custo aberta à população, além de castrar animais de rua que vivem em espaços públicos da cidade. Outro exemplo de iniciativa privada é a Associação Cão Viver, localizada em Contagem. Em 15 anos de atividades, a ONG já resgatou mais de 32 mil animais, posteriormente encaminhados à adoção já castrados e vacinados. Contudo, Denize Menin, uma das fundadoras, alerta: “Os abrigos particulares nunca serão capazes de suprir a omissão do poder público”.

Apesar de tanto descaso, um foco de esperança surgiu há 100 quilômetros de Belo Horizonte, em Conselheiro Lafaiete. A cidade se tornou referência nacional com o programa Quem Ama Castra, com o maior número de animais esterilizados do Brasil. No CCZ da cidade, além de não haver a prática de eutanásia de cães e gatos saudáveis, a parceria com ONGs locais possibilita o resgate dos animais e o encaminhamento para adoção. No norte da Europa, outra prova de que quando há interesse político e engajamento social a realidade pode ser modificada. A Holanda se tornou o primeiro país do mundo a erradicar o abandono sem sacrificar nenhum animal. Para alcançar essa façanha, baseou-se em quatro pilares fundamentais: penas severas para casos de abandono e maus-tratos, multas para infrações, campanhas de castração e conscientização, somados a um alto imposto para a compra de cachorros de raça, a fim de estimular a adoção.

Evita doenças?
VERDADE. Nas fêmeas reduz a incidência de câncer de mama e ovário, infecções uterinas, piometra, doenças venéreas, além do risco de gravidez psicológica. Nos machos reduz a chance de câncer de testículo e próstata
Existe idade ideal para a castração?
VERDADE. A partir do quinto ou sexto mês de nascimento para machos e fêmeas. O ideal é realizar antes do primeiro cio
Promove mudanças no comportamento?
VERDADE. Reduz o índice de fuga, brigas, especialmente entre machos por fêmeas no cio, e diminui o hábito de demarcar território com urina por toda parte
Muda o temperamento do animal?
MITO. O animal não perde sua personalidade. Se for um cão de guarda, mais agressivo, por exemplo, tende a continuar com as mesmas características, assim como se for um cão dócil e brincalhão
O animal sofre durante o procedimento?
MITO. A cirurgia é feita somente após os pets estarem devidamente anestesiados
Animal castrado engorda?
DEPENDE. Algumas raças tendem a ganhar peso, por isso é importante manter dieta balanceada e praticar exercícios físicos
Anestesia inalatória é mais segura?
VERDADE. Especialmente para raças braquicefálicas (focinho curto) como bulldog francês, pug, boxer, pequinês e shi-tzu
Fonte: especialistas consultados