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Estado de Minas CULTURA

Eliane Parreiras volta a comandar a Fundação Clóvis Salgado

Ex-secretária de Anastasia assume o posto e já começa a planejar o cinquentenário da instituição que abriga o Palácio das Artes


postado em 02/05/2019 11:08 / atualizado em 02/05/2019 11:34

Eliane Parreiras, presidente da Fundação Clóvis Salgado:
Eliane Parreiras, presidente da Fundação Clóvis Salgado: "A missão pública falou mais alto" (foto: Violeta Andrada)
Eliane Parreiras fala sobre a Fundação Clóvis Salgado (FCS) com desenvoltura e entusiasmo. Nenhuma pergunta fica sem resposta, mesmo pouco depois de assumir oficialmente a principal cadeira da instituição. Um motivo para isso é que a belo-horizontina de 43 anos já atuou por duas outras ocasiões na fundação, em uma delas como presidente. Outra razão é que Eliane não chegou “ontem” à gestão cultural. São pelo menos 23 anos de trajetória, período no qual aprendeu a conviver com as dores e as delícias de se relacionar com a área. 

Antes de assumir, em abril, a presidência da FCS, Eliane comandava a diretoria cultural do Sesc. Casada e mãe de uma menina de 10 anos, estava, segundo ela mesma, em uma situação confortável. O plano para a instituição, iniciado há dois anos, estava a todo vapor e já colhendo bons frutos. Em outras palavras, tudo estava dando certo por lá. Foi nesse céu de brigadeiro que surgiu o convite do secretário de Cultura do estado, Marcelo Matte, para que ela presidisse a instituição que abriga o Grande Teatro Palácio das Artes, a Orquestra Sinfônica, o Coral Lírico e o Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). 
 
A trajetória de Eliane Parreiras

2002 - 2009: Diretora executiva do Instituto Cultural Usiminas

2009 - 2010: Presidente da Fundação Clóvis Salgado 

2011 - 2014: Secretária de Estado da Cultura de Minas Gerais

2017 - 2019: Gerente geral de Cultura do Sesc Minas 

Desde abril de 2019: Presidente da Fundação Clóvis Salgado   
 
Já era sabido que o estado enfrentava – e ainda enfrenta –  uma turbulência financeira, ainda sem previsão para acabar. O atual governo não para de cortar gastos na tentativa de ajustar as contas e amenizar o déficit de 1 bilhão de reais mensais. Eliane, contudo, aceitou o desafio. "A missão pública falou mais alto", diz. Ela tem consciência de que não são poucos os desafios que terá pela frente. Um deles, no entanto, já começou a ser ultrapassado. As reformas da parte elétrica e do sistema de ar condicionado do Palácio das Artes devem começar ainda neste semestre. As licitações estão em andamento e o governo já reservou recursos na ordem de 1 milhão de reais para as intervenções. Os problemas ganharam repercussão nacional depois da bronca do ator Paulo Gustavo em sua conta no Instagram. O artista, que encenou ali o espetáculo Minha Mãe é uma Peça, disse que não voltaria à casa antes que o problema fosse resolvido. "Estabelecemos prioridades, mas sem desestabilizar a operação da casa", afirma Eliane. "Essas intervenções serão realizadas em respeito ao público e artistas."
(foto: Violeta Andrada)
(foto: Violeta Andrada)
Eliane conta que houve uma "adequação de 10% no orçamento", que impactou a folha de pessoal e o custeio das atividades artísticas. Nenhum programa, contudo, foi suspenso. Uma de suas metas é arrumar a casa para que seja mais atrativa à iniciativa privada, com quem pode estabelecer parcerias. Apesar da fase austera, a fundação continua sendo bastante procurada. Há editais de ocupação das galerias de arte em andamento e o Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte (Festcurtas) já soma mais de 2 mil trabalhos inscritos, com produções de vários países. Espetáculos estão sendo negociados para o Grande Teatro, que em março viveu dias de ingressos esgotados com apresentações de Milton Nascimento. A Sala Juvenal Dias e o Teatro João Ceschiatti devem voltar à cena na gestão de Eliane. "Queremos abrir as portas da fundação e ampliar a relação com todos os segmentos da sociedade, como público, artistas e setor produtivo", diz. 
              
"A Eliane coloca um novo olhar para esta casa", diz Cláudia Malta, diretora artística da fundação, empolgada com o retorno de uma velha conhecida. De acordo com ela, que entrou na instituição em 1971, como aluna da companhia de dança, quem lida com a área cultural sabe se virar com poucos recursos. "Sempre tivemos o pé no chão e mesmo assim continuamos a produzir com muita qualidade", diz. "Vamos dar a volta por cima." 
Entrada do Grande Teatro do Palácio das Artes: 1 milhão de reais para a reforma da parte elétrica e do sistema de ar condicionado(foto: Violeta Andrada)
Entrada do Grande Teatro do Palácio das Artes: 1 milhão de reais para a reforma da parte elétrica e do sistema de ar condicionado (foto: Violeta Andrada)
Quis o destino que Eliane Parreiras, graduada em comunicação social e com especialização em marketing e gestão cultural, retornasse à casa no início da preparação para o cinquentenário da FCS, que será celebrado no próximo ano. "Fico emocionada de voltar à fundação no momento de pensar o que este lugar significa para a nossa produção cultural", diz. Entre os anos de 1999 e 2002, Eliane atuou no marketing e na superintendência de programação da fundação. Em 2009, foi convidada a ocupar a principal cadeira da casa. "Aqui é um lugar não só de muita realização profissional, mas de afetividade", afirma. Agora, em 2019, a meta é ousada, mas o otimismo é grande, a despeito dos tempos complicados. "Vamos implementar um redesenho de atuação para dar à fundação o protagonismo cultural que ela merece." Que em um futuro próximo, ela seja aplaudida de pé. 
 

O que vem por aí

Cine Humberto Mauro

19/04 a 09/5 - Retrospectiva Nicholas Ray
10/05 a 26/05 - Mostra Dorothy Azner 
17/05 a 23/05 - Mostra Lumiar 

Coral Lírico de Minas Gerais

07/05 e 14/05, 12h - Sarau no Café do Palácio das Artes

Orquestra Sinfônica no Palácio das Artes

21/05, 12h - Sinfônica ao Meio-Dia, com regência do espanhol Alexis Soriano 
22/05, 20h30 - Sinfônica em Concerto, com regência de Alexis Soriano 

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