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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Vale a pena participar dos grupos virtuais de mães?

Saiba quando participar é positivo e quando o melhor é se desligar


postado em 02/05/2019 20:05 / atualizado em 02/05/2019 20:22

A empresária Chris Rocha acha importante participar de grupos de mães e tem vários, mas algumas reclamações:
A empresária Chris Rocha acha importante participar de grupos de mães e tem vários, mas algumas reclamações: "Vejo muita falta de foco nos assuntos e pessoas dando palpites pouco razoáveis para quem nem estava pedindo opinião" (foto: Violeta Andrada)
Se antigamente a aldeia a que se refere o ditado "é preciso uma aldeia inteira para criar uma criança" era literal, hoje, além da rede de apoio física, é possível encontrar apoio virtual na experiência de maternar. Grupo de pais de alunos no WhatsApp, de introdução alimentar do bebê, de mães de BH, de mães empreendedoras no Facebook.... Há comunidades para todos os gostos na internet. Elas podem ser um espaço para informação, mas também para troca de experiências e para dividir com outras mulheres a situação única que é tornar-se mãe – com todas as mudanças, inseguranças e dificuldades do processo. 

A neurologista pediátrica Susana Satuf, mãe de dois meninos, de 6 e 9 anos, é fã dessa possibilidade e faz parte de diversos grupos virtuais relacionados à parentalidade. O famoso Padecendo no Paraíso, de BH, que conta com 9 mil pessoas no Facebook, além de grupos de WhatsApp de desapego (troca e/ou venda de produtos usados) e de pais de alunos das salas de ambos os pequenos. 
A neurologista pediátrica Susana Satuf, mãe de André e Henrique, é fã dos grupos maternos virtuais e de como as integrantes se ajudam em causas de mães e também dos filhos:
A neurologista pediátrica Susana Satuf, mãe de André e Henrique, é fã dos grupos maternos virtuais e de como as integrantes se ajudam em causas de mães e também dos filhos: "Elas entendem melhor as situações e têm mais empatia" (foto: Violeta Andrada)
Segundo ela, as principais vantagens são a troca de experiências, o apoio mútuo entre as mães, as dicas e indicações que pipocam por lá. "No caso dos grupos de maternidade, o fato de sermos todas mães aproxima demais as participantes", diz."Elas entendem melhor as situações e têm mais empatia."No dia da entrevista para esta matéria, por exemplo, Susana pediu um favorzão no grupo de pais da escola e uma mãe prontamente topou ajudar. “Grupo de mães para mim é isso, esse apoio”, conta.

Segundo a educadora parental Luanda Barros, a solidão materna é um dos motivos pelos quais as mães buscam esse tipo de comunidade. "Especialmente em relação a mães de primeira viagem, é natural buscarmos esses grupos virtuais porque muitas vezes nos vimos sós nesse processo de criação de filhos, e esses grupos de alguma forma oferecem acolhimento", explica. Para a psicóloga e psicanalista Cecília Lana, o grupo tem um lado positivo, que é o fato de a identificação com os demais integrantes  no caso de mães, a questão da maternidade poder fazer com que a comunidade se fortaleça, que uma mãe ajude a outra. "Laços de identificação podem produzir certa solidariedade", afirma. "O efeito de grupo pode apaziguar uma angústia de alguém que acha que está sozinho naquela questão, mas vê que  o outro também passa por aquilo." 

Idealizadora e administradora do grupo Mommys, no Facebook, que conta com mais de 6.400 integrantes, Mariana Bicalho lida com esse universo diariamente. "Acredito que a maternidade é um momento especial na vida da mulher, mas também é um momento que vem cheio de desafios, uma jornada solitária", diz. Ela explica que  encontrar apoio, acolhimento e se sentir pertencente é algo que impacta não só na vida das mães, mas da família. "Uma mãe feliz cria filhos felizes", completa.
A educadora parental Luanda Barros:
A educadora parental Luanda Barros: "Se é um grupo onde suas dores são ouvidas, suas questões não são ridicularizadas, então há potencial para as integrantes se tornarem grandes amigas" (foto: Violeta Andrada)
No entanto, nem sempre os grupos servem a esse propósito. A empresária Chris Rocha, dona de um brechó infantil e mãe de uma menina de 10 anos, está em diversos grupos, entre eles, o de pais de alunos da sala de sua filha, além de vários de desapego. Apesar de ver muitas vantagens em integrar esse tipo de comunidade, uma de suas principais reclamações é quanto à falta de foco no tema e falta de bom senso das pessoas quanto às respostas e opiniões, que às vezes nem foram solicitadas. "Vejo pessoas dando palpites pouco razoáveis para quem nem estava pedindo opinião, mas sim pedindo uma dica, por exemplo", explica. 

Luanda Barros lembra que problemas em grupos não são específicos do público de mães. "Pessoas são difíceis e tolerância está difícil nos dias de hoje. Falta empatia. Então, grupos no geral podem ter uma convivência complicada", explica. No entanto, ela lembra que o julgamento materno, algo que ainda é muito comum e que deve ser desconstruído diariamente (tanto por mães quanto por homens e mulheres que não são mães), pode ser um fator a mais nessa equação. "Grupos de mães podem tornar-se esse lugar de julgamento, podem potencializar esse tipo de comportamento.", completa. Cecília Lana ressalta, ainda, que por mais que algumas pessoas compartilhem a mesma causa, cada indivíduo vê a situação e entende o mundo de uma forma. 

E como redes sociais e WhatsApp estão fortemente presentes no dia a dia, é bom ficar atento a que tipo de sensação os grupos dos quais você faz parte estão trazendo, no intuito de que as comunidades sejam algo de bom para os seus dias. "Se é um grupo em que suas dores são ouvidas, suas questões não são ridicularizadas, então há potencial para as integrantes se tornarem grandes amigas. Mas, se o que você acessa é julgamento, comparação, então esse não é um grupo bom”, afirma Luanda.
A idealizadora e administradora do grupo do Facebook Mommys, Mariana Bicalho:
A idealizadora e administradora do grupo do Facebook Mommys, Mariana Bicalho: "Acredito que a maternidade é um momento especial na vida da mulher, mas também é um momento que vem cheio de desafios, uma jornada solitária" (foto: Fabiana Cristina)
Para Mariana Bicalho, nem sempre apenas por ser um grupo de mães essa comunidade será harmoniosa. "Para que um grupo seja enriquecedor, o princípio básico é que haja identidade de propósito e que os valores estejam  alinhados", explica. Outra característica que pode ajudar na “saúde” do grupo são as lideranças, segundo ela. Uma líder de comunidade que  crie uma cultura saudável, dissemine empatia e transparência, contribui para o sucesso daquele grupo.  E pode até transformá-lo em um grupo físico, como é o caso do próprio Mommys, que acaba de ganhar uma sede na vida real, a Vila Mommys, no bairro Ouro Preto. O espaço irá sediar eventos periódicos sobre maternidade, ampliando as conversas da rede. 
 

Grupos do Bem

Veja dicas para se cercar de comunidades positivas

  • Grupos virtuais costumam funcionar melhor se tiverem regras básicas, como evitar assuntos fora do tópico
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  • No caso de comunidades com muitos integrantes, ter mediação também ajuda a manter uma cultura saudável  
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  • Procure grupos com filosofias que conversem com as suas

  • Esteja aberta a visões e opiniões contraditórias (ainda que em grupos temáticos)

  • Invista nos grupos em que se sinta acolhida, em que tenha um espaço seguro para compartilhar

  • Lembre-se de que situações são únicas e pessoais e evite comparações

  • Se não se sentir confortável, não tenha constrangimento de sair 

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