Este é o mantra de Rafael Ciccarini, há dois anos à frente do Centro Universitário Belo Horizonte (UniBH). "Quero quebrar os muros da universidade e integrá-la de vez à cidade", diz. "Estamos fazendo jus à importância desta instituição, mas é hora de a levarmos para outro patamar." Seu objetivo e do grupo de educação Ânima - que no estado, além do Uni, abriga também o Centro Universitário UNA - é transformar a faculdade com cerca de 15 mil alunos na melhor instituição de ensino superior privada de Belo Horizonte. A meta é ousada, mas o caminho até ela já começou a ser trilhado e passa pela reformulação e gestão de cursos de graduação e pós-graduação, mais modernos e antenados como que se exige fora das salas de aula. "Quem ficar abraçado ao antigo modelo de educação perderá o sentido de existir. Nossa meta é fazer com que um aluno de engenharia, por exemplo, passe um semestre inteiro em um canteiro de obras", afirma. "Quem confere valor ao diploma é o mercado."

Além de estar mais antenado com o mercado, a ideia é escancarar os portões do centro universitário para os moradores da capital mineira. Em outras palavras, abolir a distância entre academia e sociedade, aproximando a universidade dos problemas cotidianos a sua volta. "Entendemos este espaço como uma cidade. Em um mesmo lugar, os estudantes podem aprender, refletir e se divertir. E, agora, convidamos Belo Horizonte a também participar desse processo", diz o reitor Ciccarini.
Liziane Ribeiro de Melo, de 39 anos, sente a ansiedade de quem está prestes a segurar o diploma, pois ela termina em dezembro o curso de enfermagem. "É uma área que exige muita qualificação, por isso estou tranquila, apesar da apreensão natural", diz ela, mãe da Giovanna, de 12, e Antonella, de 7. Liziane voltou a estudar depois de ter concluído o ensino médio, há 20 anos. Não se arrependeu da escolha, considerada por muitos tardia. "O campus do Uni e os professores nos acolhem. Ao final do curso, o sentimento é o de que estou conseguindo chegar lá", afirma.

O diálogo com o nome do bairro que o abriga não foi por acaso: revela a intenção de tornar ainda mais estreita a relação da escola com a vizinhança. "Platão, na Grécia antiga, pensou a universidade como algo separado da cidade, que era chamada de polis. Estamos fazendo diferente", diz Ciccarini. "Temos o campus mais bonito da cidade. Por que não, além de oferecer laboratórios modernos e ótimo corpo docente, proporcionar arte e cultura aos estudantes e moradores?"

O clima descontraído e agradável do campus Buritis serve também para atenuar as pressões naturais da academia ou de quem está concluindo o curso. Para os católicos, há até uma capela dedicada a São Judas Tadeu, remanescente do terreno que pertencia à Mendes Júnior. O santo é padroeiro das causas impossíveis e há quem vá ali no período de exames pedir uma ajudinha nas notas. No entorno da igrejinha existe um convidativo jardim. É por lá que Maisa Braga Pereira, de 25 anos, gosta de estudar ou mesmo descansar entre uma aula e outra. Afinal, escolheu ser médica e o curso, como se sabe, é bem puxado. Ela vai formar-se em dezembro próximo. O frio na barriga existe, confessa, mas Maisa se sente preparada para a profissão. Durante os internatos, período no qual os estudantes atuam em hospitais conveniados à instituição, a estudante revela que já ouviu a seguinte frase de médicos e enfermeiros dirigidas aos pacientes: "Pode ficar tranquilo. São os alunos do Uni". Para Maisa, a estrutura para os futuros médicos não deixa nada a desejar a nenhuma outra escola. "Temos todo o apoio necessário em laboratórios para treinar, por exemplo, procedimentos de emergência e urgência", diz ela, que vai especializar-se em cirurgia.

A graduação de pedagogia, um dos cursos que são ofertados na instituição desde a antiga Fafi-BH, fundada em 1964, está sendo reformulado e já a partir deste segundo semestre terá cara nova. "Será um curso disruptivo, completamente diferente do que temos por aí. Nele, o nosso aluno será o protagonista", afirma Carlos Donizeti da Silva, de 62 anos, coordenador da área. "Desde o primeiro período as aulas vão proporcionar o diálogo entre teoria e prática. Isso mostra que não estamos parados no tempo."

Colocar em prática o aprendizado dentro de sala de aula também é a tônica do curso de veterinária do Uni-BH, o maior do Brasil em número de alunos: cerca de 1.400. Em julho, durante 24 horas, estudantes da instituição e de outras escolas do estado puderam participar de uma imersão no hospital veterinário, também no Campus Buritis. Estudantes participaram de cirurgias, entre outros procedimentos em pequenos e grandes animais. "Já me sinto realizado. É isso o que desejo fazer na minha vida inteira", diz Lázaro de Faria Santos, de 31 anos, que no segundo período teve a oportunidade de conhecer de perto a labuta diária do médico veterinário. "A abertura que temos aqui é fora do comum. Desde o primeiro período, os alunos podem participar de atividades supervisionadas no hospital veterinário", afirma Karen Maria de Almeida, de 27 anos, estudante do 10º período.
A intenção de se aproximar mais do mercado levou o grupo Ânima a contratar profissionais considerados referências em suas áreas para atuarem como patronos dos cursos: Ronaldo Fraga (moda), Thales Catta Preta (direito), Gustavo Penna (arquitetura e urbanismo), Gustavo Greco (design) e Ozires Silva (engenharia aeronáutica). "A intenção é que esses profissionais passem suas experiências reais para os alunos", afirma Thales.

