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Estado de Minas EDUCAÇÃO

Visitamos as escolas de BH mais bem posicionadas no ranking do Enem

Principal porta de entrada para as faculdades brasileiras, o exame acontece, este ano, nos dias 3 e 10 de novembro


postado em 26/09/2019 14:53 / atualizado em 27/09/2019 01:55

O Enem 2019 será realizado nos dias 3 e 10 de novembro(foto: Juliana Andrade/Agência Brasil/Reprodução)
O Enem 2019 será realizado nos dias 3 e 10 de novembro (foto: Juliana Andrade/Agência Brasil/Reprodução)
A escolha do colégio onde os filhos vão estudar não é nada simples para os pais e depende de diversos fatores. Um componente importante dessa decisão, para muitas famílias, é o desempenho da escola no Exame Nacional do Ensino Médio que, desde 2009 (quando passou a substituir os vestibulares de grande parte das universidades públicas), é a principal porta de entrada para cursos de graduação no país. Anualmente, após a divulgação dos resultados das provas pelo Ministério da Educação, são elaborados rankings das escolas mais bem colocadas no país. Não só os pais, mas alunos e os próprios gestores das instituições de ensino ficam de olho nesse "termômetro".

Para quem estava acostumado com o vestibular tradicional, o Enem traz bastantes mudanças. É consenso entre especialistas que, em termos gerais, o exame exige menos decoreba e menos conteúdos daquele tipo que "nunca mais será usado por quem não trabalhar na área". Apesar disso, educadores ainda acham o nível de conteudismo além do necessário - uma característica do ensino médio brasileiro, no geral. As questões priorizam um formato interdisciplinar e pedem domínio não apenas das matérias, mas de habilidades como interpretação, inferência, contextualização, capacidade de relacionar informações, visão de mundo e conhecimentos extra-escola, compreensão, elaboração e solução de problemas, entre outras. Mas não se engane: o teste é longo, uma verdadeira prova de resistência, e o aluno corre contra o tempo para passar por todas as questões. Ainda é necessário conhecer bem o formato, o tempo de prova, estratégias para sua realização - inclusive por causa da Teoria de Resposta ao Item (TRI), método de avaliação do Enem que visa desencorajar o "chute", motivo pelo qual estudantes com o mesmo número de acertos podem tirar notas diferentes. E essas também são habilidades que precisam ser treinadas, inclusive na escola.

Ainda que não haja fórmula secreta para o bom desempenho no exame - e que a dedicação do aluno seja parte imprescindível da equação -, as escolas mais bem colocadas de BH em 2018 (entre as de maior porte, com mais de 60 alunos participantes) fazem alguns investimentos em comum. Começam gradativamente a trabalhar não só conteúdos, mas habilidades do Enem ainda no ensino fundamental, e isso vai  intensificando-se até o ensino médio, quando entram com peso simulados, treinos de redação focados na prova, uso de bancos de questões bem parecidas com aquelas que aparecem no exame e provas avaliativas no modelo do teste de seleção.

Algumas instituições propõem carga horária maior, com grade integral (aulas de manhã e à tarde todos os dias) e simulados semanais, e outras exigem menos carga horária em classe e mais trabalho individual. Há quem opte pela correção dos simulados via plataforma externa, que já calcula as notas com base na Teoria de Resposta ao Item (TRI), enquanto outros fazem a correção internamente - com ou sem a TRI.

Nos últimos anos, as escolas têm podido contar com um suporte importante, os microdados do Enem. A partir dessa enorme base de informações, elas podem fazer comparações, avaliações e acompanhar a evolução não apenas de seus próprios alunos, como os de escolas de diferentes portes, regiões e outros cortes variados. Entre as mais bem colocadas instituições, o uso dos microdados para análise é parte imprescindível do trabalho e as avaliações internas são frequentes. O apoio de psicólogos e coaches para os alunos em relação à escolha do curso, em como lidar com a ansiedade, ajudar na organização do tempo e do plano de estudos é cada vez mais comum nas escolas, bem como algum incentivo - ainda pouco sistematizado - ao relaxamento e autocontrole por meio de meditação, ioga, atividades lúdicas.

O principal consenso é que o resultado do Enem vem de um trabalho de longo prazo, e sai na frente quem tem a chance de estar em uma boa escola ainda no ensino fundamental, que é quando uma parte grande dos conteúdos e habilidades exigidos no Enem é trabalhada. Ao contrário da época dos vestibulares tradicionais, quando mudar de escola no último ano ainda dava boa chance de correr atrás do conteúdo perdido, na época do Enem, isso é mais difícil - motivo pelo qual em todos os colégios entre os mais bem colocados, grande parte dos alunos da terceira série do ensino médio começou ainda no Fundamental.

Bernoulli

(foto: Violeta Andrada/Encontro)
(foto: Violeta Andrada/Encontro)
A escola está há 13 anos como primeira colocada no Enem em Minas Gerais e foi segundo lugar no Brasil em 2018, entre quem tem mais de 60 alunos participando da prova. Segundo o diretor de ensino, Rommel Domingos, o segredo da instituição (que tem mais de 300 estudantes na 3ª série do ensino médio) é influenciar a motivação do aluno, investindo em qualidade de professores e do material didático, em avaliações coerentes e ambiente descontraído. O Bernoulli desenvolve os próprios simulados e, pela enorme base de dados que consegue, por implantar seu sistema de ensino em mais de 500 escolas pelo Brasil, tem a própria plataforma que aplica a TRI nos exames. "A nota dos alunos no último simulado do ano é muito parecida com a nota que tiram no Enem", explica. A estudante Anna Albuquerque, de 17 anos, está no Bernoulli desde o sexto ano, e diz que o estímulo à leitura e às ciências desde cedo foi importante para sua escolha de curso (medicina) e para seu preparo. Hoje, tem acesso aos dados de suas provas pelo app da escola, que acompanha com afinco. E dá a dica: "É uma prova de resistência. É preciso estar preparado mas, na hora, também conta muito ter estratégia e calma".

Santo Antônio

(foto: Violeta Andrada/Encontro)
(foto: Violeta Andrada/Encontro)
A preparação desde o ensino fundamental é a principal aposta do colégio centenário, que foi segundo lugar em BH e sétimo do Brasil entre os maiores de 60 alunos. No ensino médio, há incentivo a monitorias, aulas de aprofundamento e atividades extras de forma eletiva, com base nos interesses dos estudantes. "Há os cursos avançados, em que os alunos trabalham temas mais complexos e aprofundados, sem relação com o currículo do Enem, como reprodução assistida, mercado financeiro, entre outros", explica o coordenador pedagógico, Olavo Sérgio Campos. A carga horária obrigatória do ano final, que tem mais de 200 alunos em 2019, é menor do que a de outras escolas. No entanto, segundo Olavo, o tempo de permanência dos estudantes no espaço da escola, seja em atividades extras ou para estudos autônomos, é grande. "Preparamos o aluno para a autonomia, não ficamos tutelando estudantes", afirma. Para Gianluca Hansen, de 17 anos, que quer fazer engenharia aeroespacial e estuda no colégio desde o sexto ano, o formato é benéfico. "Nós é que gerenciamos nosso cronograma. Além de tempo para preparo acadêmico, também precisamos de tempo para nós mesmos, nossas coisas, e na terceira série já se espera que saibamos balancear isso", afirma.

Santo Agostinho Centro e Santo Agostinho Nova Lima

(foto: Violeta Andrada/Encontro)
(foto: Violeta Andrada/Encontro)
As duas unidades do Santo Agostinho ocupam, respectivamente, o terceiro e o quarto lugar em BH - elas têm, juntas, mais de 370 alunos no 3º ano. E, assim como ocorre nos outros colégios, a diretoria garante que a boa formação vem do ensino fundamental. O ensino médio é de aprofundamento e também hora de treinar as questões, o formato do exame, criar estratégias. Segundo o supervisor pedagógico do ensino médio da unidade Nova Lima, Geraldo Santos, a autonomia dos alunos nessa etapa é essencial. "A dedicação do estudante deve ser proporcional ao seu sonho", afirma. Na unidade, há diversos projetos - alguns em sala de aula, outros complementares - de preparação para o Enem, como o desafio Enem de férias (cadernos com as questões mais difíceis do exame, que são corrigidos pela escola, e o aluno consegue saber sua nota em comparação com a média dos candidatos que fizeram a questão). A aluna Iliana Martins de Noronha, de 17 anos, que quer cursar matemática computacional, fez todas as 400 questões dos cadernos de férias. Segundo ela, a experiência valeu por diferentes motivos: "Minha pontuação geral foi maior do que 60%, o que é mais alto do que a média, e consegui fazer no tempo estipulado. Fiquei mais segura", conta.

Magnum Nova Floresta

(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Para chegar ao lugar que ocupa no ranking atualmente - a escola está em quinto lugar em BH e 16º do Brasil (acima de 60 alunos) -, o  diretor Eldo Pena Couto diz que duas estratégias foram importantes de 2008 para cá: primeiramente, adaptaram-se ao novo modelo do Enem, na forma de elaborar as avaliações e na capacitação dos professores, para que pudessem desenvolver nos alunos as habilidades e competências exigidas pelo exame. Além disso, trabalham desde então com processo de avaliação interna dos alunos, a partir dos anos iniciais do ensino fundamental, com um instituto contratado especialmente para isso. "Assim, levantamos os gaps e podemos nos planejar de acordo", explica. Isso culmina em bons resultados e permanência dos estudantes, cuja quase totalidade na terceira série (mais de 170 alunos) não é novata. O estudante Lucas Dayrell, de 17 anos, está no Magnum desde o segundo ano do fundamental e quer fazer engenharia química. Diz que as avaliações tratam justamente das habilidades que o Enem exige e,  munido dos resultados - o seu "diagnóstico" -, consegue saber o que precisa trabalhar melhor. "Confio na preparação da escola e sei que, da nossa parte, também precisamos ter foco. Só posso fazer o meu melhor e ter tranquilidade na prova."

Loyola

(foto: Violeta Andrada/Encontro)
(foto: Violeta Andrada/Encontro)
No Loyola, que ficou em sexto lugar em BH entre as escolas com mais de 60 alunos participantes, o acesso aos microdados do Enem é parte essencial do trabalho. Especialistas analisam o desempenho dos estudantes da própria escola e dão ênfase a questões, conteúdos e habilidades que ainda não estão satisfatórios, o que é feito desde o fundamental 2. "Fazemos trabalho de base, que é essencial e fundamentado, pois é sustentado por dados reais", diz Rita Carvalho, professora da terceira série e assessoria de matemática. No ensino médio, esse trabalho se intensifica, e há questões fechadas com formato do Enem desde a primeira série. Na terceira (em que há 170 alunos este ano), além dos simulados avaliativos, há os opcionais, uma vez por mês. A estudante Beatriz Junqueira, de 17 anos, quer fazer direito, um curso bastante concorrido. Mas nem por isso deixou de participar, neste ano, de atividades fora da grade curricular, como projetos de empreendedorismo no Núcleo de Inovação, pois tem segurança em sua organização de tempo, feita com ajuda do programa de coaching da escola. "O essencial é me dedicar e ter um plano de estudos organizado", diz. "Não acontece milagre no último ano. A pessoa tem de vir estudando desde antes. O ensino médio é de revisão e aprofundamento", afirma. Anotou as dicas?

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