
Para quem estava acostumado com o vestibular tradicional, o Enem traz bastantes mudanças. É consenso entre especialistas que, em termos gerais, o exame exige menos decoreba e menos conteúdos daquele tipo que "nunca mais será usado por quem não trabalhar na área". Apesar disso, educadores ainda acham o nível de conteudismo além do necessário - uma característica do ensino médio brasileiro, no geral. As questões priorizam um formato interdisciplinar e pedem domínio não apenas das matérias, mas de habilidades como interpretação, inferência, contextualização, capacidade de relacionar informações, visão de mundo e conhecimentos extra-escola, compreensão, elaboração e solução de problemas, entre outras. Mas não se engane: o teste é longo, uma verdadeira prova de resistência, e o aluno corre contra o tempo para passar por todas as questões. Ainda é necessário conhecer bem o formato, o tempo de prova, estratégias para sua realização - inclusive por causa da Teoria de Resposta ao Item (TRI), método de avaliação do Enem que visa desencorajar o "chute", motivo pelo qual estudantes com o mesmo número de acertos podem tirar notas diferentes. E essas também são habilidades que precisam ser treinadas, inclusive na escola.
Ainda que não haja fórmula secreta para o bom desempenho no exame - e que a dedicação do aluno seja parte imprescindível da equação -, as escolas mais bem colocadas de BH em 2018 (entre as de maior porte, com mais de 60 alunos participantes) fazem alguns investimentos em comum. Começam gradativamente a trabalhar não só conteúdos, mas habilidades do Enem ainda no ensino fundamental, e isso vai intensificando-se até o ensino médio, quando entram com peso simulados, treinos de redação focados na prova, uso de bancos de questões bem parecidas com aquelas que aparecem no exame e provas avaliativas no modelo do teste de seleção.
Algumas instituições propõem carga horária maior, com grade integral (aulas de manhã e à tarde todos os dias) e simulados semanais, e outras exigem menos carga horária em classe e mais trabalho individual. Há quem opte pela correção dos simulados via plataforma externa, que já calcula as notas com base na Teoria de Resposta ao Item (TRI), enquanto outros fazem a correção internamente - com ou sem a TRI.
Nos últimos anos, as escolas têm podido contar com um suporte importante, os microdados do Enem. A partir dessa enorme base de informações, elas podem fazer comparações, avaliações e acompanhar a evolução não apenas de seus próprios alunos, como os de escolas de diferentes portes, regiões e outros cortes variados. Entre as mais bem colocadas instituições, o uso dos microdados para análise é parte imprescindível do trabalho e as avaliações internas são frequentes. O apoio de psicólogos e coaches para os alunos em relação à escolha do curso, em como lidar com a ansiedade, ajudar na organização do tempo e do plano de estudos é cada vez mais comum nas escolas, bem como algum incentivo - ainda pouco sistematizado - ao relaxamento e autocontrole por meio de meditação, ioga, atividades lúdicas.
O principal consenso é que o resultado do Enem vem de um trabalho de longo prazo, e sai na frente quem tem a chance de estar em uma boa escola ainda no ensino fundamental, que é quando uma parte grande dos conteúdos e habilidades exigidos no Enem é trabalhada. Ao contrário da época dos vestibulares tradicionais, quando mudar de escola no último ano ainda dava boa chance de correr atrás do conteúdo perdido, na época do Enem, isso é mais difícil - motivo pelo qual em todos os colégios entre os mais bem colocados, grande parte dos alunos da terceira série do ensino médio começou ainda no Fundamental.
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