
O casarão ficou conhecido por ter sido a sede da Rede Ferroviária Federal, empresa estatal que administrava estradas de ferro brasileiras. Embora a sua construção tenha começado no início do século XX, foi só na década de 1930 que o prédio de estilo eclético chegou ao formato visto hoje. Marcada pela mistura entre o clássico, barroco, medieval e renascentista, a arquitetura eclética é facilmente encontrada nas construções erguidas nos primeiros anos de Belo Horizonte, como o Palácio da Liberdade e a Serraria Souza Pinto.

Uma das áreas que mais deu trabalho na restauração foi a fachada camurça do imóvel. Maria Caldeira, restauradora com mais de 30 anos de experiência, usou seis tipos diferentes de massa para tentar recuperar a parede. Sem sucesso. Ao analisar o material original, descobriu o porquê. "Antigamente, as pessoas usavam terra de formigueiro ou cupinzeiro para fazer o reboco", diz. "Ela deixa a parede respirar, é leve e firme ao mesmo tempo." Maria conseguiu a terra de formigueiro por meio de doações. Encontrar as cores originais da construção também foi um trabalho e tanto. O cuidadoso bisturi de Maria Caldeira retirou sete camadas de tintas até chegar aos tons usados no começo do século passado. E a pequena escavação encontrou algo além das cores: as paredes do casarão possuem várias pinturas que simulavam revestimentos nobres, como pedras de mármore e painéis de madeira, materiais caros e que teriam de ser importados.
