Quem fica na escola durante o contraturno tem um agenda pensada para estimular o desenvolvimento cognitivo, motor e socioafetivo. Fazem parte da grade espaço para o desenvolvimento artístico, emocional, ajuda no para-casa, tempo para prática de esportes, estímulo para a alimentação saudável e até para a prática do trabalho voluntário. E, é claro, um horário para o relaxamento. "O projeto da educação integral tem uma intenção bem definida", diz Peterson Fernandes, vice-diretor educacional do Colégio Marista Dom Silvério. "Não é colônia de férias." Ele explica que, no Marista, onde o modelo é oferecido desde o ensino infantil até o 5º ano do fundamental, o projeto se divide em três dimensões principais: acadêmica, que inclui as monitorias, com tempo para estudo e tarefas, além de estudo de língua estrangeira; artística e cultural, com espaço também para a espiritualidade; e os esportes. "Buscamos trabalhar as competências que não são desenvolvidas com profundidade no tempo regular, garantindo, assim, a formação completa dos nossos alunos", diz Peterson. "O ideal seria que a escola brasileira fosse toda ela em tempo integral."

A proposta da educação integral é combinar a formação acadêmica com a parte física, motora, estética e emocional da criança. "Ampliar a permanência na escola apenas para um reforço do conteúdo não é o objetivo desse ensino, que oferece uma formação ampla e não apenas mais do mesmo", explica a professora da Faculdade de Educação da UFMG, Lucia Helena Alvarez, estudiosa do tema. "As crianças não são apenas cérebro, mas também corpo e sensibilidade." Para ela, é importante que a formação seja ampliada não só para além da sala de aula, mas fora dos muros da escola, levando as crianças a vivenciarem os espaços da cidade como parte da formação.
O desenvolvimento social, cognitivo e emocional estão no foco da educação integral do Colégio Nossa Senhora dos Dores (CNSD). No tempo extra, a criança tem desde uma imersão em atividades ligadas à tecnologia, robótica educacional, práticas artísticas e monitoria para as tarefas da escola, até a educação socioemocional que aborda, por exemplo, o autoconhecimento e o autocuidado. "Trabalhamos também questões como a empatia, que deve ser um hábito a ser criado", diz Cláudia Gonçalves, coordenadora pedagógica do período integral. Até posturas que parecem simples, como comer com calma e fazer boas escolhas nutricionais, estão no foco do Nossa Senhora das Dores. E, como brincando também se aprende - e muito -, está em curso uma oficina de artes solidária. Uma vez por semana, a turma produz brinquedos com materiais doados. Muitas vezes, retalhos e sucatas se transformam em bonecas, jogos de tabuleiro, minisinucas, bolas e petecas, que são doados para uma instituição de caridade.

O projeto de ensino integral do Colégio Chromos começa na educação infantil e vai até o fundamental. Esportes, artes, saúde e alimentação fazem parte da grade curricular. "Temos a intenção de desenvolver a autonomia e a participação dos alunos", diz Flávio Zuppo, diretor pedagógico do Chromos Pampulha. Segundo ele, formar sujeitos ativos é um dos objetivos da educação integral. Flávio considera que o crescimento da procura está relacionado a uma nova percepção das famílias: "Elas entendem que, mesmo as brincadeiras, como um piquenique ao ar livre e projetos de leitura, acontecem dentro da proposta educacional", diz.