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Estado de Minas EDUCAÇÃO

Escolas de BH investem no ensino em tempo integral

Do ensino infantil ao fundamental, mais horas dentro das instituições proporcionam aos alunos aprendizado completo, inclusive com atividades que vão além da sala de aula


postado em 13/11/2019 16:14 / atualizado em 13/11/2019 17:49

A médica Daniella Barsante, o engenheiro civil Marcelo Campos e a filha Gabriela, no Marista: a menina frequenta o período integral três vezes por semana e faz atividades como inglês, futsal, consciência corporal e teatro, além de manter o dever de casa em dia(foto: Geraldo Goulart/Encontro)
A médica Daniella Barsante, o engenheiro civil Marcelo Campos e a filha Gabriela, no Marista: a menina frequenta o período integral três vezes por semana e faz atividades como inglês, futsal, consciência corporal e teatro, além de manter o dever de casa em dia (foto: Geraldo Goulart/Encontro)
Antes mesmo de começar a correr e a falar, a pequena Gabriela Campos já frequentava a escola em tempo integral. Aos 10 anos, a garotinha esperta e com o boletim recheado de boas notas é um exemplo de que ficar mais horas no colégio pode ajudar no desenvolvimento infantil. Mas, para que o período estendido na escola não seja apenas um momento de brincar enquanto os pais trabalham, o trabalho antes de o sinal tocar é grande. É importante que o colégio tenha um projeto bem desenvolvido, no qual todas as atividades, desde as brincadeiras livres até um projeto de gastronomia ou artes, tenham um propósito pedagógico bem estruturado.

Quem fica na escola durante o contraturno tem um agenda pensada para estimular o desenvolvimento cognitivo, motor e socioafetivo. Fazem parte da grade espaço para o desenvolvimento artístico, emocional, ajuda no para-casa, tempo para prática de esportes, estímulo para a alimentação saudável e até para a prática do trabalho voluntário. E, é claro, um horário para o relaxamento. "O projeto da educação integral tem uma intenção bem definida", diz Peterson Fernandes, vice-diretor educacional do Colégio Marista Dom Silvério. "Não é colônia de férias." Ele explica que, no Marista, onde o modelo é oferecido desde o ensino infantil até o 5º ano do fundamental, o projeto se divide em três dimensões principais: acadêmica, que inclui as monitorias, com tempo para estudo e tarefas, além de estudo de língua estrangeira; artística e cultural, com espaço também para a espiritualidade; e os esportes. "Buscamos trabalhar as competências que não são desenvolvidas com profundidade no tempo regular, garantindo, assim, a formação completa dos nossos alunos", diz Peterson. "O ideal seria que a escola brasileira fosse toda ela em tempo integral."

No Instituto Tarcísio Bisinotto: culinária faz parte das vivências da educação integral(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
No Instituto Tarcísio Bisinotto: culinária faz parte das vivências da educação integral (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
No Instituto Tarcísio Bisinotto (ITB), que recebe crianças de 1 a 5 anos, a educação integral é dividida em vivências que buscam trabalhar todas as dimensões da formação infantil. Nesse momento, dentro do projeto de gastronomia, a meninada desenvolve uma receita que será servida na festa da escola. Também fazem parte da experiência plantar e colher os temperos, além de buscar as frutas no pomar antes de preparar o suco. Já na tarde artística, o material reciclado se transforma em enfeites para os eventos da escola. "Na sala maker, o teatro é um dos protagonistas, mas essa aula pode acontecer também no pátio, debaixo da árvore", diz Melissa Fortes, gestora de projetos do ITB. Para ela, a demanda pelo ensino integral tem crescido ano após ano. "As famílias têm percebido que a estimulação orientada, de acordo com a faixa etária, garante o desenvolvimento apropriado em um espaço seguro, com profissionais capacitados."

A proposta da educação integral é combinar a formação acadêmica com a parte física, motora, estética e emocional da criança. "Ampliar a permanência na escola apenas para um reforço do conteúdo não é o objetivo desse ensino, que oferece uma formação ampla e não apenas mais do mesmo", explica a professora da Faculdade de Educação da UFMG, Lucia Helena Alvarez, estudiosa do tema. "As crianças não são apenas cérebro, mas também corpo e sensibilidade." Para ela, é importante que a formação seja ampliada não só para além da sala de aula, mas fora dos muros da escola, levando as crianças a vivenciarem os espaços da cidade como parte da formação.

Alunos do integral do Colégio Chromos: esportes, artes, saúde e alimentação fazem parte da grade curricular(foto: Violeta Andrada/Encontro)
Alunos do integral do Colégio Chromos: esportes, artes, saúde e alimentação fazem parte da grade curricular (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Gabriela Campos já estudou em duas escolas de ensino integral e garante que gosta da experiência: "Acho divertido", diz a aluna, do marista Dom SIlvério. Sua mãe, a médica Daniella Barsante, e o pai, o engenheiro civil Marcelo Campos, contam que visitaram várias instituições antes de tomar a decisão. Gabriela frequenta o período integral três vezes por semana e desenvolve atividades como inglês, futsal, consciência corporal e teatro, além de manter o dever de casa em dia. "A escola integral é a continuidade do ambiente escolar. É um lugar seguro e bem estruturado", diz Daniella. Para Marcelo Campos, os resultados são positivos, mas antes de fazer sua escolha a família deve procurar conhecer de perto a coordenação do curso. "Os profissionais são muito importantes. Fazem toda a diferença."

O desenvolvimento social, cognitivo e emocional estão no foco da educação integral do Colégio Nossa Senhora dos Dores (CNSD). No tempo extra, a criança tem desde uma imersão em atividades ligadas à tecnologia, robótica educacional, práticas artísticas e monitoria para as tarefas da escola, até a educação socioemocional que aborda, por exemplo, o autoconhecimento e o autocuidado. "Trabalhamos também questões como a empatia, que deve ser um hábito a ser criado", diz Cláudia Gonçalves, coordenadora pedagógica do período integral. Até posturas que parecem simples, como comer com calma e fazer boas escolhas nutricionais, estão no foco do Nossa Senhora das Dores. E, como brincando também se aprende - e muito -, está em curso uma oficina de artes solidária. Uma vez por semana, a turma produz brinquedos com materiais doados. Muitas vezes, retalhos e sucatas se transformam em bonecas, jogos de tabuleiro, minisinucas, bolas e petecas, que são doados para uma instituição de caridade. 

O engenheiro Marcus Vinicius Medeiros, a mulher, Lavínia Medeiros, e o filho Giovani, no Nossa Senhora das Dores: %u201CA escola é um espaço seguro que incentiva o desenvolvimento da criança%u201D, diz o pai(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
O engenheiro Marcus Vinicius Medeiros, a mulher, Lavínia Medeiros, e o filho Giovani, no Nossa Senhora das Dores: %u201CA escola é um espaço seguro que incentiva o desenvolvimento da criança%u201D, diz o pai (foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Com 7 anos, Giovani Coelli frequenta o tempo integral desde os 2. No CNSD, seus pais encontraram um lugar seguro e com atividades direcionadas para preencher de forma positiva a rotina do garoto. "Acho muito interessantes os valores que são trabalhados e os projetos do ensino integral", diz o engenheiro Marcus Vinicius Medeiros. Para ele, com os projetos desenvolvidos, Giovani se tornou menos tímido. "Na escola, ele trabalha a leitura, faz as tarefas e tem atividades lúdicas e tempo para a brincadeira."

O projeto de ensino integral do Colégio Chromos começa na educação infantil e vai até o fundamental. Esportes, artes, saúde e alimentação fazem parte da grade curricular. "Temos a intenção de desenvolver a autonomia e a participação dos alunos", diz Flávio Zuppo, diretor pedagógico do Chromos Pampulha. Segundo ele, formar sujeitos ativos é um dos objetivos da educação integral. Flávio considera que o crescimento da procura está relacionado a uma nova percepção das famílias: "Elas entendem que, mesmo as brincadeiras, como um piquenique ao ar livre e projetos de leitura, acontecem dentro da proposta educacional", diz.

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