
Os cães de mesma cor também são discriminados. Nas ruas, não raramente são as primeiras vítimas de abandono e maus-tratos. Nos abrigos, são a última opção de muitos que optam pela adoção. A chamada Síndrome do Cachorro Preto, constatada por pesquisa realizada pela ONG Lucky Dog Animal Rescue, localizada nos Estados Unidos, revela um misto de preconceito e crueldade. No Brasil, ativistas da causa redobram os cuidados nas datas em que se comemora o Halloween e nas temidas sextas-feiras 13. Períodos em que a doação de gatos pretos é praticamente abolida, para não correr o risco de que sejam mortos em rituais. "Infelizmente, isso ainda é uma realidade em nosso país, contrariando a Declaração Universal dos Direitos dos Animais e o respeito a todas as formas de vida", diz Gloria Araripe, mentora da ONG Gato Uai.

O que muitos se esquecem é de que cada animal possui uma personalidade distinta, mesmo quando se trata de uma mesma raça. Segundo os especialistas, a maneira como são criados pelos donos diz muito mais sobre o seu temperamento do que suas heranças genéticas. E, é claro: a preocupação com a cor do pelo diz respeito, na verdade, à vaidade humana. Panqueca que o diga. Vira-lata de 2 anos, teve a irmã branca adotada primeiro. Pouco tempo depois, foi acolhida pela motion designer Aline Caldeira Coelho. Desde então, a filhote preta e desengonçada se transformou em uma cadela elegante e inteligente. Só não venceu mesmo foi o preconceito. "Alguns olham pra ela e dizem com ar crítico: nossa, é até bonita! Como se não pudesse ser, por se tratar de uma cadela preta e sem raça definida", diz a dona. Outros, afirma, tratam Panqueca diferente da maneira como agem com animais de raça.
