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Estado de Minas DIVERSÃO

Saiba por que bares e restaurantes da região leste de BH vem se destacando

Conheça alguns desses estabelecimentos e saiba qual é o "segredo" dessa porção da cidade


postado em 17/12/2019 14:15 / atualizado em 19/12/2019 14:59

Rua Sapucaí, no bairro Floresta: via virou point de shows e festivais gastronômicos(foto: Maíra Cabral/Divulgação)
Rua Sapucaí, no bairro Floresta: via virou point de shows e festivais gastronômicos (foto: Maíra Cabral/Divulgação)
A esquina da rua Juramento com Iara, no discreto e residencial bairro Pompeia, anda bem badalada. O motivo é um bar sem frescuras que ganhou a moçada, fã de cervejas artesanais, música na vitrola e, claro, de um bom bate-papo. Na rua Sapucaí, outros bares, restaurantes e baladas dão o tom da via que, em um passado recente, servia apenas de passagem. Quase no final da rua Mucuri, um imóvel centenário, meio escondido, virou point de eventos dos mais diversos. Essas cenas registram algo em comum. Todas se passam na região Leste de Belo Horizonte. Nos últimos anos, essa porção da cidade passou a sediar boas e diversificadas opções para comer e beber, além de movimentar a indústria criativa.

O clima anda bem fervilhante por lá. "Não queríamos abrir uma cervejaria no Jardim Canadá, como muitos estavam fazendo. Optamos por acompanhar esse movimento de ocupação da cidade", diz Rafael Quick, um dos sócios do bar Juramento, inaugurado em 2017. Ali também é a sede da cervejaria Viela, que já ganhou uma extensão no Mercado Novo, na área central de BH. "O interessante é que a região vem recebendo vários projetos, mas o perfil permanece o mesmo", diz Rafael.

Chef Cristóvão Laruça, sócio do Capitão Leitão, inaugurado em agosto, em Santa Tereza:
Chef Cristóvão Laruça, sócio do Capitão Leitão, inaugurado em agosto, em Santa Tereza: "O tempo aqui corre de outra maneira. Parece que as pessoas estão sempre de férias" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
"O tempo aqui corre de outra maneira. Parece que as pessoas estão sempre de férias", diz o chef Cristóvão Laruça, sócio no restaurante Capitão Leitão, inaugurado em agosto, no boêmio Santa Tereza. Para ele, o bairro tem semelhanças com sua terra natal, a Costa de Caparica, uma vila de pescadores que fica a 15 quilômetros de Lisboa. "É um lugar de casas baixas, poucos prédios, onde todo mundo se conhece", diz.

Se o Santa Tereza lembra uma vila de pescadores, a orla do mar bem poderia ser a rua Sapucaí, no vizinho Floresta. O número de opções de bares e restaurantes aumentou nos últimos anos, impulsionado pelo sucesso da Salumeria, estabelecimento que aterrissou por lá em 2012 e abriu o caminho para outros negócios. "Quando abrimos, recebemos moradores de bairros que não tinham o costume de vir para cá", diz André Hallak, um dos sócios do restaurante especializado em suínos. Para ele, a Salumeria deu apenas um empurrãozinho para a Sapucaí se transformar em polo gastronômico. "Havia uma vocação reprimida. A rua tem uma vista muito bonita e já favorecia esse tipo de ocupação", diz André.

Amadoria, no bairro Floresta: espaço de ocupação colaborativa tem programação de eventos culturais(foto: Dilson Ferreira/Quarto Studio/Divulgação)
Amadoria, no bairro Floresta: espaço de ocupação colaborativa tem programação de eventos culturais (foto: Dilson Ferreira/Quarto Studio/Divulgação)
Da mesma Sapucaí, é possível, desde 2017, avistar grafites gigantes nas empenas cegas de edifícios da área central. "Estávamos procurando prédios para pintar e notamos que da rua era possível avistar vários deles. Foi quando nasceu o Circuito de Arte Urbana, o Cura", diz Juliana Flores, uma das idealizadoras do festival, que no próximo ano terá outra edição.

Ricardo Rodrigues, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG), acredita que em função da Lei Seca novos estabelecimentos começaram a surgir fora do anel da Contorno, para que os clientes não se deslocassem tanto pela cidade. "A região Leste já tinha em seu DNA o traço cultural e boêmio, mas era um pouco tímido", diz. Segundo a Secretaria Municipal de Política Urbana, na região há 590 alvarás de bares e restaurantes ativos.

Bar Juramento, no Pompeia: apesar de acanhada, sede da Cervejaria Viela fez tanto sucesso que já ganhou uma extensão no Mercado Novo(foto: Tomas Arthuzzi/Divulgação)
Bar Juramento, no Pompeia: apesar de acanhada, sede da Cervejaria Viela fez tanto sucesso que já ganhou uma extensão no Mercado Novo (foto: Tomas Arthuzzi/Divulgação)
Mas, nem só de boemia vive esse lado da cidade. Muitos empreendedores escolheram a região para abrir as portas de imóveis dedicados à ocupação criativa. É o caso da Amadoria, que nasceu em Santa Tereza, em 2015, e dois anos depois se mudou para o vizinho Floresta. A casa centenária, onde morou o estilista Ronaldo Fraga, vem sendo disputada por pessoas que ministram cursos e oficinas dos mais diferentes tipos. Além disso, são realizados eventos culturais, como noites dedicadas ao jazz e ao blues. "De alguma forma, a região atrai pessoas que têm senso de comunidade e que valorizam atitudes simples", diz Mary Machado, uma das sócias da Amadoria. Perto dali, outro casarão centenário está de portas abertas para a ocupação artística: a Casa Híbrido, na rua Aquiles Lobo. Nívea Freitas, uma das sócias do projeto, conta que o valor do aluguel dos imóveis na região, apesar de serem antigos e espaçosos, não é tão caro como em outras partes da cidade. "Além disso, aqui moram pessoas ligadas às artes e à economia criativa. Os moradores tendem a se identificar com projetos como o nosso", diz.

Para Françoise Jean de Oliveira, diretora de Patrimônio da Fundação Municipal de Cultura, a região não está sendo apenas redescoberta pelos empreendedores, mas por outros moradores da cidade. "Esse fenômeno vem acompanhando o movimento de ocupação dos espaços públicos, que tomou conta de BH nos últimos anos", afirma. Quem ganha com isso é o público, que tem a chance de navegar por mares que vão além da avenida do Contorno.  

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