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Estado de Minas CULTURA

Conheça o trabalho da artista plástica mineira Marina Nazareth

Com mais de trinta exposições individuais no Brasil e no exterior, as obras dela podem ser vistas em locais como o Museu de Arte da Pampulha e a Fundação Clóvis Salgado


postado em 28/01/2020 16:24 / atualizado em 31/01/2020 17:35

A artista plástica Marina Nazareth, de 81 anos: algumas de suas obras podem ser vistas no Museu Mineiro, Museu de Arte da Pampulha, Fundação Clóvis Salgado e Reitoria da UFMG(foto: Violeta Andrada/Encontro)
A artista plástica Marina Nazareth, de 81 anos: algumas de suas obras podem ser vistas no Museu Mineiro, Museu de Arte da Pampulha, Fundação Clóvis Salgado e Reitoria da UFMG (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Foi na Belo Horizonte de 1939, quando bondes ainda costuravam as ruas de paralelepípedo da cidade, que Marina Narazeth nasceu. Ela cresceu em uma chácara com seu pai, mãe e duas irmãs, exatamente onde hoje está a Vaca de Concreto, a "Vaquinha" da Rua Leopoldina, no bairro Santo Antônio. Iniciativa de Marina, a intervenção foi feita pelo paulistano Marcello Nitsche. No lugar da fazendola estão hoje dois edifícios. Um deles foi batizado com o nome do pai de Marina, Clodoveu de Oliveira, que era pediatra, "mas gostava mesmo era de fazer coisas na oficina que tinha em casa", como lembra Marina. Até hoje, um microscópio que o médico fez do zero decora um dos móveis da casa da filha.

Por inflexibilidade do pai, a artista teve de abrir mão de estudar filosofia e ingressou, em 1958, na Faculdade de Direito da UFMG. Lá, Marina conheceu artistas como Álvaro Apocalypse, Haroldo Mattos e Nello Nuno. Mas foi no ano seguinte que Marina teve sua epifania ao ir a uma exposição do artista plástico Alberto da Veiga Guignard no Automóvel Clube. "Saí de lá completamente desorientada", diz. "Nunca me esqueci do que eu senti. Pensei: ‘Quem sabe pode ser isso!?’." Foram as galerias de arte que deram à Marina a certeza de que ela seria artista. "Antes, eu tentava por para fora a maluquice que trazia dentro de mim. Ela queria sair, mas não sabia como."

A Montanha Pulverizada: em homenagem a poema de Carlos Drummond de Andrade(foto: Violeta Andrada/Encontro)
A Montanha Pulverizada: em homenagem a poema de Carlos Drummond de Andrade (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Em 1963, Marina se formou em Direito. "Eu já sabia que eu não seria advogada coisíssima nenhuma", diz. "Mas se eu começo uma coisa, eu termino." Foi nesse mesmo ano que Marina pintou seu primeiro quadro. Depois, casou-se e começou a frequentar a Escola de Belas Artes da UFMG. "Meus amigos eram uma turma de loucos", diz a artista. "Uma vez, ficaram bêbados e decidiram pintar um retrato meu. Todos quiseram participar. Se empurravam para dar suas pinceladas". A obra, que Marina pendurou em um dos cômodos de sua casa, tem pinceladas de Haroldo Mattos e Nello Nuno.

Em 1966, Marina foi para o Rio a convite da artista polonesa Fayga Ostrower, para trabalhar em seu ateliê. Ficou por lá dois anos antes de abrir seu próprio espaço. "Devo grande parte da minha formação à Fayga.", diz Marina. "Ela foi absolutamente fundamental." Foi no período em que trabalhou com Fayga que a artista fez sua primeira exposição, no Rio. Como não conhecia nenhum crítico de arte, ela escreveu a própria apresentação de sua exposição. "Foi um sucesso", diz. "Vendi quase todos os quadros."

Quadro da série As Sombras e suas Flores: título propõe
Quadro da série As Sombras e suas Flores: título propõe "inversão da ordem causal" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Em 1975, Marina foi convidada a fazer pós-graduação em "Realidade Nacional e Desenvolvimento", no Centro de Pesquisa João XXIII Ibrades, no Rio. Nele, se envolveu com assuntos políticos revolucionários para a época, como o Clube de Roma e proteção ao meio-ambiente. "Isso deu uma reviravolta monumental em minha vida", diz Marina. "Mudou a minha cabeça por completo. Minha visão de mundo." Em 1976, Marina se separou e voltou para Belo Horizonte com seu único filho, Marcelo. A partir daí, criou diversos trabalhos, entre eles dez séries que se alternam entre desenhos, pinturas, litografia, experimentos e diálogos com a literatura. A última, iniciada em 2006 e terminada em 2014, foi batizada de "Paisagem". A artista viajou de carro por Minas observando as montanhas e retratando-as nas telas.

Em BH, é possível contemplar a arte de Marina no Museu Mineiro, Museu de Arte da Pampulha, Fundação Clóvis Salgado e reitoria da UFMG. No momento, a artista resgatou o trabalho com tintas e colas e está fazendo artes que não obedecem as margens da tela. "Quero romper com a coisa fechada, quadrada", diz a artista. "Quero modificar os limites." Como tem feito por toda a sua vida. 

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