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Estado de Minas EDUCAÇÃO

Cresce o interesse de estudantes por fazer a graduação no exterior

Com dinheiro poupado, planejamento e bom domínio da língua estrangeira, é possível ter o título válido em outros países fazendo o curso todo fora ou optar por faculdades internacionais dentro do Brasil


postado em 14/01/2020 23:15 / atualizado em 15/01/2020 13:36

Os jovens Luiz Felipe Bernis (esq.) e Thiago Salles, de 17 anos, estão no processo de candidatura em universidades estrangeiras: busca por excelência no ensino, experiências novas e diploma reconhecido globalmente(foto: Violeta Andrada/Encontro)
Os jovens Luiz Felipe Bernis (esq.) e Thiago Salles, de 17 anos, estão no processo de candidatura em universidades estrangeiras: busca por excelência no ensino, experiências novas e diploma reconhecido globalmente (foto: Violeta Andrada/Encontro)
Intercâmbio de um semestre durante a graduação não tem sido suficiente para os jovens da atual geração. Muitos deles têm planos mais ousados: querem a experiência de mais tempo estudando fora, com o diploma tirado em outro país. Isso porque esses estudantes sabem que o mundo globalizado está ao alcance, e que atuar profissionalmente só no Brasil pode ser pouco para suas ambições.

Segundo Bernardo Cozzi, sócio da Zest Consulting, empresa que presta consultoria nesse tipo de processo, o que há alguns anos parecia muito difícil e distante está ficando mais fácil, pois as universidades estão interessadas em diversidade, e isso inclui abertura para alunos estrangeiros. No entanto, alerta que os interessados em estudar fora devem se planejar com antecedência. "Resolver isso no último ano do ensino médio complica, diminui as chances", diz. Prazo para se preparar é importante, explica, porque muitos dos processos de admissão (especialmente nos Estados Unidos) têm exigências que não são contempladas pelo ensino regular brasileiro. Assim, organização e planejamento são palavras-chaves, e pode ser que os alunos tenham de correr atrás de algumas competências e atividades por conta própria.

"Normalmente, nos Estados Unidos, a avaliação está baseada em três pilares: atividades extracurriculares, proficiência no idioma e notas no ensino médio", afirma. Cozzi explica que as atividades fora da escola não precisam ser tantas assim. Coerência é importante, então é melhor escolher o que faz sentido para o aluno e se dedicar. As chamadas "soft skills", habilidades socioemocionais, também são valorizadas. A antecedência é importante, ainda, para dar chance ao aluno, caso necessário, de focar na língua estrangeira e tentar melhorar as notas na escola.

O estudante Thiago Salles, de 17 anos, quer fazer medicina. Se tudo der certo, em uma universidade Ivy League (grupo de faculdades de elite nos Estados Unidos). Para tal, além de muita atenção aos estudos, tem investido nas atividades extracurriculares, como trabalho voluntário no Hospital Luxemburgo, que fez nas férias. Seu interesse não é ficar de vez no exterior. "Adoro morar em BH, no Brasil. Mas acho que, como o mundo está hoje, fazer faculdade fora seria uma oportunidade muito boa", afirma.

O custo da graduação fora é alto (média de 50 mil dólares por ano), mas há muitas bolsas de estudos que os alunos podem pleitear. As integrais são difíceis de conseguir, mas as parciais, nem tanto. Luiz Felipe Bernis, de 17 anos, está apostando em uma vaga (e bolsa) em universidade americana pelo talento esportivo. Ele, que já jogou futebol no América e no Ferroviário, mandou vídeos para serem avaliados pelos técnicos e também já concluiu todas as outras exigências, como exame de proficiência e redação. "Comecei a pensar na ideia de estudar fora na primeira série do ensino médio, o que me deu tempo para focar no inglês, que eu vinha negligenciando um pouco antes disso", explica.

Priscila Malaguti Guerzoni, diretora acadêmica de curso de graduação da faculdade internacional Skema:
Priscila Malaguti Guerzoni, diretora acadêmica de curso de graduação da faculdade internacional Skema: "Levamos em conta alguns componentes do perfil do aluno que não tem como serem contabilizados durante uma prova escrita. Queremos saber se realizou trabalhos voluntários, feiras, eventos, se engajou em atividades extracurriculares" (foto: Violeta Andrada/Encontro)
De olho nessa demanda dos diplomas aceitos no além-mar, faculdades internacionais também aportaram por aqui. A Skema Business School, da França (e com campi também nos Estados Unidos, China e, a partir de 2020, África do Sul) chegou a BH em 2015. Ela oferece um curso de graduação, em administração com ênfase em gestão em negócios globais, e também cursos de pós-graduação. A proposta é que o aluno faça dois dos quatro anos da graduação na capital mineira, e depois escolha onde cursar o resto. O diploma vale no Brasil e, dependendo do percurso escolhido, pode valer em um ou dois países estrangeiros. Segundo a diretora acadêmica de curso de graduação, Priscila Malaguti Guerzoni, o processo de admissão é padronizado em todos os campi, e envolve entrevista pessoal em inglês, redação na língua nativa e comprovação de proficiência em inglês, além de análise do histórico escolar e do perfil do aluno. "Avaliamos as soft skills, o perfil, motivação. Levamos em conta alguns componentes do perfil do aluno que não tem como serem contabilizados durante uma prova escrita. Queremos saber se realizou trabalhos voluntários, feiras, eventos, se engajou em atividades extracurriculares", conta.

Já na Broward International University, instituição americana que chegou a BH em 2018 e está presente em 13 países, a proposta é diferente. Os alunos fazem os dois primeiros anos no Brasil (o que equivale ao "ciclo básico" das universidades americanas). Depois, para concluir os estudos, precisam ir para os Estados Unidos, onde conquistam o diploma de graduação. Dá para fazer isso na Broward e em outras universidades públicas da Flórida sem ter de fazer nova prova de admissão. Como não dá diploma no Brasil, a faculdade não é credenciada ao MEC.

Tem o desejo de estudar fora? Conheça algumas dicas para facilitar o processo:

  • Planeje com antecedência (o ideal é começar quando se entra no ensino médio)

  • Ainda que a faculdade de interesse seja pública, os custos com moradia, alimentação, e mesmo com taxas da instituição, podem ser altos; ter mais tempo também ajuda a poupar

  • Pesquise bolsas de estudos, pois há muitas bolsas parciais disponíveis e algumas integrais

  • Conheça a fundo o processo de admissão para poder se programar, estudar, fazer simulados das provas de seleção

  • Se a universidade valorizar atividades extracurriculares, procure as que tenham a ver com o seu perfil e se dedique

  • Empenhe-se nas aulas de inglês (ou idioma em questão); proficiência é exigida

  • Escolas básicas brasileiras que possuem programas de High School costumam ter convênios com universidades, além de garantirem o diploma de ensino médio aceito no país conveniado, o que facilita a admissão

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