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Indo na contramão da pegada de videoconferências, lives e plataformas digitais, a rede de cinemas mineira Cineart buscou um modelo do passado para voltar com as suas atividades. Criados no começo do século XX, os cinemas drive-in se tornaram uma tendência nos Estados Unidos no período após a II Guerra Mundial. Com uma tela gigantesca e filas de veículos se arrastando por metros, essa estrutura icônica acabou se tornando um dos principais símbolos da década de 1950, junto com a brilhantina e os carros com rabo de peixe. Apesar de a ideia nunca ter sido tão forte no Brasil, o Cineart viu no cinema drive-in uma forma perfeita e segura de voltar a exibir filmes. E a iniciativa deu tão certo que rolou até uma festa junina, com direito a comidas típicas e show ao vivo. "É uma outra experiência. Tem o conforto do carro e a diversão de fazer um programa diferente", diz Thais Henriques, diretora do Cineart. "Acho que as pessoas estão loucas por alguma distração, um respiro com segurança."

Para os fãs da música clássica, a pandemia não poderia ter escolhido uma data pior: 2020 é o ano que marca o 250º aniversário do compositor Ludwig van Beethoven. "O maestro Fábio Mechetti já tinha preparado uma programação lindíssima com várias obras do compositor", conta Diomar Silveira, presidente do Instituto Cultural Filarmônica. "Estava tudo programado, desde setembro do ano passado". Mas isso não quer dizer que o aniversário do gênio alemão passará despercebido. Ao redor do mundo, várias orquestras criaram soluções criativas para voltarem com os concertos. Acostumada a ver seus mais de 1.700 assentos tomados, a Orquestra Filarmônica de Viena limitou a capacidade da sua sala de concertos a apenas 100 pessoas, além de diminuir o tempo máximo de cada concerto para 70 minutos, sem intervalos.

Já o setor de teatros sentiu com força os impactos da crise do coronavírus ao redor do mundo. Em Nova York, a Broadway só tem expectativa de abrir as suas quarenta casas de espetáculos depois de setembro. No Reino Unido, segundo o presidente da UK Theatre, associação que concentra profissionais do ramo, cerca de 70% dos teatros da região fecharão as portas. Musicais famosos, como Cats e Os Miseráveis, só devem voltar a serem exibidos em Londres no ano que vem. Já no norte da Austrália, região que não teve nenhum caso de transmissão comunitária do novo coronavírus, um teatro local conseguiu abrir suas portas. O novo normal dentro do Browns Mart Theatre é assim: máscaras, ingressos eletrônicos, capacidade reduzida e respeito total às regras de distanciamento social - até mesmo entre os atores.
