
Maior representante viva da arte mineira no Brasil e no exterior, a artista plástica Yara Tupynambá, de 86 anos, natural de Montes Claros, dispensa apresentações. Mas dá gosto ressaltar o seu talento e apreciar suas obras. Com 105 painéis e murais espalhados por todo o país, sua arte transcende barreiras geográficas. E o seu carisma, também. Quem a conhece sabe bem que a arte, em sua vida, não é algo periférico ou ocasional. É, de fato, o centro de sua existência. E em tempos de quarentena, não seria diferente. "Estou achando essa pandemia uma chatice, mas fazer o quê?", diz, com a resiliência de quem já enfrentou várias crises. Com o raciocínio rápido e a inquietação que lhe são peculiares, conta que apesar de adotar todos os cuidados recomendados para resguardar sua saúde, não se abalou emocionalmente. O que sofreu mudanças foi sua rotina pessoal. "Agora que estão todos isolados, tenho de me preocupar com questões da casa, alimentação. Nada que prejudique minha criação artística." Yara explica que suas obras não surgem do acaso. Resultam da soma de conhecimentos adquiridos em sua vivência. No ano passado, uma das séries produzidas pela artista teve o tema "florestas". Coincidentemente, logo no início da COVID-19, uma nova série seguiria a mesma temática. Agora, sobre vegetação. "Aqui em casa tenho muitos jardins floridos e busco retratá-los de forma leve e alegre", conta. Além de auxiliá-la a resgatar doces lembranças, as flores de Yara têm o dom de alegrar a alma.

Em cada artista, o desejo de levar esperança e incitar à reflexão através de suas obras, tem se tornado ainda mais latente. As emoções nunca estiveram tão à flor da pele. Para KK Bicalho, o bailado das pipas no céu remete a algo imprescindível ao ser humano: a liberdade. "Somos mesmo livres, como acreditamos?", questiona. Aos 31 anos, casada e mãe de um bebê de 10 meses, a mineira, nascida em Belo Horizonte, se dedica à sutileza das miniaturas. Com técnica e paciência, recortes de papel feitos à mão ganham formas e se transformam em pequenas obras de arte que cabem na ponta do dedo.
Jornalista e quadrinista, Lu Cafaggi, de 32 anos, nasceu na capital mineira, mas mora atualmente em Kilkenny, na Irlanda. Ela relata que as mesmas aflições que atingem os brasileiros, também assombram os irlandeses. "Acho que todo mundo ficou muito ansioso durante o isolamento porque vieram à tona incertezas que escancararam a violência com que vivíamos até então", diz. Apesar da rotina de cuidar da casa, estudar e trabalhar nos quadrinhos não ter sofrido grandes alterações, a artista teve um imprevisto que explicitou ainda mais as consequências das últimas mudanças sofridas nos continentes.
