A mostra exibe obras de diferentes fases de sua carreira, mas todas voltadas para a temática do meio ambiente. "Abordei a natureza sob os mais diversos aspectos, desde florestas selvagens, intocadas, até natureza cultivada", explica. Há obras ligadas às matas mineiras, como do Vale do Rio Doce, quadros com cenas dos parques de BH, obras sobre os jardins do Inhotim e também uma série sobre o próprio jardim da casa da artista, que ela cultiva com muito carinho. "Em casa, todo mundo pode ter contato com seus pequenos vasos, sabendo que flor não dá o ano inteiro", alerta a mineira de Montes Claros. "Eu gosto muito da íris, por exemplo, a planta do Van Gogh, mas ela só dá em novembro e dezembro, e tenho de cuidar dela sem floração o resto do ano, o que exige paciência."

E não só nas obras relativas à cultura do estado, mas também àquelas com tema de natureza, Yara vai à campo. Literalmente. "No Vale do Rio Doce, fui com guia, fiquei em acampamento, comi e dormi lá", afirma. Para visitar as velócias-gigantes, árvores com mais de 500 anos que existem na Serra do Cipó, teve de pedir autorização para o Ibama, pois deixou de ser permitida a circulação de pessoas no local, já que elas estavam destruindo as plantas em questão. No meio da mata do Parque Jacques Cousteau, em BH, ela pintou uma parede que encontrou por lá, toda grafitada com arabescos de azulejos e cuja história ninguém lhe soube contar. O quadro A Velha Parede Esquecida, aliás, é um de seus favoritos na exposição. "Pelo mistério que tem nele", explica. Segundo o artista plástico mineiro Fernando Pacheco, colega e amigo de Yara há mais ou menos 40 anos, a temática de sua obra vem de suas raízes. "Yara se mistura à sua arte através de suas origens", afirma. "É uma obra muito marcante pela verdade que contém, a verdade da vida dela", explica.

A trajetória de Yara mostra como nunca foi uma mulher conformada, ao contrário. Sempre foi atrás de seus desejos e objetivos, com muita coragem e honestidade. De acordo com Pacheco, pode-se definir a pintora, gravadora, muralista e desenhista como uma pessoa batalhadora, corajosa e guerreira. "Ela vai à luta, atrás do sonho dela, das realizações", diz. "E fala o que tem que ser falado, briga pelo que tem que ser brigado", completa. Em 1969, quando criou o painel Inconfidência Mineira, de 40 m de largura e 4 m de altura, que fica na reitoria da UFMG - onde foi professora e diretora na Faculdade de Belas Artes da UFMG - não abaixou a cabeça para os militares que acompanhavam o processo de produção do mural. Ela ia trabalhar na obra sob os olhos vigilantes dos militares com armas em punho. Ainda assim, acrescentou à obra, ao final, a frase "Condição primeira para a cultura é a liberdade". Esse é um de seus mais de 104 painéis e murais (sete dos quais tombados pelo Patrimônio Histórico Cultural de Belo Horizonte).

Exposição Yara Tupynambá – 70 anos de carreira
Onde: CCBB-BH
Endereço: Praça da Liberdade, Lourdes, Belo Horizonte
Data: até 20 de maio
Horário: quarta a segunda, das 10h às 22h (mediante agendamento, dependendo das medidas de contenção da Covid-19)
Informações: (31) 3431-9400 ou @ccbbbh no Instagram
Onde: CCBB-BH
Endereço: Praça da Liberdade, Lourdes, Belo Horizonte
Data: até 20 de maio
Horário: quarta a segunda, das 10h às 22h (mediante agendamento, dependendo das medidas de contenção da Covid-19)
Informações: (31) 3431-9400 ou @ccbbbh no Instagram