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Estado de Minas GASTRONOMIA

Sete estabelecimentos em BH que oferecem um só produto

Em um mundo com tantas opções culinárias, alguns lugares investem pesado em qualidade e não quantidade


postado em 31/05/2021 23:19 / atualizado em 01/06/2021 16:08

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(foto: Divulgação)
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Todo santo dia é a mesma coisa. A cozinha funciona como um relógio, já acostumada a preparar sempre o mesmíssimo cardápio. São especialistas em um só negócio. Para quem investe em um mercado de nicho, uma das maiores vantagens é exatamente saber tintim por tintim a respeito de seu produto. E qualquer chef de respeito sabe que o sucesso passa pela dedicação do dono e sobre seu conhecimento sobre o que vende. Mas os desafios não são menores que os enfrentados por aqueles que optam por cardápios ampliados. "Na época da greve dos caminhoneiros, a saca de limão chegou a custar 280 reais. Foi um desespero", diz Raí Amorim, que ao lado do irmão, Rodolfo Alcântara, cuida d’A Tradicional Limonada, no Mercado Central. O lugar, querido por muitos belo-horizontinos, existe desde 1938 e, como o nome mesmo indica, só vende limonada. "O segredo é o empenho, o carinho que colocamos no que fazemos, porque não tem um ingrediente especial, só açúcar e limão", completa Raí.

Se a Tradicional Limonada conseguiu vencer quase um século de existência, outros negócios surgem de acordo com as oportunidades. Algumas até amadureceram e ganharam novo fôlego durante a pandemia. É o caso do Rocambole do Célio. Quem faz o doce, claro, é o Célio, funcionário público que sempre adorou a sobremesa, principalmente a preparada por sua mãe, dona Joana. Durante anos a fio, testou receitas para chegar o mais próximo do sabor que alegrou seus tempos de menino. E conseguiu. Orgulhoso do feito, passou a levar rocambole nos encontros de família e para os amigos do trabalho. O mesmo fez sua mulher, Jaqueline Paiva. Logo vieram as primeiras encomendas, que só crescem a cada dia. A história começou em 2016 e, atualmente, o casal tem uma produção de 150 rocamboles por mês. "No ano passado, quando começamos a trabalhar em home office, voltamos a produzir e colocamos na internet. Era perto do Dia das Mães e o número de encomendas nos surpreendeu", conta Jaqueline.

Confira a história de sete lugares em BH que trabalham com um só produto. Um casamento que envolve muita paixão e criatividade para não deixar que a relação com os clientes caia na rotina.

Peko Peko Ramen

(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)
Imagine um japonês passando a mão na barriga e exclamando: peko peko! O que ele quer dizer, de forma fofa, é que está com fome. Daí vem o nome do espaço dedicado exclusivamente ao ramen, tipo de sopa muito consumida no Japão. As diferenças entre o ramen e o lamen (sopa chinesa) são bem sutis, explica Arthur Ferolla que criou a marca há pouco mais de sete meses. Até então ele comandava A Cafeteria, no Museu das Minas e do Metal, que acabou fechando durante a pandemia. "Trabalhei em São Paulo com cozinha fria asiática, passei a estudar a culinária do país e me apaixonei pelo ramen", explica ele, que estava com as malas prontas para passar uma temporada da Terra do Sol Nascente, mas precisou adiar o estágio de três meses por lá por causa do coronavírus. "Aí resolvi começar a fazer em casa para ir pegando uma certa experiência." Seis meses depois, ele já estava fazendo mais de 100 pratos por semana. O sucesso foi tamanho que Arthur (à esq.) se juntou a Ariel Safar e resolveram abrir, há cerca de dois meses, um espaço próprio no Barroca. A produção já dobrou. "Somos os únicos por aqui a fazer artesanalmente o nosso noodle (massa que vai na sopa)," explica Arthur. E não para por aí. Tudo é feito na casa. Dos molhos ao óleo aromático de mexerica usado em algumas receitas. "Acho um privilégio trabalhar com um produto que eu amo." Eles trabalham com encomendas e as entregas são feitas somente às quintas e sextas. O cardápio está disponível no @pekopeko.ramen, por meio de onde também são feitos os pedidos. O Shoyu Ramen é tradicional e vem com chashu (barriga de porco), ajitama (ovo marinado), cebolinha, acelga com gergelim, cenoura picante, óleo de mexerica e noodle (R$ 35). Já o Vegano vem com cogumelos no vapor, rabanete, espinafre com gergelim, couve-flor tostada, noodle e óleo de mexerica (R$ 35).

Let's Dog

(foto: Paulo Márcio/Encontro)
(foto: Paulo Márcio/Encontro)
Dia desses, uma moça entrou na loja do Let´s Dog, no Lourdes, e perguntou: "Não tem nada sem salsicha?" O dono Rafael Fonseca disse que não, mas jurou que se ela experimentasse seu cachorro-quente não iria se arrepender. Ganhou a cliente. "Essa é a desvantagem de oferecer apenas um tipo de produto", explica ele, que inaugurou a marca em março. Por outro lado, ele entendeu o que muita gente demora a compreender: que o seu foco deve estar no produto. "Cansei de ir a uma sanduicheria e pedir uma batata-frita e vir aquela coisa mais ou menos, com legume congelado. Foi quando caiu a ficha: o negócio daquele lugar é sanduíche e não batata", explica. Sendo assim, Rafael não abre mão de ter um hot dog com um bom custo-benefício. Para isso, se cercou de fornecedores confiáveis e investiu em preparar o molho de tomate artesanalmente. A salsicha é Frankfurt e mede 20 centímetros. Há também uma versão vegana. Os clientes podem montar suas próprias combinações, escolhendo os toppings, o molho e o pão, mas também há os sabores fixos. O mais queridinho é o Let’s Bafo (R$ 16,90), Pão brioche, salsicha, molho de tomate, maionese de alho e cebola crispy. O Let´s Bacon (R$ 16,90) vem logo em seguida na lista de preferências e é preparado com pão brioche, salsicha, molho de tomate, molho de churrasco e bacon. Se quiser experimentar um mais diferentão, vá no Mex (R$ 16,90), pão de batata com gergelim misto, salsicha, molho de tomate, maionese jalapeño e farofa de Doritos. Além de vender pelo Instagram @letsdogueria, os cachorros-quentes podem ser pedidos pelos aplicativos iFood, Rappi e UberEats.

Cheeseburgueria André Paganini

(foto: Divulgação)
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André Paganini só serve o que gosta de comer. Foi assim quando criou o cardápio do Chico Dedê, seu bar/restaurante no Anchieta. E não poderia ser diferente quando o chef resolveu abrir sua própria sanduicheria. A descrição do espaço no Instagram @cheeseburgueriabh deixa claro o espírito da casa: "cheeseburguer tradicional, simples, honesto e extremamente saboroso". Inaugurado em janeiro, o estabelecimento está localizado no Padre Eustáquio e funciona de terça a domingo. "A ideia inicial dificultava a nossa cabeça, nos perguntávamos porque os clientes teriam interesse em um lugar que só tinha uma opção?", explica André. "A solução foi fazer um sanduíche com ingredientes de muita qualidade, um blend interessante e assado na churrasqueira", completa. São quatro tipos de cheeseburger, como o Serra do Curral (R$ 25,90), montado no pão artesanal de mandioca, catchup caseiro de jabuticaba, picles de maxixe, blend de copa lombo e queijo minas; e o Tango (R$ 25,90), brioche artesanal catchup de cebola tostada, picles, cebola caramelizada no whisky, blend de costela, queijo prato e chimichurri caseiro. Como acompanhamento, os clientes podem escolher entre os chips de jiló (R$ 5) ou de mandioca (R$ 5). "Eu não queria que fosse batata frita", diz o chef. Os pedidos são feitos pelo próprio Instagram da marca e pelo iFood.

Cabritus

(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)
Fazia tempo que os noivos Cristiane Mendes e Gabriel Gouvea queriam empreender. E desde sempre sabiam que seria no ramo de alimentação. Primeiro, pensaram em uma pizzaria, mas não em sua vizinhança, no Camargos, pois achavam que o lugar estava saturado. Tentaram bairros próximos e nada. Nenhum imóvel balançou o coração do casal. Foi quando resolveram investir em um foodtruck. O lance é que comer pizza na rua e na mão era um complicador e daí veio a ideia do calzone. "A opção foi fazer uma pizza fechada para facilitar a vida do cliente", explica Cristiane. A maior diferença entre os dois preparos italianos é a massa, que no calzone não pode ser fermentada. Logo, o Cabritus (o nome foi em homenagem à forma como os dois se tratam) caiu no gosto da turma. E então veio a pandemia e o caminhão estacionou na garagem. Está lá há 1 ano e meio. Gabriel e Cristiane precisaram se reinventar. Compraram um forno e passaram a preparar o salgado em casa. São 11 sabores no total. Os que mais saem é o Cabritus 1, recheado com molho de tomate, muçarela, lombo canadense, bacon, cheddar e orégano (R$ 15); e o Especialidade da Casa, com molho de tomate, muçarela, frango desfiado, palmito, milho, catupiry e orégano (R$ 15). Para quem não dispensa uma sobremesa tem a versão doce preparada com chocolate e avelã (R$ 11). As encomendas são feitas pelo Whatsapp (31) 98466-2212 e pelo Instagram @cabritusfood. São os donos que fazem a entrega, somente às terças e sextas. O valor da taxa é de R$ 5,00.

A Tradicional Limonada

(foto: Divulgação)
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Ela foi fundada em 1938 pelo português Américo Lira Batista. Uma década depois, Gabriel Amorim de Souza chegou em Belo Horizonte vindo da Bahia. Começou a trabalhar como entregador no Mercado Central e caiu nas graças de seu Américo. Com o passar dos anos, de funcionário passou a sócio. Depois, comprou a parte do português, virando dono do próprio negócio. Sempre trabalhou exclusivamente com limonada. "No início era preparada com limão capeta e desde os anos 1970 com o tahiti", explica Raí Amorim (à dir.), neto de seu Gabriel, que hoje comanda a loja ao lado do irmão, Rodolfo Alcântara. Quando o avô se aposentou em 2013, quem assumiu foi o filho Antônio Amorim de Sousa, que sempre contou com a ajuda dos sobrinhos aos finais de semana. "Em 2014 fiz um intercâmbio na Irlanda e lá vi muitos estabelecimentos antigos, que estão na família há anos", explica Raí. "Foi quando percebi que sentia falta do balcão, de bater papo com o pessoal, do mercado. Decidi aí que ia trabalhar no negócio do meu avô." Formando em Sistema de Informação, Raí procurou o irmão, que também já tinha se formado em Relações Públicas e, ambos assumiram o negócio em 2016. Desde então mudaram a cara da loja. Criaram uma logomarca – aplicada em garrafas de vidro e até em ecobag. O negócio ficou com uma carinha mais moderna, mas com a mesma limonada de sempre. São três tipos de suco: limonada com mate, limonada com groselha e a tradicional, com ou sem açúcar. A garrafa de vidro customizada custa R$ 18,00 (1 litro); já a de plástico sai a R$ 13,00 e o copo de 500 ml, R$ 7,00. E tem promoção para quem levar o seu próprio recipiente: R$ 9,00, o litro. E os meninos não pararam por aí, lançaram também a caipirinha, preparada com a limonada, cachaça de Salinas e açúcar demerara (R$ 12, 500 ml; R$ 26, 1 litro na garrafa de plástico; e R$ 30, na garrafa de vidro). Um sucesso.

Nhoque da Dinda

(foto: Paulo Márcio/Encontro)
(foto: Paulo Márcio/Encontro)
O sobrenome não deixa mentir. Telma Márcia Bonani Rossi tem ascendência italiana por parte de mãe e pai. E foi na própria família que ela conseguiu a receita do verdadeiro nhoque da nonna. Como é carinhosamente chamada por todos como dinda, acabou usando o apelido para batizar o nome do negócio. É algo pequeno, caseiro e ela conta com a ajuda da filha, a nutricionista Fernanda, na produção. "No início, ela fazia mais para os familiares e amigos, que acabavam indicando para outros. Há cinco anos passamos a vender com mais regularidade", diz Fernanda. Apesar de terem o auxílio de uma funcionária, Telma faz questão de preparar a massa exatamente como aprendeu com a mãe, dona Diva. Por ali, a quantidade de farinha é mínima, apenas para dar formato. Estrelas mesmo são as batatas, que podem ser a inglesa ou a doce. "As pessoas ficam impressionadas porque os nhoques derretem na boca, são muito leves", diz Fernanda, que é responsável pelos molhos. São três versões: bolonhesa e ao sugo custam o mesmo R$ 75,00 (1 quilo) e R$ 40,00 (500 g), cada um. Já o com molho gorgonzola sai a R$ 80 (1 kg) e R$ 45 (500 g). Como o prato é bastante delicado, elas preferem que a retirada seja no local, no bairro Caiçaras. "Mas se pedir, eu coloco no Uber. Claro que dando mil recomendações ao motorista. Nossa preocupação é que a comida chegue intacta e quentinha na casa do cliente", diz Fernanda. Os pedidos são feitos pelo Whatsapp (31) 99379-9011 e pelo Instagram @dinda.nhoque.massas.

Rocambole do Célio

(foto: Paulo Márcio/Encontro)
(foto: Paulo Márcio/Encontro)
Depois de muitas pesquisas e testes de receitas, o funcionário público Célio Leite conseguiu reproduzir um rocambole muito parecido com o que sua mãe, dona Joana, fazia. O orgulho foi tanto que passou a levar o doce para os encontros de família e para os colegas de trabalho. Vieram então as primeiras encomendas. Com a ajuda da mulher, Jaqueline Paiva, passou a vender seu rocambole de doce de leite. De 2016 a 2020, o casal não tinha uma rotina constante de produção. Até que veio a pandemia. Funcionários públicos, os dois passaram a trabalhar em casa. "Termina o horário do expediente, vamos para a cozinha. No final de semana, são 24 horas fazendo rocambole", diverte-se Jaqueline. Eles vendem sob encomenda e os pedidos são feitos pelo Whatsapp (31) 99625-5177. Os produtos podem ser vistos no Instagram @rocamboledocelio. Se no início o único recheio do doce preparado com pão de ló era de doce de leite (R), hoje outros dez sabores compõem o cardápio, como Romeu e Julieta (R$ 50); Nutella (R$ 65) e brigadeiro de leite Ninho (R$ 55,00). Os clientes ainda podem pedir o rocambole com massa de chocolate e os especiais, entre eles o de Prestígio, feito com leite em pó, leite condensado, chocolate a coco (R$ 75).

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