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Estado de Minas EDUCAÇÃO

Como alguns colégios de BH se adaptaram para receber alunos

Com autorização da prefeitura para o retorno presencial do Ensino Médio, confira como quatro colégios estão lidando com os estudantes que ficaram tanto tempo longe das salas de aula


postado em 29/08/2021 22:30

(foto: Colégio Santo Agostinho/Divulgação)
(foto: Colégio Santo Agostinho/Divulgação)
O retorno das crianças para as salas de aula, autorizado pela prefeitura de Belo Horizonte em abril, serviu como prévia. Mas é agora, com a volta das aulas presenciais do Ensino Médio, liberada pela administração municipal no dia 23 de julho, que as escolas da cidade precisaram se reinventar para receber milhares de alunos com segurança - e conteúdo de qualidade, tanto on-line, quanto físico. Como as instituições de ensino já tinham feito reformas e adaptações para receber os pequenos, o espaço físico deixou de ser o maior desafio. Agora, é o ensino híbrido, com alunos em sala e outros em casa, que exige esforço e tecnologia para atender às séries mais avançadas. Até o fechamento desta edição, as regras de distanciamento continuavam as mesmas do primeiro semestre, mas a prefeitura prometeu estudar a flexibilização das exigências. Confira como quatro colégios de BH estão lidando com a questão.

Bernoulli - Ensino híbrido como aliado

(foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
(foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Mil dos 4 mil alunos do Bernoulli em Belo Horizonte estão voltando agora às aulas presenciais agora. Somente a unidade do bairro Lourdes, que contempla a terceira série do Ensino Médio e o Pré-Vestibular, ainda estava fechada. Por lá, a direção da escola repetiu a preparação usada nas outras duas unidades, nos bairros Santo Agostinho e Santo Antônio, que já estavam em funcionamento com os alunos mais novos. "A adaptação física foi a parte mais fácil nessa retomada do Ensino Médio, porque já tínhamos recebido 75% dos estudantes e só estendemos a preparação. Isso gerou menos ansiedade", diz Rommel Domingos, copresidente do grupo (veja entrevista com dicas de preparação para o Enem).

O mais impactante, segundo ele, é o distanciamento em sala exigido pela prefeitura, que restringe muito o número de pessoas. As salas do pré-vestibular, que comportam 100 alunos, abrigavam apenas 22 presencialmente até o dia 20 de agosto. O restante ficava em casa, assistindo a aula ao vivo pela plataforma digital. "Ou seja, as aulas são híbridas e essa, sim, foi a grande adaptação que precisamos fazer", afirma. "O professor interage com o aluno presencial e também com o de casa. É uma aula diferente, que realmente nunca existiu, nascida na pandemia."

Para diagnosticar o nível de absorção do conteúdo em 2020, um ano inteiramente remoto, o colégio realizou avaliações e o resultado foi surpreendente. "Nós não percebemos queda de rendimento. Realmente estamos surpresos com a capacidade de o aluno se adaptar a esse novo mundo, mais tecnológico", diz Rommel. Mesmo assim, todo o mês de fevereiro foi dedicado à revisão de conteúdos passados, focando nos mais relevantes para o vestibular e para a vida dos jovens. Com a boa adaptação dos alunos às aulas remotas, a principal vantagem do retorno presencial será a retomada dos relacionamentos com os colegas. "O jovem gosta e precisa de interação, isso faz parte do crescimento como pessoa. O contato presencial é insubstituível."

Mesmo assim, o período de pandemia deixará heranças positivas. Para o Ensino Médio, algumas aulas serão mantidas à distância mesmo após a erradicação da doença, já que o ensino híbrido se revelou um aliado. "Diminui o deslocamento e permite que o aluno não seja obrigado a ficar na escola até mais tarde", explica Rommel. "Mas ressalto que será uma pequena parte da carga horária." Outra coisa que deve continuar é a monitoria on-line, que permite ter acesso ao monitor para tirar dúvidas sobre o conteúdo sem sair de casa. "Adoramos isso, então, por que tirar?"

Colégio Magnum - Bolhas flexíveis

(foto: Luiza Mello Avelar/Divulgação)
(foto: Luiza Mello Avelar/Divulgação)
O colégio Magnum, localizado no bairro Cidade Nova, também recebeu os 600 alunos do Ensino Médio na primeira semana de agosto, completando o quadro de 2 mil estudantes que se revezam nos espaços físicos da escola. Após 1 ano e meio de isolamento, os jovens das três séries finais foram divididos em bolhas que se alternam por semana e as salas não excedem 30% da capacidade. Embora o contato físico ainda seja limitado, a expectativa para a nova fase é enorme. "Temos alunos que sequer se conheceram pessoalmente. Alguns professores não tiveram contato presencial com os estudantes, e agora isso é possível", diz o coordenador pedagógico Marco Antônio Guariento Barbosa.

A estrutura física já estava preparada desde o retorno do ensino infantil e fundamental, mas, na aprendizagem, a tecnologia ganhou ainda mais protagonismo. Todas as salas foram equipadas com câmeras para transmissão ao vivo da aula, exibidas para as bolhas que estão em casa naquela semana. O plano de ensino precisou ser adaptado para identificar se os alunos absorveram bem os conteúdos no ano passado, com a educação 100% remota. "Começamos o ano com avaliações diagnósticas para ver o quanto do aprendizado referente a 2020 foi efetivo", conta o diretor pedagógico. "Partindo disso, fizemos o planejamento anual." A absorção do conteúdo ainda é acompanhada de perto pela escola, com avaliações semanais que indicam o nível de aproveitamento. "O distanciamento gera impacto, é fato, mas conseguimos minimizar fazendo essa aferição continuada."

Para Marco Antônio, a possibilidade de interação presencial com o professor e os colegas vai otimizar ainda mais a absorção do conteúdo. "A presença em sala é um grande facilitador", afirma.  "A relação social é fundamental para o equilíbrio emocional, que também gera ganhos no âmbito pedagógico." Nesse sentido, o setor de psicologia da escola foi preparado para auxiliar os alunos e a formação das bolhas permitiu alterações prévias para quem quisesse ficar mais próximo dos amigos. "Também atendemos às famílias que têm mais de um filho na escola, para que as bolhas ficassem nos mesmos dias e isso facilitasse a logística em casa."

Colégio Santo Agostinho - Parceria com a Rede Mater Dei

(foto: Colégio Santo Agostinho/Divulgação)
(foto: Colégio Santo Agostinho/Divulgação)
O sistema de bolhas e revezamentos também foi adotado nas quatro unidades do colégio Santo Agostinho, em Belo Horizonte, Nova Lima e Contagem. Os 8.200 alunos podem frequentar as salas de forma escalonada, divididos por semana, para reduzir o contato entre os estudantes. "Além disso, sentimos a necessidade de firmar uma parceria com a Rede Mater Dei para dar agilidade nas respostas de exames e mais confiabilidade em nossas avaliações de risco", conta Aleluia Heringer, diretora de Relações Institucionais e ASG (Ambiental Social e Governança) do colégio.

Os professores passaram por um treinamento para utilização dos equipamentos de transmissão simultânea das aulas e, no início deste ano, foram aplicadas atividades diagnósticas para identificar os conceitos que precisariam ser retomados. Para os alunos que apresentaram alguma dificuldade, são oferecidos monitoria, plantões, atividades direcionadas para pequenos grupos e orientações pedagógicas para realização de estudos autônomos. Nesse acompanhamento, a diretora garante que o ensino remoto tem seus pontos positivos. "O virtual criou oportunidades de aulas com grupos menores e monitorias." Ela também acredita que o distanciamento provocado pela pandemia possibilitou novas experiências e o desenvolvimento de novas habilidades, como a autonomia, a concentração, a responsabilidade e a organização do tempo.

Escola Americana - Nova arquitetura

(foto: Escola Americana/Divulgação)
(foto: Escola Americana/Divulgação)
Para a Escola Americana de Belo Horizonte (EABH), localizada no bairro Buritis, o início do ano letivo veio junto com o retorno das aulas presenciais, já que o calendário segue o padrão internacional, com início em agosto e encerramento em junho. Durante as férias, a instituição se preparou para receber 98% dos 460 estudantes - apenas 2% optaram por seguir com o ensino à distância, por enquanto.

Para adequar o espaço e priorizar a utilização da grande área verde ao ar livre, a escola contou com a ajuda de um arquiteto consultor que realizou o layout das salas de aula e o fluxo de circulação com sinalização adequada para retorno ao campus. Ginásio, quadra coberta e pátio, por exemplo, passaram a ser espaços de aprendizagem para que pudessem acomodar mais alunos com o distanciamento exigido.  "Foi necessário agir de forma criativa e repensar os nossos espaços", diz a diretora Catarina Song Chen.

Além disso, todos os bebedouros foram removidos e substituídos por novos filtros de água automáticos, sem toque, para evitar o contato entre a boca da garrafa e o bico dispensador de água. Antes de entrar no campus, todos os funcionários e alunos precisam higienizar os calçados em tapete sanitizante como uma forma de prevenir ainda mais a propagação do vírus. "Um programa de educação sobre higiene das mãos está sendo oferecido por nossa enfermeira e por professores como parte do plano de reabertura da escola", explica Catarina. Além disso, todos os banheiros estão equipados com dispensadores de sabonete automáticos, sem toque adicional. Barreiras protetoras de acrílico foram instaladas em todas as salas e na cantina.

Para os alunos do 3º ano do Ensino Médio, a escola aumentou o número de aulas semanais com foco nas provas do Enem. "As avaliações são divididas entre aquelas ‘para’ aprendizagem e ‘como’ aprendizagem", afirma a diretora. A avaliação "para aprendizagem" é realizada para dar nota ao aluno. Já a avaliação "como aprendizagem", tem o objetivo de entender onde os alunos estão no processo de aprendizagem e usar essas informações para fornecer feedback e reajustar o ensino de forma mais eficiente. Para auxiliar os alunos que apresentarem dificuldade, a escola investiu em uma especialista em leitura, que trabalha com os professores para fornecer suporte adicional. Nesse sentido, a diretora Catarina Song Chen defende que a parceria estre escola e família também é fundamental. "Os pais devem incentivar e apoiar seus filhos no retorno às aulas presenciais, ajudando a se organizarem nessa nova rotina."

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