Publicidade

Estado de Minas EDUCAÇÃO

Copresidente do Bernoulli dá dicas de preparação para o Enem 2021

Rommel Domingos explica como aproveitar melhor o retorno às aulas presenciais e fala sobre a importância de organizar o ambiente em casa. Exame Nacional do Ensino Médio desse ano será realizado nos dias 21 e 28 de novembro


postado em 07/09/2021 23:45

(foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
(foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Nunca foi tarefa fácil chegar ao último ano do ensino médio, escolher uma profissão - se é que já não fez isso antes - e se preparar para as tão temidas provas do Enem. Em tempos de pandemia, ensino à distância e incertezas, o período se tornou ainda mais desafiador. Exatamente por isso, para os alunos do 3º ano, o retorno das aulas presenciais, autorizado pela prefeitura de Belo Horizonte no dia 23 de julho, teve um peso maior. O exame, usado como critério de seleção para ingresso em faculdades públicas e privadas em todo o país, será realizado nos dias 21 e 28 de novembro e os próximos meses são cruciais para a preparação. "É muito importante ter a possibilidade de rever os colegas nesse período, se sentir motivado e empolgado, encontrar o professor para tirar dúvidas e ficar bem emocionalmente", diz Rommel Domingos, copresidente do grupo Bernoulli, que figura há cerca de 10 anos entre as primeiras colocações do Enem no Brasil. Encontro conversou com Rommel para saber de que forma os alunos podem aproveitar ao máximo essa retomada e como organizar o ambiente para os estudos em casa, já que as aulas ainda seguirão o formato híbrido, com o objetivo de preservar a saúde da comunidade escolar.

Encontro - Como os alunos que vão prestar Enem neste ano podem aproveitar o retorno das aulas presenciais da melhor forma?

Rommel Domingos - Isso é muito particular. O primeiro passo é identificar o próprio nível de adaptação ao ensino remoto. Alguns alunos estão muito bem adaptados à rotina em casa e não têm tanta facilidade para ir à escola, porque moram longe. É compreensível que esse aluno ainda não queira voltar, uma vez que está recebendo aula de qualidade em casa. Os alunos do 3º ano têm mais idade que os demais, normalmente acima de 17 anos, e, portanto, têm mais autonomia e se adaptaram melhor a essa realidade. Mas também temos o aluno que não se adaptou, então ele precisa do espaço físico. É muito importante ter a possibilidade de rever os colegas nesse período, se sentir motivado e empolgado, encontrar o professor para tirar dúvidas e ficar bem emocionalmente. Grande parte dos nossos alunos sentem essa falta e daí vem a importância de assistirem a aula em sala, mesmo que seja em um esquema de rodízio e revezamento.

Então, o que o aluno deve levar em conta para decidir se quer ou não voltar às aulas presenciais?

É importante escolher a forma de ensino mais adaptada a ele. O aluno precisa se perguntar: ‘Vou continuar na minha casa recebendo aulas de qualidade, porque estou adaptado, organizado e me sentindo bem?’ ou ‘Ainda bem que houve a reabertura e eu preciso ir para refazer a minha energia e me sentir motivado?’ A escolha certa é aquela compatível com a sua personalidade e com a sua realidade. Além disso, precisamos lembrar que existem alunos que optam por não ir presencialmente porque moram com alguém do grupo de risco ou porque ele mesmo não quer se expor. Isso também precisa ser levado em conta.

Qual a melhor forma de criar uma rotina de estudos?

É preciso ter uma carga horária densa, independentemente de estar na escola ou em casa. O aluno que vai prestar o Enem tem de estudar pelo menos das 7h às 18h. Pelo menos 11 horas por dia. Esse é o mínimo, mas alguns vão optar por ir até 20h, 21h. E esse horário eu considero o máximo. Nunca oriento meus alunos a entrarem a noite estudando, para poderem descansar também. O sono é revigorante. Nos dias em que estiver na escola, é interessante aproveitar as salas de estudo nos intervalos das aulas, para ter um ambiente diferente daquele que temos em casa.

Quais os pontos negativos do ensino remoto para essa preparação e como os alunos podem amenizá-los?

O principal gargalo é a falta de interação humana e isso pode ser nutrido, em parte, com uma aula interativa, gostosa, feliz e com uma boa conexão de internet. É legal que os colegas participem da aula com câmera aberta, pois isso acaba suprindo parcialmente a demanda de interação. A outra coisa é a demanda por esclarecimento e compreensão do conteúdo. Como suprir isso? Participando das aulas, fazendo perguntas, mesmo que à distancia, utilizando a monitoria on-line. E, mais do que nunca, o dever de casa se torna essencial para garantir que a próxima aula tenha engajamento, qualidade e compreensão. Neste mundo em que estamos mais distantes, é ainda mais importante a organização e a dedicação para conseguir uma aula de qualidade.

O ensino híbrido pode ser usado a favor neste momento?

Com certeza. Para alguns alunos, o ensino híbrido não traz apenas desvantagens. Sem dúvida a maior vantagem, nesse sentido de não ter de ir todo dia à escola, é não perder o tempo do transporte. O deslocamento diário à escola sem dúvida gasta energia e essa energia pode ser canalizada para os estudos.

As provas e simulados continuarão sendo realizadas de maneira virtual. Como o aluno pode criar um ambiente semelhante ao do Enem dentro de casa?

Recomendo fazer os simulados no fim de semana, no horário exato da prova, em um ambiente sem barulho. O primeiro dia de prova são 5h30 e o segundo dia são 5h. É importante respeitar esse tempo máximo. Vale lembrar que não pode interromper, parar para fazer outras coisas, e voltar. É preciso realmente simular o dia de prova para gerar a importância, a cobrança, um certo estresse, gerenciar o tempo. É assim que desenvolve a dinâmica de prova e ela só pode ser conquistada com os simulados. Se a escola não oferecer essas provas, o aluno pode buscar na internet, mas é sempre bom pesquisar bem para garantir um conteúdo de qualidade.

O que você considera crucial na preparação?

Não deixar de escrever pelo menos uma redação por semana. Na média, os alunos do 3º ano do Bernoulli escrevem duas redações por semana, o que leva a 80 redações nesse último ano escolar. Mas entendo que cada aluno tem a sua realidade e, por isso, dou sempre a dica de no mínimo uma por semana. A redação é uma parte muito importante no Enem. Então, é importante fazer as redações no mesmo formato cobrado no exame. Colocar o tempo, número de linhas, a estrutura que o Enem exige, com introdução, conclusão e proposta de intervenção. O ideal é que essa redação seja corrigida por um professor que indique onde precisa melhorar.

Como evitar que a instabilidade emocional provocada pela pandemia interfira na hora da prova?

Sempre buscar apoio psicológico e ajuda profissional se estiver se sentindo desorganizado ou atropelado pelos conteúdos, se não estiver bem com as atividades. Muitas escolas oferecem o serviço de psicologia. Além disso, é fundamental interagir com os colegas fora da plataforma de aula. Pegar o celular e ligar para o seu amigo ou sua amiga, com a câmera de vídeo mesmo. Conversar sobre a dinâmica da aula, falar se está gostando não, trocar experiências. Essa interação entre os alunos é uma das coisas maravilhosas que a escola propicia, mas isso não foi roubado. Todos continuam podendo conversar entre si e espero que continuem fazendo.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade