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Estado de Minas EDUCAÇÃO

Entenda as mudanças trazidas pelo novo ensino médio

Aprofundamento em áreas de interesse deve formar alunos mais preparados para a vida profissional


postado em 14/10/2021 09:14 / atualizado em 18/10/2021 11:12

A estudante Mariana Santos, da 2ª série do ensino médio:
A estudante Mariana Santos, da 2ª série do ensino médio: "A maioria das escolas dão mais valor para Ciências e Matemática, e as Humanidades não são tão exploradas. Eu me sinto valorizada podendo saber mais sobre a minha área" (foto: Divulgação)
Aos 16 anos e cursando a 2ª série do ensino médio, a estudante Mariana Santos já discute em sala de aula textos de filosofia escritos por Platão, participa de debates sobre pensamento crítico e faz estudos sobre geopolítica. "Em outros tempos, provavelmente eu só teria acesso a esses conteúdos na faculdade", afirma. O aprofundamento é possível porque Mariana, que deseja cursar Relações Internacionais, já tem acesso ao "novo ensino médio", anunciado pelo governo federal em 2017, com a mudança da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

As escolas do país têm até 2022 para se adequar às mudanças nas séries finais, ampliando o tempo mínimo do estudante na escola de 800 para 1 mil horas anuais e definindo uma nova organização curricular, mais flexível. Além da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que inclui as disciplinas tradicionais, as escolas também precisam oferecer possibilidades de escolhas aos estudantes, com foco nas áreas de conhecimento e na formação técnica e profissional que cada aluno deseja trilhar. Mariana escolheu a área de Humanidades para se aprofundar e garante que está mais estimulada aos estudos. "No ano passado, fiz o modelo convencional e estou muito mais animada agora com as matérias com as quais tenho afinidade e me preparando para o mercado de trabalho", conta. "A maioria das escolas dão mais valor para Ciências e Matemática, e as Humanidades não são tão exploradas. Eu me sinto valorizada podendo saber mais sobre a minha área."

Priscilla Alcici, gestora pedagógica do Ensino Médio do Grupo Bernoulli:
Priscilla Alcici, gestora pedagógica do Ensino Médio do Grupo Bernoulli: "O antigo modelo tornava o ensino médio desinteressante e agora o jovem poder ter voz, escolher seu caminho, o itinerário que quer seguir. Isso é estimulante" (foto: Divulgação)
Priscilla Alcici, gestora pedagógica do Ensino Médio do Grupo Bernoulli, conta que a escola começou a se adaptar em 2020 e já vê bons resultados com o novo modelo de ensino. "Fazemos simulados comparativos e os dados comprovam que a eficiência e alta performance dos nossos alunos aumentou ainda mais", explica. "O antigo modelo tornava o ensino médio desinteressante e agora o jovem poder ter voz, escolher seu caminho, o itinerário que quer seguir. Isso é estimulante." A gestora explica que a reforma do ensino médio era urgente e que o colégio viu com bons olhos as novas recomendações do Ministério da Educação. "Antes não existia escolha, vivenciávamos tudo de todas as disciplinas, independentemente de se ter afinidade com aquele conteúdo ou se ele seria aplicado na graduação ou no trabalho", diz. "Isso era um gargalo e gerava desmotivação, porque era difícil fazer com que o aprendizado fosse aplicado no mundo dos adolescentes."

Priscilla, que também é professora de matemática, afirma que, na prática, o novo modelo significa que um estudante que deseja cursar Filosofia não vai mais precisar se aprofundar em algoritmos e equações. "Claro que existe uma régua do que é comum para todos, inclusive na preparação para o Enem", ressalta. "Mas os aprofundamentos dos itinerários formativos abrem portas para seguir caminhos diferentes e mais interessantes para cada perfil." Para aproveitar melhor a oportunidade de escolha, a especialista orienta que os adolescentes comecem a se preparar ainda no ensino fundamental. "É importante desenvolver bem o lado socioemocional, para chegar na primeira série do ensino médio mais consciente do caminho que quer trilhar", orienta. Para isso, ela indica, já no 8º ano do ensino fundamental, começar a discutir, conversar com professores sobre o futuro, pesquisar sobre novas profissões e conversar com os pais e responsáveis, que já têm maturidade e podem ajudar na escolha. "O ideal é pensar quem eu sou e aonde eu quero chegar. Assim, será possível aproveitar bem a voz ativa que foi dada ao jovem."

Entenda as definições do Ministério da Educação para o novo ensino médio

O que é o Novo Ensino Médio?

A Lei nº 13.415/2017 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu uma mudança na estrutura do ensino médio, ampliando o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para 1 mil horas anuais (até 2022) e definindo uma nova organização curricular, mais flexível, que contemple uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a oferta de diferentes possibilidades de escolhas aos estudantes, os itinerários formativos, com foco nas áreas de conhecimento e na formação técnica e profissional.

O que é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)?

É um conjunto de orientações que deverá nortear a (re)elaboração dos currículos de referência das escolas das redes públicas e privadas de ensino de todo o Brasil. A carga horária da BNCC deve ter até 1.800 horas e a carga horária restante deverá ser destinada aos itinerários formativos, espaço de escolha dos estudantes.

E o que são os itinerários formativos?

São o conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho, que os estudantes poderão escolher no ensino médio. Os itinerários formativos podem se aprofundar nos conhecimentos de uma área do conhecimento (Matemática e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) e da formação técnica e profissional (FTP) ou mesmo nos conhecimentos de duas ou mais áreas e da FTP.

Como será a formação profissional e técnica do estudante?

A formação profissional e técnica será mais uma alternativa para o aluno. O Novo Ensino Médio permitirá que o jovem opte por uma formação profissional e técnica dentro da carga horária do ensino médio regular. Ao final dos três anos, os sistemas de ensino deverão certificá-lo no ensino médio e no curso técnico ou nos cursos profissionalizantes que escolheu.

Como ficará a oferta de educação física, arte, sociologia e filosofia? E língua portuguesa e matemática?

A lei inclui, no ensino médio, obrigatoriamente, estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia. Já o ensino de língua portuguesa e matemática será obrigatório nos três anos do ensino médio, independente da(s) área(s) de aprofundamento que o estudante escolher em seu itinerário formativo.

Como ficará o ENEM com a implementação da nova estrutura do Ensino Médio?

A Lei do Novo Ensino Médio não trata especificamente do ENEM. O MEC compreende que o ENEM deverá se adequar à BNCC, portanto a mudança será gradual.

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