
Deixando de lado a nostalgia, voltamos aos dias atuais, agora a bordo de um automóvel movido exclusivamente à eletricidade. Esses carros eletrificados têm como característica o torque imediato. Tão imediato que é preciso ter cuidado. Para se ter uma ideia a aceleração de 0 a 100 km/h do XC40 elétrico ocorre em 4,9 segundos. E olha que o XC40 elétrico pesa 2.119 kg.
O silêncio é completo, a suavidade chega a ser absurda, o conforto é fenomenal e a sensação de controle e segurança na dirigibilidade é perfeita. São dezenas de recursos de conforto e segurança que para aqui listar precisaríamos de muito mais espaço. Afinal, basta dizer que se trata de um Volvo, marca premium, que, assim como Mercedes-Benz, Porsche, Audi, entre outras poucas, dispensam mais apresentações e explicações.

A anunciada autonomia de 418 quilômetros do XC40 “recharge pure electric” foi comprovada nas voltas que demos pelos arredores de Belo Horizonte, percorrendo um total de exatamente 509,2 quilômetros. Foram trechos mistos urbanos e rodoviários na região da chamada Grande BH, indo e voltando a condomínios da região de Nova Lima, com seus aclives e declives. No final, o resultado obtido de consumo médio foi de 21,5 kWh/100 km, o que parece grego para a maioria acostumada em analisar o consumo do carro em quilômetros por litro de gasolina, etanol e ou diesel. Para melhor compreensão, recebemos o carro com 85% da carga de bateria. Na primeira etapa percorremos 175,3 km até encontrarmos no estacionamento de um dos condomínios de Nova Lima um ponto de recarga da Porsche, quando a bateria já estava em 40% (consumo registrado de 20,5 kWh/100 km). Deixamos o carro carregando por uma hora e 45 minutos. Ao voltar a carga da bateria registrava 52%, ou seja, um lento processo de recarga. Em outra ocasião, com o hodômetro parcial registrando 239,9 k buscamos o ponto de abastecimento que a Audi instalou no do Shopping Ponteio. Quando lá estacionamos e conectamos, o nível de bateria estava em 47% (consumo registrado de 20,8 kWh/100 km). Quatro horas depois, a carga da bateria estava em 95%. Indicação de que o Wall Box (ou eletroposto) do Ponteio é menos lento na carga que o da Porsche, anteriormente utilizado.

A conclusão é que, mesmo não tendo em casa um wall box de carregamento particular, e circulando em regiões com alguma infraestrutura de eletropostos, é possível usar carros elétricos sem medo de ficar na mão. Mas ainda não dá para arriscar em viagens de percurso longo ou mesmo médio, como BH ao Rio de Janeiro, por exemplo, onde não há (até agora) infraestrutura adequada. E quando houver, será necessário investir em eletropostos de carga rápida. Segundo a Volvo, com um sistema de carga rápida é possível chegar a 80% da capacidade em 40 minutos, na bateria que tem capacidade de 78 kWh.

Pensar em retorno do investimento com a economia gerada ao eliminar as despesas de gasolina, álcool ou diesel é desistir da compra. Os preços dos veículos elétricos estão exageradamente altos. Mas é bom lembrar que o custo da energia gasta para movimentar um carro elétrico, aos preços atuais do kWh e do litro da gasolina, pode chegar a ser 8 vezes menor por quilômetro rodado em relação a um veículo similar com motor térmico (a combustão). Outro ponto positivo a se considerar é o menor custo de manutenção dos carros elétricos, de construção mais simples do que os a gasolina. São centenas de componentes a menos. É verdade que o valor de uma bateria para carro elétrico é muito alto. E não é por outra razão que a garantia dada pelos fabricantes para esse item vital em carros eletrificados é de 8 anos, na maioria dos casos.
Por último, mas não menos importante, uma compensação e sensação de, ao gastar uma fortuna comprando um carro elétrico, estar fazendo o bem, é o fato de saber que o nível de emissão de poluentes do seu meio de mobilidade é zero. Os críticos contra-argumentam que essas baterias, no fim de seus ciclos de vida, se transformarão em lixo eletrônico de difícil descarte, nocivos ao meio ambiente. Lembramos aqui que a indústria já trabalha em parceria com pesquisadores e universidades (inclusive no Brasil) na busca de soluções de reutilização desses materiais, várias delas já colocadas em prática.