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Estado de Minas AGRO

Safra de cana-de-açúcar 2022/2023 em Minas Gerais deve crescer 6%

Motor da economia brasileira, agronegócio segue pujante no estado


postado em 23/06/2022 10:28 / atualizado em 23/06/2022 10:28

(foto: Ronaldo Dolabella/Encontro/Arquivo)
(foto: Ronaldo Dolabella/Encontro/Arquivo)
Quando especialistas dizem que o agronegócio é um dos principais motores da economia brasileira, eles não estão exagerando. Em 2021, o setor respondeu por nada menos do que 27,4% do produto interno bruto (PIB) nacional, um crescimento de mais de 8% em relação ao ano anterior. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo, em parceria com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). É a maior participação no PIB desde 2004. Esse crescimento foi impulsionado pelo PIB agrícola, que cresceu 15,88% de 2020 para 2021, enquanto o PIB do pecuário registrou recuo de quase 9%. Em reais, o agronegócio movimentou cerca de 2,4 trilhões de reais em 2021.

O governador Romeu Zema destacou a importância do setor em Minas:
O governador Romeu Zema destacou a importância do setor em Minas: "Com mais de 600 mil propriedades rurais, o agronegócio tem sido a atividade que mais tem crescido e gerado emprego em nosso estado" (foto: Samuel Gê/Encontro)
Em Minas Gerais, o agronegócio movimentou mais de 66 bilhões de reais no ano passado, segundo estimativas da Fundação João Pinheiro. "O setor é o que mais tem crescido e gerado renda no estado", afirmou o governador Romeu Zema, durante evento de lançamento da safra de cana-de-açúcar organizado pela Companhia Mineira de Álcool e Açúcar (CMAA) e pela Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), no último mês de abril. Cana, aliás, é um dos carros-chefe do estado. Nas estradas de terra do Triângulo Mineiro, os extensos canaviais vão até onde a vista não pode mais alcançar. Marcada por um desenvolvimento econômico acelerado, a região, margeada pelos rios Grande e Paranaíba, orgulha-se de ser uma das mais produtivas do país. E não é para menos. Em 2020, a produção local de cana-de-açúcar alcançou 52,5 milhões de toneladas - 67% do registrado em Minas, gerando alimento, combustível e energia elétrica. São 600 mil propriedades rurais e cerca de 167 mil empregos que levam Minas a ocupar posição importante no ranking nacional: segundo lugar em produção de açúcar, terceiro em cana e quarto em etanol, biocombustível derivado da planta.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, falou sobre a expectativa de crescimento da produção:
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, falou sobre a expectativa de crescimento da produção: "Começamos uma safra positiva, otimista, mostrando como o setor tem contribuindo tanto para o Brasil na questão da sustentabilidade, emprego e renda" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Ao todo, o estado conta com 34 usinas em atividade, 130 municípios produtores e é responsável por 11,4% da produção de cana-de-açúcar do país, se destacando também na geração e comercialização de bioeletricidade. Já são 23 usinas no segmento instaladas em solo mineiro, produzindo 3,196 milhões de MWh de energia que atendem 1,18 milhão de pessoas. Após os tempos áridos advindos da crise econômica mundial e de um ano de perdas provocadas pela seca, a previsão é de colher 68 milhões de toneladas de cana, um volume 6% maior que o da safra 2021/2022. A expectativa para este ano é produzir 4,3 milhões de toneladas de açúcar, 3 bilhões de etanol e mais de 3 milhões de megawatts/hora. "Começamos uma safra positiva, otimista, mostrando como o setor tem contribuindo tanto para o Brasil na questão da sustentabilidade, emprego e renda", disse o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes.

Mário Campos, presidente da Siamig:
Mário Campos, presidente da Siamig: "O nosso mundo está em franca transformação e a transição energética para economia de baixo carbono hoje é essencial. Está na agenda dos governos de todo o mundo e na dos usineiros também" (foto: Ronaldo Dolabella/Encontro/Arquivo)
A adoção de medidas mais sustentáveis nos processos de produção, com ênfase no investimento em recursos tecnológicos para evitar a poluição, o aquecimento global e o efeito estufa foram tema do evento de abertura da safra mineira de cana-de-açúcar. Entre as perspectivas para o setor, uma tendência global: a economia de baixo carbono. O presidente da Siamig, Mário Campos, destacou o compromisso do estado de alcançar a neutralidade climática em 2050. "O nosso mundo está em franca transformação e a transição energética para economia de baixo carbono hoje é essencial. Está na agenda dos governos de todo o mundo e na dos usineiros também", diz ele. Além da produção sustentável da cana, dos biocombustíveis e da energia limpa, outro assunto que dominou as conversas foi o aumento, muito bem-vindo, diga-se, da produção do etanol hidratado. Com uma safra mais alcooleira, chegando a 1,7 bilhão de litros, espera-se alta de 10% sobre a safra passada. "A maior parte das usinas começa a moer a cana no início de maio, o que resultará em mais oferta de etanol no mercado e em preços mais competitivos que a gasolina", afirma Mário. Uma boa notícia para quem precisa encher o tanque do automóvel.

Carro elétrico com combustão a etanol: aposta do futuro

(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)
Parar em um posto de gasolina e abastecer o carro com etanol não é novidade para ninguém. Mas parar em um posto de gasolina, abastecer com etanol, tirar o hidrogênio e alimentar a "célula de combustível", para que o veículo possa rodar eletricamente, parece coisa de ficção científica. Mas não é. E o melhor. Seria uma opção que, de fato, utilizaria energia limpa. Trocando em miúdos, o carro elétrico, por si só, não deixa de ser poluente. Isso porque se, a exemplo da Europa e países asiáticos, a energia elétrica vem de usinas que têm como matéria prima o carvão e o diesel, a poluição continua. Só não ocorre no automóvel. A boa notícia é que no Brasil a solução já existe há muito tempo, já que o etanol está presente em todos os postos. O que torna fácil ter um carro elétrico movido a álcool. Mas como isso funciona?

O hidrogênio utilizado para alimentar uma célula de combustível (fuel cell) é retirado do próprio etanol, o que permite a produção da energia elétrica necessária para fazer o carro rodar. "Precisamos avaliar o conceito de ciclo de vida, do poço à roda, incluindo todo o processo de produção de energia", diz Mário Campos, presidente da Siamig. Em sua análise, um carro com motor a combustão, utilizando etanol, já emite muito menos poluentes (se comparado com um a combustão que usa gasolina ou diesel). Se associado ao motor elétrico, torna-se mais eficiente do ponto de vista ambiental. Quem está se movimentando para que esse sonho de consumo se torne realidade por aqui é a montadora japonesa Nissan, que renovou seu convênio com o Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) para desenvolver o reformador, aparelho que tira hidrogênio do etanol. Outra montadora que aposta em um futuro automobilístico menos poluente é a Volkswagen, que possui convênio com a Unicamp e o Centro Técnico Canavieiro de Piracicaba.

Números do setor de canavieiro em Minas Gerais:

  • Área plantada: 869.806 mil hectares

  • Ranking nacional: segundo lugar em produção de açúcar, terceiro em cana e quarto em etanol, biocombustível derivado da cana

  • Usinas canavieiras: 34

  • Municípios canavieiros: 130

  • Empregos diretos e indiretos: 167 mil

  • Energia gerada: 3,196 milhões de MWh de energia que atendem 1,18 milhão de pessoas

  • Produtividade safra atual (2021/2022): 68 milhões de toneladas de cana

  • Produção de Etanol: 2,95 bilhões de litros, aumento de 5% em relação à safra 2020/2021

  • Produção de açúcar: 4,3 milhões de toneladas, aumento de 5% em relação à safra 2020/2021

  • Maiores usinas: Delta, Grupo Coruripe, BP Bunge, CMAA, Uberaba e Santo Ângelo

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