
Mas não se trata de otimismo. Essa primeira etapa do projeto, que não envolve a igreja em si, mas outros espaços importantes, é, em grande parte, abaixo do nível da rua. Por isso, quando se adentra o campo de obras, é uma surpresa ver em que pé a construção está. Padre Alexandre circula pelo local com a intimidade de quem tem a visão total do projeto na cabeça. Aponta uma entrada e diz: "aqui serão as salas de catequese". Mostra uma parede dupla e afirma "neste salão, as paredes são acústicas". Explica a lógica por trás dos ambientes, todos com paredes já erguidas. As obras começaram num período complicado, por causa da pandemia. "Mas como já tínhamos uma comunidade de fiéis consolidada, que ama a Bom Jesus, resolvemos começar em 2021", afirma o pároco. E não é só quem ficou muito tempo sem aparecer na paróquia que se surpreende. Segundo ele, uma fiel que foi conhecer a obra recentemente ficou impressionada e até sugeriu que ele fizesse grupos para visitarem o local, para que os frequentadores vissem como o projeto está adiantado. Ele acatou a ideia e está organizando as visitas em pequenos grupos. A engenheira da obra, Adriana Moura de Oliveira, participa pela primeira vez da construção de uma igreja e tem gostado da experiência. Segundo ela, as pessoas estão engajadas no projeto de forma intensa, com doações, participação e visitas ao local. "O envolvimento que a comunidade tem, a vontade de fazer acontecer, é muito bonita de se ver."

Padre Alexandre exemplifica a importância do centro de evangelização, como ele chama essa parte da obra, com a estrutura da cozinha que produz as marmitas, mas os números da paróquia são todos grandiosos e, de certa forma, a estrutura atual limita o crescimento das atividades. Atualmente, são 350 crianças na catequese ("poderíamos já ter 500, mas o espaço não comporta", diz ele), 330 jovens na crisma, 400 adolescentes em atividades de evangelização, além dos encontros de casais e outras reuniões. "A primeira parte da obra foi pensar num lugar para acolher a juventude, as pastorais, a evangelização e as atividades voluntárias da igreja", explica. Padre Alexandre, que foi quem enxergou nesse vale a vocação para uma nova igreja, ainda em 2008, quando era pároco da Nossa Senhora Rainha, do Belvedere, afirma que a finalização dessa parte estrutural dá uma sensação de missão cumprida.

A igreja também virá para acolher o número crescente de fiéis. As missas na construção provisória estão lotadas. Aos domingos, os 650 lugares ficam rapidamente ocupados, e quem não consegue cadeira fica do lado de fora, assistindo por telões. Somente aos domingos, somando as cinco missas do dia, circulam por lá por volta de 4 mil pessoas. Os voluntários também são contados em centenas. Pessoas que leem nas missas são cerca de 150. Médicos que se voluntariam nos primeiros socorros, em torno de 60. No acolhimento das pessoas que chegam, mais 100. Voluntários do grupo de jovens, 200.
Com a conclusão da primeira fase, libera-se a área que hoje é usada para essas atividades de evangelização e administração. Nesse local vai ficar uma praça. Abaixo da praça, será construído, no futuro, um auditório para 500 pessoas. A primeira etapa da obra tem 3.974m² de área construída. No total da edificação, mais de 5.000m², em um terreno que foi uma doação de empreendedores do Vale do Sereno. Segundo Padre Alexandre, a obra é financiada pela associação dos fiéis, com doações esporádicas e outras mais frequentes, de valores variados, bem como doações de 11 empresários, que fazem uma contribuição mensal significativa. "Meu coração não cabe dentro dele diante de entregar essa parte da obra para os fiéis", afirma o pároco. "A parte mais difícil, as colunas que sustentam a igreja, a terraplanagem, a parte estrutural está pronta."