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Catarata em cães e gatos pode levar à perda da visão

Saiba quais são os sintomas, as formas de prevenção e o tratamento para a doença


postado em 24/05/2023 08:39

O mestre e PhD em cirurgia veterinária Luiz Fernando Lucas e o coordenador de logística Luciano Moreira, com yorkshire Bia, de 11 anos e 6 meses de idade:
O mestre e PhD em cirurgia veterinária Luiz Fernando Lucas e o coordenador de logística Luciano Moreira, com yorkshire Bia, de 11 anos e 6 meses de idade: "Descobrimos que ela estava totalmente cega de um dos olhos e enxergando apenas 15% no outro". Após a cirurgia, Bia voltou a enxergar (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Uma doença que atinge cerca de 65 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), também traz graves consequências para os animais. A catarata em cães e gatos é uma das principais causas de perda da visão, resultante de alterações nas lentes dos olhos que devem ser cristalinas. O problema ocorre quando essas lentes vão se tornando opacas, com coloração mais azulada ou esbranquiçada, resultando na perda da visão do animal. Apesar de ser mais comum na população canina, os gatos também sofrem com a doença, nesses casos, geralmente relacionada com o envelhecimento, inflamações intraoculares e diabetes. De modo geral, as principais causas da catarata são problemas congênitos, hereditários, traumáticos, pós-inflamatórios, metabólicos e nutricionais.

É necessário ficar atento: se o animal apresentar um certo esbranquiçado nos  olhos, é hora de buscar ajuda de um oftalmologista veterinário. A catarata é uma doença sem cura e, no momento em que ocorre a perda da transparência do cristalino, a única solução é o procedimento cirúrgico. Isso porque essa lente natural dos olhos é responsável pela passagem de luz até a retina para formar as imagens. Alguns dos sinais de que o animal está perdendo a visão são mudanças na coloração dos olhos, dificuldade de andar e batidas em móveis e paredes. O coordenador de logística e pós-vendas Luciano Moreira tomou um susto ao saber do diagnóstico de Bia, yorkshire de 11 anos e 6 meses de idade. "A princípio percebi os olhos dela cinza, mas não associei a algum problema visual", lembra. "Ao procurar um especialista, descobrimos que ela estava totalmente cega de um dos olhos e enxergando apenas 15% no outro." Após a cirurgia, Bia voltou a enxergar.

O casal de empresários Israel e Thais Morais percebeu que o cãozinho Luvky, de 12 anos, da raça pequinês, começou a trombar nas coisas e a ter dificuldade para descer da cama e do sofá:
O casal  de empresários Israel e Thais Morais percebeu que o cãozinho Luvky, de 12 anos,  da raça pequinês, começou a trombar nas coisas e a ter dificuldade para descer da cama e do sofá: "Depois da cirurgia realizada este ano, ele voltou a brincar e se tornou mais ativo e feliz" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
O procedimento consiste em um processo de remoção da lente que pode ou não ser substituída por outra, devolvendo parte da visão aos pets. Contudo, somente cães saudáveis e sem inflamação ocular podem ser submetidos ao procedimento. Os testes e exames realizados servem para medir a produção da lágrima (teste de Schirmer), verificar a existência de lesões na córnea (úlceras) e mensurar a pressão intraocular (tonometria). Caso seja comprovado que a cirurgia não é indicada, o tratamento pode ser realizado de acordo com o diagnóstico do médico veterinário. A catarata, no entanto, irá permanecer. Nos animais em que o procedimento é recomendado, o pós-operatório é determinante para garantir a eficácia da cirurgia, especialmente nos cães por possuírem mais tendência a ter inflamações pós-cirúrgicas. "Percebemos que o nosso cãozinho Luvky, de 12 anos, da raça pequinês,  começou a trombar nas coisas e a ter dificuldade para descer da cama e do sofá. Depois da cirurgia realizada este ano, ele voltou a brincar e a ter agilidade nos passeios, além de se tornar mais ativo e feliz", conta o casal de empresários Israel e Thais Morais.

Apenas dois tipos de catarata podem ser evitados nos animais. A de causa genética  é prevenida ao não deixar que o pet cruze com outro que tenha a doença ou com as raças que possuem predisposição a desenvolvê-la. Entre elas, cães da raça poodle, cocker spaniel, schnauzer miniatura, golden e labrador Retriever e west highland white terrier. Já no caso da catarata diabética, é preciso realizar check-up  periódico para controle da glicemia. Apesar do procedimento cirúrgico não devolver a visão completa aos pets, apresenta uma melhora muito significativa. E mesmo nos casos em que a lente não é substituída, a evolução é perceptível. O vendedor Cristiano Murta dos Santos já resgatou Max, poodle de 9 anos, com problema de catarata. "Após a cirurgia em 2021 ele passou a enxergar e ficou mais calmo, menos ansioso e muito mais amigável". A cirurgia em si é simples e rápida: "É feita uma incisão de 2,8 milímetros, seguida de uma abertura na cápsula anterior que envolve o cristalino e, com ajuda do aparelho de facoemulsificação, a catarata vai sendo fragmentada e aspirada até sua completa remoção", diz o médico-veterinário Fábio Brito,  presidente do Colégio Brasileiro de Oftalmologia Veterinária (CBOV).

O vendedor Cristiano Murta dos Santos já resgatou Max, poodle de 9 anos, com problema de catarata:
O vendedor Cristiano Murta dos Santos já resgatou Max, poodle de 9 anos, com problema de catarata: "Após a cirurgia em 2021 ele passou a enxergar e ficou mais calmo, menos ansioso e muito mais amigável" (foto: Pádua de Carvalho/Encontro)
Depois de completamente removida,  é implantada uma lente artificial específica para os pets. Após cerca de 30 dias, o animal poderá retomar normalmente todas as suas atividades e recuperar sua qualidade de vida. "Uma das novidades para esse mercado é o recente lançamento das lentes IoVet, da ViZoo Oftalmologia Veterinária, uma lente intraocular de micro-incisão desenvolvida especificamente para pets. A única fabricada na América Latina para uso exclusivamente veterinário", explica Luiz Fernando Lucas Ferreira, mestre e PhD em cirurgia veterinária, da clínica Professor Israel. Além da perda da visão, a catarata pode causar uma inflamação crônica intraocular, glaucoma secundário (aumento da pressão do olho) e desconforto. A cegueira depende da fase em que a doença se encontra. Entretanto, existe outra enfermidade que também pode levar à opacificação da lente, mas sem perda da visão: a esclerose nuclear, doença que acomete os animais a partir dos 8 anos de idade. A dica é estar sempre atento aos sintomas e, caso necessário, recorrer a um especialista para um diagnóstico assertivo.

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