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Cana-de-açúcar tem perspectiva de produção recorde na safra 2023/24

Entre outros fatores, proposta federal de aumento de 27,5% para 30% do teor de etanol na gasolina aquecem o setor sucroenergético mineiro


postado em 06/07/2023 15:33

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participou do evento de lançamento da safra de cana-de-açúcar em Minas Gerais e anunciou que vai propor o aumento de 27,5% para 30% do teor de etanol na gasolina:
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participou do evento de lançamento da safra de cana-de-açúcar em Minas Gerais e anunciou que vai propor o aumento de 27,5% para 30% do teor de etanol na gasolina: "Essa medida vai contribuir para a segurança energética do país, resultando na redução das importações de gasolina" (foto: Edy Fernandes)
A perspectiva de produção recorde de cana-de-açúcar no estado na safra 2023/24 aqueceu o setor sucroenergético mineiro, responsável pela produção de açúcar, álcool e derivados da planta. A estimativa para este ano é de mais de 72 milhões de toneladas, volume que supera em 6% o registrado na safra passada, segundo dados da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig). "Nossa expectativa é que a safra 2023/24 seja a maior da história de Minas Gerais", disse Mário Campos, presidente da Siamig. As boas-novas foram dadas na tradicional cerimônia de Abertura da Safra Mineira de Cana de Açúcar realizada no último mês de abril, na Fazenda Santa Vitória, da usina Vale do Tijuco, da Companhia Mineira de Álcool e Açúcar (CMAA), em Uberaba, no Triângulo Mineiro. O último recorde foi na safra 2020/21, quando foram alcançadas 70,8 milhões de toneladas de cana.

Uma das maiores cadeias produtivas do agronegócio, o setor sucroenergético mineiro conta com 36 usinas em produção e 130 municípios produtores de cana-de-açúcar, gerando cerca de 167 mil empregos diretos e indiretos. No Brasil, a produção de cana-de-açúcar na safra 2023/24 deverá crescer em 4,4% em relação ao ciclo 2022/23, sendo estimada em 637,1 milhões de toneladas. Segundo o 1º Levantamento de Cana-de-Açúcar divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), entre os fatores responsáveis pelo avanço no setor estão o melhor rendimento das lavouras, o aumento de áreas de expansão e a incorporação de áreas de fornecedores que não eram utilizadas para o setor sucroenergético, o que impacta diretamente na produtividade. O clima é outro fator preponderante. Em Minas, as chuvas acima da média favoreceram o plantio, estimulando o crescimento saudável da cana.

O presidente do conselho administrativo da CMAA, José Francisco dos Santos, destacou que é importante conhecer como é a cana em Minas Gerais:
O presidente do conselho administrativo da CMAA, José Francisco dos Santos, destacou que é importante conhecer como é a cana em Minas Gerais: "O investimento em novas tecnologias nos permite adotar o conceito de economia circular em programas sócio-ambientais" (foto: Edy Fernandes)
O aumento da produção impacta diretamente na produção de açúcar no estado, que ocupa o posto de segundo maior produtor e exportador do Brasil. "É provável que consigamos chegar bem perto do recorde de produção de açúcar em Minas, cerca de 4,7/4,8 milhões de toneladas, um aumento de 3% em relação ao período anterior", afirmou Mário. Cerca de 70% da produção mineira é exportada, enquanto 30% permanece no mercado interno. Mário Campos destaca, ainda, que o açúcar está passando por um ótimo momento no mercado internacional, levando o Brasil a uma de suas maiores safras da história. "Os preços estão bem remuneratórios, em razão dos problemas de produção de nossos concorrentes."

Para o etanol, a perspectiva é de Minas voltar a produzir mais de 3 bilhões de litros, representando um aumento de 6% em relação à safra passada. O estado cobra a menor alíquota de ICMS de etanol hidratado do país e pode negociar 1,8 bilhão de litros, caracterizando alta de 18% sobre a safra anterior. A produção de etanol anidro somará 1,3 bilhão de litros. A principal vantagem do etanol (E1G) é servir de biocombustível para automóveis. Quando produzido por meio da cana-de-açúcar, ele emite 80% a menos de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera do que a gasolina comum. O presidente da Siamig comemorou o restabelecimento dos impostos federais sobre os combustíveis. Isso porque a tributação de PIS, Cofins e Cide sobre a gasolina (11,9%) é maior do que a do etanol (5,6%). "A recomposição tributária privilegia o consumo de etanol em todo o Brasil", disse.

De acordo com o presidente da CMAA, Carlos Eduardo Turchetto Santos, a produção do grupo deve aumentar 15% em relação à safra anterior:
De acordo com o presidente da CMAA, Carlos Eduardo Turchetto Santos, a produção do grupo deve aumentar 15% em relação à safra anterior: "Isso será possível com novos planejamentos de investimentos a médio e longo prazo previstos para o Triângulo Mineiro" (foto: Edy Fernandes)
As novidades foram recebidas com satisfação pelas autoridades presentes, entre elas o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, deputados estaduais e federais, diversos prefeitos e autoridades locais, além de associados da Siamig. "Sei que investir no setor significa garantir o futuro em que se respeita o conceito amplo de sustentabilidade, contribuindo para o desenvolvimento do nosso país", disse o ministro, que ainda afirmou que "fomentar a indústria sucroenergética é prioridade para o governo federal". No evento também foram lembrados os 20 anos do carro flex no mercado e ressaltada a importância do etanol que, nesse período, evitou a queima de 210 bilhões de litros de gasolina, o que corresponde a 511 milhões de toneladas de CO2 em emissões evitadas somente com o uso do hidratado. "Isso equivale à captura de carbono de uma área de 3 milhões de hectares de floresta plantada", destacou Silveira. De 2003 a 2022, 300 bilhões de litros de etanol hidratado ajudaram a garantir o abastecimento no país.

O futuro da mobilidade sustentável de baixo carbono foi pauta do evento e, segundo o ministro de Minas e Energia, passa pela valorização dos biocombustíveis e pela coordenação de políticas públicas que valorizem o patrimônio tecnológico que o país possui na produção e uso de bioenergia. "O ministério irá desenvolver ações que permitam ao Brasil ser protagonista no crescimento de uma economia verde, baseada em energias limpas, em compromisso do nosso governo de trabalhar pela reindustrialização do país", afirmou. Na ocasião, Alexandre Silveira  anunciou que vai propor o aumento de 27,5% para 30% do teor de etanol na gasolina. Segundo ele, o aumento do teor de etanol vai contribuir para a segurança energética do país, resultando na redução das importações de gasolina, assim como para a transição energética através da redução das emissões de gases do efeito estufa.

Presidente da Siamig, Mário Campos estima para esta safra a colheita de mais de 72 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume que supera em 6% o registrado na safra passada:
Presidente da Siamig, Mário Campos estima para esta safra a colheita de mais de 72 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume que supera em 6% o registrado na safra passada: "Nossa expectativa é que a safra 2023/24 seja a maior da história de Minas Gerais" (foto: Edy Fernandes)
Outro incentivo ao setor é o RenovaBio, programa do Governo Federal que pretende ampliar a utilização de biocombustíveis como etanol, biodiesel e biometano para reduzir a intensidade de carbono da matriz de combustíveis em 10% até 2030. Anfitrião da festa, o presidente do conselho administrativo da CMAA, José Francisco dos Santos, destacou que é importante conhecer como é a cana em Minas Gerais. "O investimento em novas tecnologias nos permite ter a mecanização das colheitas, sem a utilização de queimadas, com adubação orgânica e apostando sempre no conceito de economia circular e em programas socio-ambientais", disse. De acordo com o presidente da CMAA, Carlos Eduardo Turchetto Santos, a produção do grupo deve aumentar 15% em relação à safra anterior. "Isso será possível com novos planejamentos de investimentos a médio e longo prazo previstos para o Triângulo Mineiro." Uma safra repleta de boas notícias.

Nossa cana em números: raio-x do setor em Minas Gerais

  • Área plantada: 874 mil hectares

  • Posição no ranking nacional de produção: segundo lugar em açúcar; terceiro em cana; e quinto em etanol, biocombustível derivado da cana

  • Usinas canavieiras: 36

  • Municípios canavieiros: 130

  • Empregos diretos e indiretos: 167 mil

  • Energia gerada: 3 milhões de MWh de energia que atendem 1,1 milhão de pessoas

  • Produção de etanol (safra 2023/24): 3.067 bilhões de litros, aumento de 6%

  • Produção de açúcar (safra 2023/24): 4.7 milhões de toneladas, aumento de 3%

  • Produtividade (safra 2023/24):  72,5 milhões de toneladas, aumento de 6%

  • Maiores grupos em Minas: Delta, Coruripe, BP Bunge, CMAA, Usina Cerradão, Usina Uberaba e Usina Santo Ângelo

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