
"Mapear o conjunto numeroso de filmes, práticas e ideias, conhecer e reconhecer obras diversas e diferentes entre si e que, na maior parte dos casos, não viria a público de outro modo que não fosse em um festival. Trazer ao público uma multiplicidade de títulos e de cineastas que desejam existir (e ter condições de existir) para além do evento que os revela: Que cinema é esse?", provoca ela, em entrevista a Encontro, quando trouxe detalhes exclusivos da próxima edição da mostra, que acontece entre 24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2025.

A próxima edição do festival, aliás, já definiu a sua homenageada: a atriz Bruna Linzmeyer. "(Ela é) um dos principais nomes de uma geração de atores e atrizes que ascenderam no início da segunda década dos anos 2000, quando deixou a televisão aberta para fazer frente à diversificação dos produtos audiovisuais estrangeiros, experimentou uma renovação de temas e formas na sua teledramaturgia e o mercado de cinema vivia um aquecimento estimulado pelas políticas públicas e por uma razoável circulação internacional", elogia Raquel.

Em relação aos títulos que serão exibidos, Raquel sinaliza que o processo de seleção está em andamento. "Mas vamos adiantar aqui a exibição de dois longas-metragens que integram a Mostra Homenagem a Bruna, que são A Frente Fria que a Chuva Traz, de Neville d’Almeida (2016), e a pré-estreia do filme Baby, de Marcelo Caetano, o público poderá conferir a atuação da nossa homenageada", revela.
Festivais continuam vivos e relevantes

Raquel Hallak concorda. E vai além. Para ela, o fenômeno Ainda Estou Aqui é um símbolo de como os festivais de cinema continuam vivos e relevantes, mesmo na era do streaming, que transformou as formas de consumir filmes ao oferecer acesso instantâneo a uma enorme variedade de conteúdos. Mesmo nesse cenário, prossegue ela, esses eventos continuam a ser vitais para a sétima arte por várias razões: "Eles são pontos de encontro para profissionais que integram o ecossistema audiovisual e público, permitindo a troca de ideias e o fortalecimento da indústria cinematográfica; são plataformas para o lançamento de filmes, mas também são catalisadores para o sucesso comercial e artístico de obras, mesmo em um cenário dominado pelas plataformas de streaming; além disso, podem destacar filmes que talvez não recebessem a mesma atenção nos meios tradicionais, apontando tendências e inovando a cena audiovisual", afirma.
"A estreia em um festival de cinema também pode gerar um burburinho de crítica e mídia, o que aumenta a visibilidade do filme e sua demanda em salas de cinema, antes mesmo de sua chegada ao streaming. Essa visibilidade no circuito de festivais pode, assim, impulsionar o sucesso de um filme, como demonstrado por Ainda Estou Aqui, que se beneficiou de sua estreia em um ambiente de prestígio", conclui a coordenadora-geral da Mostra Tiradentes, que marca o início do ciclo anual de celebração e reflexão sobre a produção cinematográfica nacional.
"Com foco em filmes brasileiros contemporâneos, especialmente aqueles com características autorais e inovadoras, a Mostra de Tiradentes se tornou uma importante plataforma de lançamento e visibilidade para novos realizadores e para o cinema independente. É reconhecida também por promover discussão sobre tendências e ser um espaço para a troca de ideias entre cineastas, críticos, profissionais do audiovisual, acadêmicos e público", assinala Hallak, acrescentando que o evento cumpre uma função essencial na construção de um panorama contemporâneo do cinema brasileiro, refletindo temas sociais, culturais e estéticos da atualidade.
28ª Mostra de Cinema de Tiradentes
- De 24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2025
- Centro histórico de Tiradentes
- Gratuito