
Conhecido também como RTD, sigla para o termo em ‘Ready to Drink’ (pronto para beber), este mercado vem crescendo a cada dia. No Brasil, segundo a Nielsen Scantrack, empresa global de medição e dados, a categoria cresceu mais de 60% nos últimos anos. Globalmente, esse nicho deve atingir US$ 40 bilhões até 2027, de acordo com a IWSR, consultoria de análises para a indústria de bebidas alcoólicas.
Na medida em que o consumo cresce, o número de produtos ofertados também segue na mesma direção. Guilherme Drager, sócio da Equilibrista, uma das pioneiras no mercado mineiro, lembra que em 2015, apenas dez anos atrás, os drinques em lata eram raridade nas prateleiras dos supermercados. “Praticamente não existiam e, os que tinham, eram feitos pela grande indústria.”

O lançamento do Gingibre em barril, em 2018, e posteriormente em lata, em 2020, foi a segunda grande aposta da marca e se tornou um marco nesse mercado. A bebida, feita à base de gin e gengibre, rapidamente se espalhou por bares, eventos e supermercados de Belo Horizonte. “O Gingibre ajudou a ressignificar o conceito de drinques prontos em lata na cabeça do público”, explica Drager.

Para Guilherme Drager, o sucesso se deve a diversos fatores, incluindo a praticidade e a padronização do sabor oferecidas pelo formato. “Além disso, essas bebidas costumam ter menos calorias que a cerveja, dá menos vontade de ir ao banheiro e têm um teor alcoólico um pouco mais alto”, diz. A facilidade de transporte e armazenamento das latas, com menor peso e risco de quebra, também contribui para um preço mais acessível ao consumidor final.
O crescimento é notável. “O Carnaval de 2025 conseguiu superar muito as expectativas e, mesmo produzindo além do programado, os estoques das principais distribuidoras foram zerados antes do fim da folia”, afirma. “Todos ficamos muito surpresos com o resultado e já planejamos um crescimento de pelo menos 600% para o Carnaval do ano que vem.”
Outro nome forte no ramo, a Stone Light confirma o cenário de expansão, tendo registrado um faturamento superior a R$ 1 milhão no Carnaval deste ano. Para Ramon Santos, fundador da marca, a melhoria da qualidade dos produtos quebrou um antigo preconceito em relação ao sabor e contribuiu para o crescimento do setor. “Todas as marcas de RTD cresceram. Acredito que isso se deve também à praticidade. As pessoas querem consumir de forma mais simples e rápida”, acredita.

A escolha da Stone Light por adaptar drinks clássicos como Pink Lemonade, Tropical Gin, Mojito e Whisky Sour para o formato em lata se alinha com a preferência do consumidor. “Percebemos que, na hora de experimentar um produto novo, muitas pessoas se sentem mais confortáveis escolhendo algo familiar”, explica Ramon. O desafio, segundo ele, é preservar o frescor, o equilíbrio e a complexidade dos sabores, mesmo depois de passar pelo processo de envase e armazenamento.

Para o futuro, Ramon Santos aponta três tendências: a busca por ingredientes mais naturais, opções com menos açúcar e o crescimento de sabores inusitados. “O maior desafio será equilibrar essas exigências com os custos crescentes de produção, especialmente em um cenário econômico instável”, reflete. No entanto, a inovação constante certamente seguirá permeando o setor, com novos sabores e ativações criativas já em preparo.
Outro movimento que vem ganhando força é a desmistificação da boa e velha cachaça. Ingrediente principal de algumas das marcas de RTD, como a Xá de Cana e o Jambrunão, a marvada vem se popularizando em meio a uma nova geração de consumidores que está descobrindo a bebida. E que aposta também em drinques com menor teor alcoólico, já que as marcas têm optado pela redução de álcool nessas mixologias. Tem dado certo.


Não é tudo igual!
Muitas versões das bebidas em lata têm altos níveis de açúcar, corantes artificiais, aromas sintéticos e pouquíssima fruta ou álcool de qualidade.
Saiba escolher!
- Observe se, no rótulo, consta cachaça, gin ou rum de verdade ou “bebida alcoólica mista”?
- Há fruta natural ou apenas aroma artificial?
- É colorido demais? Desconfie da alta presença de corantes artificiais
- Atenção: Drinques com muito açúcar podem mascarar o teor alcoólico alto
- Lista de ingredientes: quanto mais curta e compreensível, melhor