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Estado de Minas ESTUDO

Proteína presente em árvore ajuda contra o câncer

O composto foi descoberto na orelha-de-macaco ou tamboril


postado em 23/10/2018 13:26 / atualizado em 23/10/2018 12:19

Pesquisadora brasileira descobriu que uma proteína presenta na orelha-de-macaco pode ajudar a combater doenças graves, incluindo câncer de mama(foto: Geoatelier.blogspot.com/Reprodução)
Pesquisadora brasileira descobriu que uma proteína presenta na orelha-de-macaco pode ajudar a combater doenças graves, incluindo câncer de mama (foto: Geoatelier.blogspot.com/Reprodução)

Um dos tumores mais agressivos, o câncer de mama triplo-negativo ainda não conta com um tratamento específico e um agente que consiga combatê-lo. Mas, agora, uma proteína extraída de sementes de árvores da espécie Enterolobium contortisiliquum – conhecida popularmente como tamboril ou orelha-de-macaco – pode ser a esperança para o tratamento dessa doença, no futuro.

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) constataram que a proteína é capaz de inibir a migração e a metástase desse tumor e de outros tipos de câncer, como o gástrico e o de pele (melanoma).

Os resultados do estudo liderado por Maria Luiza Vilela Oliva, professora da Unifesp, foram apresentados durante o evento Fapesp Week Belgium, em Bruxelas, na Bélgica, no início de outubro. "Constatamos que a proteína inibe a invasão, a proliferação e a metástase de tumor de mama triplo-negativo em testes in vitro [em células] e, no caso do melanoma, tanto em modelo in vitro como in vivo [em animais]", informa a cientista em entrevista à Agência Fapesp.

A proteína é denominada enterolobium contortisiloquum inibidor de tripsina (EcTI, na sigla em inglês), e foi isolada por Oliva no final da década de 1980. A partir disso, a pesquisadora começou a tentar isolar de sementes de leguminosas da flora brasileira outras moléculas inibidoras de proteases (enzimas capazes de quebrar as ligações peptídicas de outras proteínas).

Essas enzimas estão envolvidas em diversos processos biológicos, como inflamação, hemostasia (prevenção e interrupção de sangramentos e hemorragias), trombose e desenvolvimento tumoral, além de outros processos que envolvem microrganismos patológicos, explica a professora da Unifesp.

"Temos estudado os efeitos fisiopatológicos dessas proteínas isoladas de leguminosas em alguns tipos de câncer na tentativa de descobrir novos agentes que possam, se não curar, ao menos ajudar a entender a patologia dessas doenças", comenta a pesquisadora.

As análises dessas moléculas em diferentes modelos fisiopatológicos, como de inflamação, trombose e tumor, tanto in vivo como in vitro, indicaram que, além de antitumoral, elas apresentam propriedades anti-inflamatória, antimicrobiana e antitrombótica.

"O tumor, a inflamação e a trombose são patologias que estão de certa forma interligadas, porque às vezes o paciente com câncer pode morrer não por causa da doença, em si, mas em decorrência de um quimioterápico que pode levar ao desenvolvimento de uma trombose", afirma Maria Luiza Oliva.

(com Agência Fapesp)

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