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Estado de Minas BEM-ESTAR

Cirurgia para reparar dor nas costas pode causar uma síndrome

Muitos pacientes acabam tendo a síndrome do insucesso da cirurgia espinhal


postado em 08/01/2019 09:30 / atualizado em 08/01/2019 09:50

(foto: Pexels)
(foto: Pexels)

Episódios de dor lombar são muito comuns e costumam afetar 84% das pessoas em algum momento da vida, segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS). Esse problema só não ganha da dor de cabeça, que é a primeira no "ranking" mundial da dor. Com o envelhecimento da população, a tendência é que mais pessoas desenvolvam patologias na coluna, como por exemplo, hérnia de disco.

Alguns pacientes acabam tendo de fazer cirurgia e, com isso, ficam vulneráveis a uma condição chamada de síndrome do insucesso da cirurgia espinhal ou síndrome da coluna pós-cirúrgica, também conhecida como FBSS (sigla em inglês para Failed Back Surgery Syndrome).

Segundo o neurocirurgião Iuri Weinmann, a síndrome de insucesso da cirurgia espinhal é um termo usado para descrever uma condição clínica, que acontece quando o resultado da cirurgia da coluna não satisfaz as expectativas pré-cirúrgicas do paciente ou do médico. "É descrita também como um estágio final após uma ou várias cirurgias indicadas para alívio da dor lombar e/ou radicular, sem alcançar o objetivo, ou seja, o controle da dor", comenta o especialista. Ele aponta que de 10% a 40% dos pacientes sejam vítima dessa condição.

O neurocirurgião afirma que vários fatores podem contribuir para a síndrome da coluna pós-cirúrgica, sendo classificados como pré-operatórios, operatórios e pós-operatórios. "Entre os fatores pré-operatórios mais importantes estão as condições psicológicas do paciente, como histórico de depressão, ansiedade e hipocondria. Fatores socioeconômicos, como nível de renda e emprego também interferem", diz Iuri Weinmann.

O tipo de técnica a ser usada, planejamento cirúrgico inadequado e níveis inadequados de descompressão também são aspectos relevantes. Porém, os fatores psicológicos são os mais significativos e requerem atenção rigorosa na avaliação pré-operatória. Já os fatores operatórios incluem escolha de uma técnica deficiente, sendo a causa mais frequente em atingir a meta de descompressão.

"Mas, mesmo uma descompressão criteriosa, pode resultar na síndrome. Outro ponto é que quanto maior o número de cirurgias, maior o risco. No pós-operatório, o risco mais relevante é a recorrência da hérnia de disco, que pode voltar em cerca de 6% a 23% dos pacientes depois da cirurgia", afirma o médico.

Iuri explica que existem outras intervenções que podem ser feitas para melhorar a dor crônica, como dispositivos implantáveis que funcionam como estímulos elétricos e bombas também implantáveis que liberam medicamentos para alívio do sintoma.

"Quando falamos em cirurgia de coluna é preciso lembrar que a indicação é na menor parte dos casos. Além disso, o médico precisa ser criterioso na avaliação do paciente, não somente nos quesitos que envolvem os riscos operatórios, como também se o perfil psicológico do paciente pode aumentar a probabilidade maior de complicações que possam evoluir para a síndrome da coluna pós-operatória", alerta o especialista.

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