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Estado de Minas SAÚDE

Sintomas de dengue, gripe e outras viroses têm confundido população

Incidência tardia da dengue e prevalência do tipo 2 são possíveis motivos para diversidade de sintomas


postado em 03/05/2019 16:54

O último relatório da secretaria municipal de saúde registrou 6.280 casos confirmados na capital, além de 18.894 casos pendentes de resultados.(foto: Pixabay)
O último relatório da secretaria municipal de saúde registrou 6.280 casos confirmados na capital, além de 18.894 casos pendentes de resultados. (foto: Pixabay)
A população de BH está novamente alarmada com os casos de dengue este ano. Apesar da demora para a circulação do vírus, que normalmente já está em pleno vapor no início do ano e, em 2019, se tornou mais ampla apenas há dois meses, o último relatório da secretaria municipal de saúde registrou 6.280 casos confirmados na capital, além de 18.894 casos pendentes de resultados. 

Entre as pessoas que suspeitam estar com a doença, os sintomas clássicos, como febre alta, forte dor de cabeça, dor atrás dos olhos, manchas na pele, dor no corpo, prostração, têm se somado a outros, como coriza, dor de garganta, incômodos gastrointestinais. Isso tem levado a uma ideia de que a dengue veio, este ano, com sintomas menos específicos. 

Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, a dengue não costuma causar sintomas respiratórios fortes. "Pode causar discreta secreção no nariz, uma tosse leve e seca, mínima dor de garganta, sem produzir catarro grosso", explica. "Esses sintomas são descritos, mas não são os mais proeminentes e não são comuns" completa. Ele afirma que se as pessoas não têm outros sintomas mais típicos, um quadro de dengue pode ser confundido com gripe ou resfriado. 

Outro fator que tem gerado essa impressão é justamente a incidência tardia do vírus da dengue, que está em plena circulação numa época em que normalmente os casos já costumam estar na curva descendente  e crescem outras doenças, como as respiratórias. 
"Com a circulação do vírus da dengue e outros na mesma época, a pessoa pode ter um resfriado e a dengue ao mesmo tempo", diz o infectologista Alexandre Moura, professor da Faculdade de Medicina da Unifenas e diretor da Sociedade Mineira de Infectologia. De acordo com Moura, o que se tem visto de manifestações diferentes na dengue este ano são mais plaquetas baixas e mais inflamação hepática. No geral, ele diz que a doença tem aparecido em sua forma clássica, o que leva a essa hipótese de que as pessoas têm tido resfriados ou gripe e dengue juntas. 

Os especialistas têm também visto mais casos da dengue grave, que acontece quando o paciente tem a doença pela segunda ou terceira vezes. Isso porque o tipo 2 da doença, cujo vírus não circulava desde 2010, está prevalente este ano, então muitas pessoas que já tiveram dengue pelos tipos 1 ou 3 podem contraí-la novamente. 

Nesse quadro de reexposição, os sintomas são mais graves, associados à diminuição do plasma no sangue, ou seja, à diminuição de líquido corporal. A pessoa sente sensação de desmaio, dor forte na barriga e vômito. "Não chamamos mais esse quadro de dengue hemorrágica, pois outros sintomas são muito mais frequentes e a pessoa pode passar mal e até morrer sem ter tido o tempo de sofrer a hemorragia", explica Moura. Sua orientação, portanto, é procurar ajuda médica urgente caso o paciente tenha algum desses sintomas. 

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