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Estado de Minas ESPECIAL NOVO CORONAVÍRUS

Crianças de 5 anos ou menos não devem ser obrigadas a usar máscara

Nova recomendação da OMS orienta o uso a partir dos 6 anos em certos casos e com a mesma indicação de adultos após os 12


postado em 26/08/2020 23:33 / atualizado em 27/08/2020 23:09

Uso de máscaras em crianças ainda gera muitas dúvidas em pais e responsáveis(foto: Freepik)
Uso de máscaras em crianças ainda gera muitas dúvidas em pais e responsáveis (foto: Freepik)
A Organização Mundial da Saúde, juntamente com a Unicef, divulgou novas orientações para uso de máscaras no caso de crianças e adolescentes. A principal mudança é relativa a crianças de 5 anos ou menos, para quem, segundo o documento mais recente - lançado em 21 de agosto - não é mais recomendada a obrigatoriedade do o uso do acessório.

Antes da nova recomendação, indicava-se o uso de máscara a partir de 2 anos (se o desenvolvimento neuropsicomotor da criança permitisse) em creches e escolas ou em qualquer lugar em que a criança não conseguisse praticar o distanciamento social de aproximadamente 2 metros. Vale lembrar que, apesar do novo documento da OMS, essa ainda é a recomendação oficial da Sociedade Brasileira de Pediatria, diante do ritmo de contágio que segue alto no Brasil.

No novo texto, especialistas explicam que considerando o que se sabe até agora sobre a transmissibilidade do novo coronavírus pelas crianças e sobre o uso de máscaras entre elas, não há evidências de que o acessório seja mais vantajoso do que prejudicial nesta idade, especialmente se o uso for feito sem supervisão de um adulto.

De acordo com o documento, a recomendação se baseia no desenvolvimento do ser humano até esta idade, em termos de destreza e capacidade motora necessários para o uso; também considera o fato de que a utilização do acessório depende de o indivíduo aceitar colocá-lo e mantê-lo (e da forma correta) e exige autonomia que não é possível se esperar de crianças da faixa etária sem acompanhamento de um responsável.

"As queixas mais frequentes das crianças giram em torno do desconforto: calor, irritação, sensação de dificuldade para respirar, distração", explica a pediatra Brenda Godoi. Outro fator importante, segundo a médica, é o potencial impacto no desenvolvimento psicossocial. "A máscara dificulta a comunicação da criança, num período em que ela ainda está se desenvolvendo", diz. Contudo, Godoi explica que essas queixas podem ser contornadas ou amenizadas pela presença de um adulto que oriente a criança, caso seja necessário utilizá-la.

Segundo a pediatra, uma dúvida comum dos pais, que diz respeito ao impacto do uso de máscara nas crianças durante atividade física, ainda não foi elucidada cientificamente. "O que temos são extrapolações de estudos com adultos", afirma.

O documento da OMS e Unicef explica que, até os cinco, deve-se priorizar outras medidas, como o distanciamento social e higiene constante e correta das mãos - além da limitação do número de alunos nas salas de aula. No entanto, cabe aos responsáveis avaliar outros fatores que podem determinar a necessidade do uso da máscara pontualmente, como a presença de pessoas vulneráveis à Covid-19 no ambiente. Nesse caso, a supervisão de um adulto é primordial.

Já entre os 6 e os 11 anos, a OMS recomenda uma análise de risco para a tomada de decisão sobre o uso. Entre os elementos a serem pesados está a intensidade de transmissão no local onde a criança se encontra, a capacidade individual da criança de usar adequadamente o acessório e disponibilidade de um adulto para supervisioná-la, presença de idosos ou pessoas com comorbidades no ambiente, a ventilação do local em que a criança se encontra,  a possibilidade de distanciamento social. "Belo Horizonte, hoje, encontra-se em cenário razoável, mas a guerra ainda não acabou", explica a pediatra. "Por isso, a tendência é para o uso, sempre com segurança e supervisionado por adulto", completa.  Acima dos 12, as recomendações são as mesmas do uso entre adultos.

A avaliação em conjunto com profissionais de saúde também é importante. O documento ressalta que crianças com problemas de saúde subjacentes, imunocomprometidas, devem usar máscara em consulta médica. "Para as crianças com alguma dificuldade no desenvolvimento que possa interferir no uso da máscara, uma análise caso-a-caso deve ser feita pelos profissionais de saúde e educação envolvidos nos cuidados com a criança", afirma Godoi. 

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