Estado de Minas SAúDE

Uso de vapes entre adolescentes é cinco vezes maior que o de cigarro comum

Levantamento nacional revela que jovens iniciam cedo e mantêm o uso regular do cigarro eletrônico, mesmo com proibição e percepção de risco


postado em 17/06/2025 10:05 / atualizado em 17/06/2025 10:11

Dispositivo de cigarro eletrônico (vape); uso entre adolescentes brasileiros supera o consumo do cigarro convencional, segundo pesquisa nacional.(foto: Pixabay)
Dispositivo de cigarro eletrônico (vape); uso entre adolescentes brasileiros supera o consumo do cigarro convencional, segundo pesquisa nacional. (foto: Pixabay)
A prevalência do uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes no Brasil é cinco vezes superior à do cigarro tradicional. Os dados fazem parte da terceira edição do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III), conduzido pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o instituto Ipsos e com financiamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública. 

Segundo o levantamento, 5,6% da população com 14 anos ou mais consome cigarros eletrônicos no país — 3,7% de forma exclusiva e 1,9% associando o dispositivo ao cigarro convencional. Entre os adolescentes de 14 a 17 anos, esse percentual sobe para 8,7%. Já entre os adultos, a prevalência é de 5,4%.

A pesquisa foi realizada em 2023 e ouviu 16.608 pessoas com 14 anos ou mais em 349 municípios das cinco regiões do país. A estimativa é de que 26,8 milhões de brasileiros usem algum produto com nicotina, o equivalente a 15,5% da população. O uso do cigarro convencional, por sua vez, atinge 11,8% dos entrevistados — uma queda em relação aos 19,3% registrados em 2006. Entre adolescentes, apenas 1,7% relataram fumar o modelo tradicional.

O estudo aponta que, entre os jovens que experimentaram cigarros eletrônicos, 76,3% passaram a utilizá-los regularmente. Além disso, os dispositivos não se mostraram eficazes na cessação do cigarro convencional. Entre os usuários que consomem os dois produtos, 78% não reduziram o uso do cigarro à combustão, e apenas 8,9% abandonaram esse tipo de produto.

Apesar da proibição, o acesso aos cigarros eletrônicos foi considerado fácil por 78,4% dos adultos e por 71,6% dos adolescentes. Entre os usuários, esses percentuais sobem para 86,7% e 80,7%, respectivamente. A percepção de que o produto é nocivo é elevada: 94,7% dos entrevistados reconhecem os riscos à saúde.

O cigarro convencional ainda é mais presente entre homens (13,9%), pessoas com menor escolaridade (16,5% entre analfabetos) e com renda de até um salário mínimo (13,2%). O estudo também aponta diferenças entre as regiões do país: Sul e Centro-Oeste concentram as maiores proporções de fumantes — 14,7% e 14,1% no modelo tradicional, e 7,7% e 9,7% no eletrônico, respectivamente. Essas regiões também apresentam altos índices de ex-fumantes.

Entre os fumantes atuais, 57% afirmaram estar motivados a abandonar o hábito, mas apenas 4,1% buscaram ajuda profissional no último ano. O levantamento ainda indica que 26,1% começaram a fumar antes dos 14 anos e que 35,9% consomem 20 ou mais cigarros por dia.

A exposição passiva também aparece no estudo: 16,5% dos adolescentes convivem com fumantes em casa e 48,1% dos usuários disseram fumar dentro da própria residência. Além disso, o acesso de adolescentes ao cigarro convencional aumentou de 62%, em 2012, para 78,4%, em 2023.

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