
Para o infectologista Estevão Urbano, membro do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura de BH, a perspectiva a curto prazo é de melhora. Ele afirma que a ômicron está se enfraquecendo e, por isso, é normal que os indicadores melhorem. "Agora a maior parte das pessoas está vacinada, adoecida ou curada. Então, na minha opinião, a ômicron começa a frear a sua expansão. Ela tem essa característica: se dissemina muito rápido, mas também dura menos do que outras variantes", diz o infectologista.
A ocupação das enfermarias esteve em nível acima de 70% pela última vez no dia 4 de fevereiro. No dia 9 do mesmo mês, o índice RT, que mede o número médio de transmissão por infectado, começou a apresentar melhoras. Desde então esses dois indicadores têm despencado dia a dia. Já as UTIs têm demorado um pouco mais para apresentar alívio. As Unidades da cidade estavam com nível de ocupação em alerta máximo desde o dia 12 de janeiro. Só na última semana foi que o quadro se aliviou.
"Está sendo observado em BH a redução do RT, dos novos casos e das internações, embora estejamos com um número maior de óbitos, que ainda vai demorar um pouco pra cair porque as pessoas com muitas comorbidades ou não vacinadas adoecem gravemente", explica Estevão Urbano. O infectologista detalha que os números de mortes ainda vão demorar a diminuir, mas não é porque está ocorrendo um grande volume de novos casos.
Apesar do agravamento da pandemia, o especialista defende que a situação poderia ter sido pior, caso a ômicron tivesse encontrado um número menor de pessoas vacinadas. "Apesar da gente ter mais de mil mortes no país por dia, nos últimos dias isso poderia ter chegado a quatro ou cinco mil mortos por dia, tranquilamente, se a ômicron tivesse chegado na população sem vacina. Então, não é que a ômicron seja tranquila, ela simplesmente encontrou as pessoas mais protegidas".
Estevão Urbano afirma que agora há algumas situações que precisam ser observadas: a volta às aulas, a possibilidade de que novas variantes surjam e as movimentações de carnaval. Por isso, apesar de já ter sido falado por diversas vezes, as recomendações à população se mantêm as mesmas. "A população deve continuar se vacinando, deve continuar evitando aglomerações, usar máscaras e lavar as mãos. Isso tudo para que não tenhamos um aumento das internações e um repique da mortalidade", pontuou o médico.