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Estado de Minas PERIGO OCULTO

Psicóloga fala sobre os riscos à saúde mental que surgem com o final do ano

A especialista alerta que os últimos dias do ano podem trazer complexidade emocional para muitas pessoas. Entenda


postado em 30/11/2023 13:55 / atualizado em 30/11/2023 13:57

(foto: Freepik)
(foto: Freepik)
As festas de fim de ano podem gerar estresse e ansiedade para algumas pessoas. A pressão social, a necessidade de socialização e as expectativas criam um terreno fértil para gatilhos emocionais. Muitas vezes as pessoas sentem isso na pele, mas não conseguem se libertar. De acordo com índices do Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), 31,6% dos entrevistados já receberam diagnóstico médico de ansiedade e 14,1%, de depressão. O levantamento ouviu 9 mil pessoas, de todas as regiões do Brasil. E se esses resultados, por um lado são assustadores, por outro, podem significar efeitos de estilos de vida, de decisões e de que gatilhos dos quais, de novo, as pessoas não conseguem se libertar.

Afinal, o que buscar nestes marcos temporais: felicidade ou paz? Você percebe a diferença? A felicidade é algo que depende de muitas conjunções externas e tem uma vulnerabilidade latente. A paz é uma outra perspectiva que além de perenidade, independe de fatores externos.

Enquanto o Ano Novo simboliza renovação e esperança, para alguns é um momento de tristeza e frustração. Sentimentos de insucesso em relação aos objetivos anteriormente fixados e à ansiedade sobre o futuro podem ser desencadeadores emocionais significativos.

Também é fator de atenção neste período as redes sociais, que podem ser fontes de gatilhos emocionais poderosos. Há um tempo sabemos que a "vida perfeita" exposta em redes sociais pode impactar a saúde mental. Essa tendência de compartilhar apenas momentos positivos pode levar a comparações prejudiciais, impactando a autoestima e a autoimagem. Nas redes, as pessoas estão sempre felizes e pregam a felicidade como um estilo de vida. Os problemas podem surgir com a busca incessante por essa felicidade, o que gera efeitos colaterais em quem consome diariamente a "vida perfeita" de outros.

Como podemos esperar que o “próximo ano mude”, seja mais próspero e significativo, se repetimos os mesmos padrões de comportamento, a mesma visão de mundo...  Então já que os feriados estão aí, seria uma bela e autêntica celebração, nos desnudarmos de muitas coisas que pensamos sobre nós mesmos e a vida.

E há tendência de imaginar que com a proximidade do período de fim de ano, o ciclo se encerre e tudo se transforme. Mas e como fica isso no Brasil, que conquistou a triste marca de país mais ansioso do mundo? Conversamos com a psicóloga sistêmica Joelma Silva, criadora do Projeto Florescer, que revela que "para lidar com esses gatilhos, é essencial repensar expectativas e permitir-se sentir uma gama completa de emoções, incluindo tristeza e frustração. Caso sintomas de depressão ou ansiedade persistam, buscar ajuda profissional é crucial".

Joelma comenta que uma primeira reflexão deveria ser sobre o fato de que é antinatural marcar que o ano termina: “A ano não termina, nem começa. Não existe isso na natureza! É uma construção social. Qual o fluxo que está acontecendo agora? Temos que nos preparar para estarmos inteiros o ano todo e não cair nessa armadilha”.

Trabalho

E o quadro que desenhamos até aqui não é exclusivo de pessoas em seus momentos de lazer ou de não-trabalho. O desenvolvimento de transtornos de ansiedade é um dos grandes problemas na área da saúde, na atualidade, e o trabalho tem grande participação nisso. O excesso de horas trabalhadas, cobranças abusivas e a tecnologia que deixa as pessoas conectadas o tempo todo são alguns dos exemplos de situações que podem desencadear a ansiedade.

Para lidar com tudo isso de forma saudável, é fundamental conhecer um pouco mais a sua arquitetura interior, como se organizam emoções, pensamentos, corpo espiritualidade pois a partir disso tudo, fica mais orgânico e fluido, desde a definição de objetivos até mesmo lidar com frustrações que quase sempre são aspectos Mestres que fogem do suposto controle que pensamos ter e podem nos ensinar muitas coisas. E algo muito precioso é descobrir como viver no presente, pois esta qualidade é um recurso ‘milagroso’ para viver em harmonia. E é claro, há premissas importantes, como evitar comparações com os outros, aprender a lidar com os recursos do corpo e emoção para garantir uma boa saúde mental. Na minha prática profissional de mais de 20 anos, tenho visto que isto é mais uma aprendizagem do que uma busca de cura. Se você tem um jato supersônico, mas só conhece a canoa como meio de transporte, pode se sentir muito frustrado ao ver asas ao seu redor. Grande parte da frustração humana é resultado de pouco autoconhecimento.

Vivências

No contexto das vivências promovidas pelo Projeto Florescer, Joelma reconhece a influência do condicionamento coletivo e das crenças transparentes como elementos fundamentais a serem explorados para o desenvolvimento humano. Ao proporcionar treinamentos para equipes corporativas, incluindo empresas renomadas como Google (LATAM), Embraer e Cemig, Joelma aborda diretamente a dinâmica do condicionamento coletivo, que muitas vezes molda as percepções individuais.

Ao reunir indivíduos em busca de equilíbrio e desenvolvimento, as vivências do Projeto Florescer oferecem uma oportunidade única de não apenas abordar desafios individuais, mas também de enfrentar coletivamente os padrões prejudiciais que permeiam a sociedade. Joelma destaca que, nesse ambiente, é interessante descobrir recursos preciosos que temos a dispor no corpo, desenvolver habilidades para construir relacionamentos conscientes e autênticos e um fluir harmonioso são potencializados, proporcionando uma jornada mais eficaz em direção ao equilíbrio e bem-estar. A busca e realização de um propósito se tornaram um discurso recorrente. Qual o propósito de todas as expressões de vida? Elas fluem em excelência, sem nenhum propósito. Não há problema algum qualquer um ter um propósito, mas pode se tornar um problema, se você define um e vive escravizado a ele, se esquecendo da fluidez e impermanência da vida.

Nas vivências do Florescer, o olhar com carinho para si mesmo é um convite constante e a qualificação deste olhar, te permite se dar conta dos condicionamentos coletivos, que assim, podem ser cuidadosamente desconstruídos e as crenças transparentes, muitas vezes arraigadas no inconsciente, são exploradas durante as vivências para revelar as percepções automáticas que guiam as ações das pessoas.

Identificar e ver a falta de materialidade e fragilidade dessas crenças é crucial para promover mudanças qualitativas na experiência humana, permitindo que os participantes reconstruam uma base mais saudável e alinhada com seus objetivos pessoais e profissionais e acima de tudo a própria natureza.

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