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Estado de Minas VEÍCULOS | TECNOLOGIA

Empresas prometem carros voadores até 2020

Tema de ficção científica há muitos anos, pode ser que, já no ano que vem, eles comecem a ocupar o espaço aéreo


postado em 24/05/2017 14:36 / atualizado em 24/05/2017 14:42

(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)
Os carros voadores estão finalmente deixando o reino da ficção. Os primeiros protótipos começam a sair do papel, ou melhor, dos computadores. Nas últimas semanas, esse tema surgiu várias vezes entre as notícias sobre mobilidade urbana e há pelo menos uma dezena de projetos em vias de se tornarem realidade. A mais recente divulgação vem da Alemanha. Uma startup da Bavária, região Sul daquele país, apresentou o seu táxi voador de cinco lugares após bem-sucedidos testes de voos com uma versão menor de jato elétrico. A Lilium, com sede em Munique, apoiada por investidores como o cofundador do Skype, Niklas Zennstrom, informou que o planejado jato de cinco lugares, que faz decolagens e aterrissagens verticais, poderá ser utilizado como táxi urbano e prestar serviços de mobilidade compartilhada. Nos testes de voos, um protótipo de dois lugares realizou manobras que incluíram a transição no ar do modo hover - ficar suspenso no ar, como um drone - para o voo de asa, como uma aeronave convencional, informou a Lilium.

A empresa nem bem nasceu, mas já tem concorrentes poderosos, como a bem maior Airbus, fabricante de aviões comerciais e helicópteros, que já anunciou planos de testar, no final do ano, o seu protótipo de carro voador de pilotagem autônoma, com um lugar. Outra empresa que já está adiantada com seu projeto de carro voador é a Aeromobil, da Eslováquia. No salão do automóvel de Mônaco, há duas semanas, informou que já está aceitando pedidos antecipados para o seu carro híbrido, que pode ser utilizado nas ruas e estradas, além de voar. O início da produção deverá ocorrer em 2020.

Mas ainda há um tortuoso caminho a ser enfrentado pelos fabricantes de carros voadores. É preciso convencer os reguladores, legisladores e o público que seus produtos são seguros. Os governos ainda estão destrinchando o emaranhado de regras e regulamentos para os drones e carros autônomos. A Lilium informou que o seu jato, com autonomia de 300 km e velocidade cruzeiro de 300 km/h, é a única aeronave elétrica capaz de realizar pousos e decolagens verticais, bem como voar a jato. "Nós resolvemos um dos mais difíceis desafios de engenharia da aviação para chegarmos a esse ponto", disse Daniel Wiegand, cofundador e CEO da Lilium.

O híbrido da Aeromobil, da Eslováquia, que pode ser usado nos ares e em ruas e estradas: companhia está aceitando pedidos para o carro, que deverá ser produzido a partir de 2020(foto: Divulgação)
O híbrido da Aeromobil, da Eslováquia, que pode ser usado nos ares e em ruas e estradas: companhia está aceitando pedidos para o carro, que deverá ser produzido a partir de 2020 (foto: Divulgação)
O jato, que tem consumo de energia por quilômetro semelhante ao de um carro elétrico, poderia oferecer voos para passageiros a preços comparáveis a um táxi normal, mas com velocidade cinco vezes maiores. A Lilium, fundada em 2014 por quatro graduados da Universidade Técnica de Munique, é um corpo estranho no cenário alemão de startups, dominado por firmas de e-commerce autofinanciadas, quase todas sediadas em Berlim, e empresas de engenharia espalhadas pelo país. A Lilium levantou 10,6 milhões de euros em 2016 da empresa de risco Zennstrom-led Atomico Partners e da e42, braço de investimentos do empresário Frank Thelen, um jurado do reality show Lion’s Den, de investimentos da TV alemã.

Outros rivais potenciais incluem a eVolo, grupo com fundo público com sede em Manheim (Alemanha), que espera receber a aprovação regulatória para seu "multicóptero" de dois lugares com 18 rotores para ser utilizado como táxis voadores em projetos pilotos em 2018. A Terrafugia, com sede perto de Boston, nos Estados Unidos, e fundada uma década atrás por graduados do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), quer construir um carro voador para venda em larga escala, enquanto a empresa Joby Aviation, dos Estados Unidos e Israel, informou que trabalha em um drone de quatro lugares.

Para apimentar ainda mais esses projetos, Google, Tesla, Uber e Amazon já levantaram suas cabeças para dizer que estão interessadas na nova tecnologia. Além das questões tecnológicas, de controle de tráfego, e de licenças que ainda precisam ser definidas e regulamentadas, um aspecto desconhecido é como os consumidores enxergam e aceitam o conceito de carros voadores e quais são os parâmetros desejáveis para essa nova solução de mobilidade. Com isso em mente, o Instituto de Pesquisa de Transportes da Universidade de Michigan (UMTRI) conduziu uma pesquisa para entender quais são as expectativas dos americanos com relação a carros voadores. Entre os itens examinados estão os benefícios que a solução pode oferecer, as principais dúvidas e preocupações, a fonte de energia preferida, a autonomia mínima esperada, quantidade de treinamento exigido, requisitos para decolagem e aterrissagem, capacidade de assentos, nível de preço e interesse na condução e uso desse tipo de veículo.

Uma perspectiva de como seria o espaço para estacionamento do jato de cinco lugares da empresa alemã Lilium:
Uma perspectiva de como seria o espaço para estacionamento do jato de cinco lugares da empresa alemã Lilium: "táxi voador" faria decolagens e aterrissagens verticais (foto: Divulgação)
Os dados coletados consistem em pesquisa on-line feita com 508 adultos. Os relatórios apresentam resumos detalhados por gênero e idade, que serão usados para orientar as decisões de projetistas e reguladores da geração inicial dos carros voadores. A conclusão geral é de que, apesar de a questão segurança aparecer como principal obstáculo e preocupação, a maioria dos entrevistados é favorável aos carros voadores. Dois terços dos participantes da pesquisa dizem que gostariam de usar ou pilotar seu próprio veículo aéreo. "Uma grande dúvida é quais são os parâmetros desejáveis para uma abordagem tão inovadora da mobilidade", comentou Michael Sivak, professor de pesquisa da UMTRI.

Em seu estudo, Sivak e seu colaborador da UMTRI, Brandon Schoettle, descobriram que mais de 60% dos entrevistados estão "muito preocupados" com a segurança geral dos carros voadores e com seu desempenho no espaço aéreo quando estiver congestionado ou com mau tempo. Cerca de três quartos dos entrevistados mencionaram a redução no tempo de viagem como a principal razão, enquanto menos de 10% disseram que menor número de acidentes, maior economia de combustível ou emissões mais baixas eram os benefícios mais prováveis de carros voadores. Quase 80% dos entrevistados apontam a necessidade de carros voadores terem paraquedas. A eletricidade é a fonte de energia escolhida por cerca de 60% deles e mais de 80% preferem um carro com a decolagem e a aterrissagem como a dos helicópteros. Quase 25% disseram que pagariam entre 100 mil e 200 mil  dólares por um carro voador.

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